segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Dom Helder e Dom Luciano



Dom Helder e Dom Luciano foram homens reconhecidos no campo social e na luta dos direitos humanos, cada um a seu modo (Foto: Divulgação / Montagem DomTotal)
Na semana que se passou, mais especificamente no dia 27 de agosto, foi comemorado o aniversário de morte de duas das figuras mais impressionantes da história do Brasil contemporâneo: Dom Helder Câmara (1909-1999) e Dom Luciano Mendes de Almeida (1930-2006). Mas o dia 27 de agosto não é a única coincidência entre estas duas figuras.

Câmara e Luciano foram ordenados padres em 1931 e 1954, respectivamente. Em 1964, Câmara foi nomeado bispo de Olinda e Recife, e Luciano, em 1976, foi nomeado bispo auxiliar de São Paulo, e em 1988, bispo de Mariana. Também tiveram papéis importantes na CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Dom Helder, em 1952, foi um dos fundadores da conferência, enquanto Dom Luciano presidiu o órgão de 1987 a 1995. 

Foram homens reconhecidos no campo social e na luta dos direitos humanos, cada um a seu modo. Dom Helder com ímpeto fora do comum. Dom Luciano de modo mais comedido. E os dois, com maneiras tão distintas, foram capazes de abalar as estruturas do status quo. Além de terem vários admiradores e se tornarem referências na sociedade brasileira, tiveram inimigos em vários campos: na imprensa, na política, na iniciativa privada e na sociedade civil. 

Por serem figuras complexas, foram muitas vezes criticados por suas posturas e falas, que sempre tinham alguma repercussão. Até hoje não há consenso em relação aos seus nomes.

Há, porém, outro aspecto pouco explorado entre as coincidências entre estas duas figuras: os dois dão nomes a instituições de ensino superior. Em Mariana está sediada a Faculdade Arquidiocesana de Mariana – Dom Luciano Mendes de Almeida (FAM), e em Belo Horizonte existe a Escola Superior Dom Helder Câmara. Devido ao fato de ter sido uma figura bastante conhecida a partir da década de 60, Dom Helder recebeu 32 títulos “Doutor honoris causa” em diversas universidades em vários países do mundo, incluindo os principais centros de estudo, tais como Harvard. Também proferiu palestras em vários desses centros, tendo como alvo o público universitário. 

Dom Luciano, além de ter sido um homem que lidava com questões do cotidiano, também foi um sujeito contemplativo e sabia da importância de tal formação. Doutorou-se em filosofia sobre Tomás de Aquino na Universidade Gregoriana em Roma na década de 60, e foi o idealizador da FAM, que, como uma homenagem póstuma, se viria a se tornar a Faculdade Dom Luciano. 

Não há dúvidas que Luciano e Câmara foram vistos como sendo homens de ação, que atuavam embasados na práxis cristã. Mas junto a esses ilustres personagens deve-se enfatizar como também foram homens que deram importância aos estudos e à contemplação. As homenagens que receberam das instituições que levam seus nomes é uma constatação disso.

Émilien Vilas Boas Reis é graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre e Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor de Filosofia do Direito e Metodologia de Pesquisa na Escola Superior Dom Helder Câmara

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