terça-feira, 27 de agosto de 2013

Manaus sediará encontro de economistas

Marcus Eduardo de Oliveira

Economistas, ecologistas, ambientalistas, pensadores sociais e todos os demais profissionais e estudantes interessados em discutir propostas para a viabilização de uma economia verde, pautada no desenvolvimento sustentável, com ampla qualidade de vida a todos, a partir da consolidação do equilíbrio ecológico, sintam-se, desde já, convidados a comparecer à cidade de Manaus.
“Coração do Estado do Amazonas”, Manaus é também o principal centro econômico da região Norte do Brasil. É uma cidade histórica e portuária, localizada no centro da maior floresta tropical do mundo, o que faz do município o décimo maior destino de turistas no Brasil. 
Pois bem. Nessa belíssima localidade terá lugar entre os dias 04 a 07 de setembro de 2013, o XX Congresso Brasileiro de Economia, com o tema “Economia Verde, Desenvolvimento e Mudanças Econômicas Globais”, oportunidade ímpar para se discutir os mais relevantes temas para uma economia mais sustentável; ou seja, para uma economia que respeite os limites da natureza e promova o desenvolvimento (qualidade) sem escravizar a própria natureza, diminuindo os excessos de produção/consumo e, por conseguinte, de descarte/poluição.
Com o tema da Economia Verde, a comunidade dos economistas brasileiros dá mais um importante recado à sociedade que as preocupações concernentes à destruição ambiental, decorrente da intensa atividade econômico-produtiva, ocupam considerável espaço na agenda dos economistas comprometidos com a busca pelo desenvolvimento sustentável aliado à preservação do meio ambiente. 
Dessa forma, a Ciência Econômica é chamada uma vez mais a contribuir com novas e estimulantes propostas para se atenuar os mais graves desequilíbrios ecológicos verificados nos últimos anos, cuja evidência está expressa na depleção dos principais serviços ecossistêmicos. Não por acaso, desde o pós Segunda Guerra Mundial, quando se consolida o crescimento econômico (fazer mais, expandindo a quantidade de produtos) como paradigma supremo das políticas governamentais, 60% dos serviços ecossistêmicos foram degradados. 
Apenas nos últimos 40 anos, 18% da Floresta Amazônica foi destruída. Das 17 reservas pesqueiras oceânicas conhecidas no mundo, mais de 60% apresentam uma retirada de peixes mais acelerada que a sua taxa de reprodução. Das terras firmes do mundo, quatro bilhões de hectares encontram-se deteriorados.
Essa degradação – ainda em curso - é tão intensa que a comunidade dos cientistas, desde os anos 1960, alerta para o perigo daquilo que se convencionou chamar de “colapso ambiental”.
Ao tomar carona nessas preocupações, considerável parcela dos economistas entendeu que a expansão produtiva (aumento da produção econômica) é fator determinante para essa crise ambiental. 
Para tanto, muitos especialistas já falam na necessidade de “mudar a economia” (fazer menos com menos matéria e menos energia; portanto, diminuindo consideravelmente a degradação, tanto no ato da extração quanto no descarte), alertando que o atual padrão de consumo e produção é insustentável.
Os esforços (e não foram poucos) para a realização desse XX CBE ficaram a cargo do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM), em especial, nas figuras do coordenador-geral, Erivaldo Lopes (conselheiro federal e ex-presidente do CORECON-AM), de Marcus Evangelista (atual presidente) e de José Alberto da Costa Machado, professor do Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Todos os convidados à proferir palestras são de renome internacional, com destaque para os brasileiros Antonio Corrêa de Lacerda, Paulo Sandroni, Sérgio Abranches e Ladislau Dowbor, além das ilustres presenças internacionais de Helmut Haberl, professor associado no Instituto de Ecologia Social da Universidade de Viena; Ignacy Sachs, economista polonês, naturalizado francês, referência internacional por sua concepção de desenvolvimento que procura combinar crescimento da economia aliado à expansão do bem-estar e preservação ambiental, e James Kahn, que desde 2000 ocupa o posto de diretor do Programa de Estudos Ambientais, além de professor de Economia da Washington and Lee University.
Urge discutirmos um novo jeito de “fazer economia”, longe da sanha consumista que tem degradado o espaço ambiental. A oportunidade é rara. Sintam-se todos convidados. Esperamos todos por lá!
*Marcus Eduardo de Oliveira é economista com especialização em Política Internacional e mestrado em Estudos da América Latina pela Universidade de São Paulo (USP). É professor de economia do UNIFIEO e da FAC-FITO, em Osasco/SP. Autor dos livros 'Conversando sobre Economia' (Editora Alínea), 'Pensando como um economista' (Editora EbookBrasil) e 'Humanizando a Economia' (Editora EbookBrasil – livro eletrônico). Contato: prof.marcuseduardo@bol.com.br

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