segunda-feira, 23 de setembro de 2013

México enfrenta desafio da reconstrução após passagem devastadora de duas tempestades

Moradora de área rural de Acapulco caminha no que restou de sua casa.
Acapulco (México) (AFP) - Os últimos vestígios das tempestades que deixaram ao menos 101 mortos e 68 desaparecidos no México começavam a se dissipar e abrir caminho para um novo desafio do governo: a reconstrução da infinidade de casas, escolas e estradas destruídas pelos muitos desabamentos e transbordamentos de rios.

"O número de mortes relacionadas aos fenômenos meteorológicos aumentou de 99 para 101", informou em seu último relatório o secretário de Governo Miguel Ángel Osorio Chong. Além disso, um balanço oficial informa sobre 200.000 desabrigados e 58.531 pessoas retiradas de suas casas.

Os ciclones Manuel e Ingrid atingiram de forma quase simultânea as duas costas do México desde o fim de semana passado. Este fenômeno não ocorria no país há 55 anos, e desta vez afetou dois terços do país.

Os dois fenômenos meteorológicos chegaram a alcançar o nível de furacão categoria 1 - das 5 da escala Saffit-Simpson - embora atualmente estejam em "processo de dissipação", segundo o último relatório do Serviço Meteorológico Nacional.

No entanto, os efeitos das incomuns tempestades continuam atingindo o México.

Em Guerrero, o estado mais devastado, que tem costa no Pacífico, uma comunidade montanhosa chamada La Pintada sofreu um grande deslizamento que deixou dois mortos e 68 desaparecidos, enquanto em Acapulco cerca de 60.000 turistas ficaram isolados por cinco dias.

Até a noite de sexta-feira, 35.000 turistas conseguiram sair por terra - em veículos particulares e ônibus de passageiros - que, somados aos 27.000 que partiram de avião, somam cerca de 62.000 turistas retirados, estimou Gerardo Ruiz Esparza, titular da secretaria de Comunicações e Transportes.

Depois de ser inundado no último sábado, o aeroporto internacional de Acapulco fechou suas portas, mas as autoridades organizaram voos que saíam diretamente da pista deste terminal e de uma base aérea militar.

Ruiz Esparza afirmou que no domingo o aeroporto de Acapulco "já estará praticamente funcionando normalmente".

Depois de distribuir toneladas de alimentos e remédios em todas as comunidades que ficaram isoladas - exceto em duas encravadas no alto de montanhas com forte neblina -, o governo se concentra agora em "fazer com que a normalidade prevaleça novamente nesta entidade (Guerrero) e em todos os outros estados do país", disse o presidente Enrique Peña Nieto.

O presidente, que cancelou sua participação na próxima semana na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, permanecerá no fim de semana em Guerrero "com as autoridades e os voluntários que se uniram" às tarefas de reconstrução.

Um helicóptero desaparecido

Desde quinta-feira, as autoridades reportaram que perderam contato com um helicóptero da Polícia Federal que transportava ajuda humanitária e realizava operações de resgate em Guerrero.

A aeronave havia transferido sobreviventes do deslizamento ocorrido em La Pintada - que soterrou quase a metade da comunidade - a um povoado próximo. Após sua decolagem, com apenas a tripulação a bordo, ela desapareceu.

"O helicóptero segue em status de não localizado", disse à AFP um porta-voz da Comissão Nacional de Segurança, embora algumas versões da imprensa local indiquem que foi encontrado destruído, com dois pilotos e um mecânico mortos.

Reabilitação cara para um país com baixo crescimento

Os danos da extraordinária combinação dos dois ciclones ainda são incalculáveis, disse Osorio Chong à Rádio Fórmula.

E calcular tudo isso não será tarefa fácil. Guerrero, por exemplo, um dos estados mais pobres do México, tem uma topografia muito irregular, repleta de montanhas e rios, onde habitam em pequenas comunidades uma grande parte de seus 3,3 milhões de habitantes, o que dificulta a contabilização dos danos sofridos por seus habitantes.

Em nível nacional, as inundações provocadas por Ingrid e Manuel provocaram danos em um total de 1,5 milhão de casas de 22 dos 32 estados do país e afetaram severamente ao menos 72 estradas, segundo os primeiros cálculos oficiais.

O governo do México, que em agosto revisou em baixa a projeção do crescimento econômico para este ano de 3,1% a 1,8%, terá que desembolsar apenas para reabilitar as estradas 40 bilhões de pesos (3 bilhões de dólares), informou na sexta-feira a secretaria de Comunicações e Transportes.

Já o governador de Guerrero, Ángel Aguirre, considerou que apenas em seu estado os danos alcançarão um custo preliminar de 380 milhões de dólares.

No início da semana, o secretário de Fazenda, Luis de Videgaray, havia informado que há um fundo de 12 bilhões de pesos (916 milhões de dólares) para enfrentar as consequências de desastre naturais.
AFP

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