O filme narra a história de dois rivais na F1: o inglês James Hunt e o austríaco Niki Lauda
Por Alysson Oliveira
SÃO PAULO - Trabalho é prazer ou obrigação? Essa pergunta, no fundo, é que pauta a rivalidade entre os pilotos de Formula 1 James Hunt (o australiano Chris Hemsworth) e Niki Lauda (o alemão Daniel Brühl), protagonistas de "Rush - No Limite da Emoção", filme que transita entre drama, ação e registro histórico.
Dirigido por Ron Howards ("Uma Mente Brilhante") e roteirizado por Peter Morgan ("A Rainha"), o filme tenta ir além do mero registro de um tempo perdido no passado. A reconstrução histórica - especialmente do famoso acidente de Lauda em 1976 - é precisa, mas, em alguns momentos, o diretor, exagerado como sempre, desumaniza os personagens, transformando-os em heróis quase irreais.
Para o inglês Hunt, correr é puro prazer, o que inclui ganhar muito dinheiro, ir a festas, conquistar mulheres. Para o austríaco Lauda, é trabalho, e deve ser levado a sério. A história prova que o segundo estava correto, já que teve mais vitórias que seu rival.
"Rush" investiga a vida desses corredores desde o princípio de suas carreiras - repletas de semelhanças. Ambos tiveram que romper com suas famílias ricas, que os desacreditavam, e construir suas carreiras sem ajuda financeira delas.
Vemos, então, a rivalidade desde seu surgimento até se tornar mais acirrada nas pistas. Essa, no entanto, é construída a partir dos paralelos e distanciamentos, que Howard e Morgan traçam das vidas dos protagonistas. Os dois pilotos se casam com modelos famosas: Hunt com Suzy Miller (Olivia Wilde) e Lauda, com Marlene Knaus (Alexandra Maria Lara). Porém, só um tem um casamento feliz e equilibrado. Não é surpresa que Lauda seja feliz com sua mulher, enquanto Hunt e Suzy vivam brigando, e, por fim, ela o troque pelo ator Richard Burton.
Nas pistas, os paralelos são mais comuns do que parecem, pois, ao serem tão diferentes, Lauda e Hunt são iguais em teimosia e ódio pelo rival - exatamente o que os une. Howard filma as corridas com precisão cirúrgica e concentra todas as forças nessas cenas.
Os dramas dos personagens fora das pistas parecem quase uma desculpa para amarrar e/ou justificar as ultrapassagens e fechadas que acontecem nos circuitos. O Brasil tem um papel fundamental, e é mostrado pela via do clichê, como um lugar onde todos sambam - até sentados na arquibancada. O país está no filme porque a disputa entre os dois pilotos começou a ganhar contornos mais nítidos no autódromo de Interlagos.
Howard dirige com a precisão técnica que lhe é característica e, como de costume, também é capaz de carregar na sacarina. Não que seja sempre um defeito, ao falar de homens tão durões, amaciar o tom de vez em quando. O filme certamente funciona muito bem para os fãs da Fórmula 1, mas para os demais pode ser entediante.
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Reuters
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