sábado, 28 de setembro de 2013

Voluntariado leigo, uma nova vocação missionária

Camilo Simon
A missionariedade revela-se de muitos modos, por este mundo de Deus. Para alguns, dedicando sua vida a evangelizar em diferentes povos; para outros, a oração contínua para a expansão do Reino. No entanto, há uma maneira toda singular de ser missionário: é o voluntariado cristão. Pessoas que dedicam suas vidas fazendo um serviço voluntário totalmente voltado para a Igreja, em qualquer parte do mundo. Um destes voluntários é o italiano Carlo Martinoia, 75 anos, dos quais 30 de serviço como voluntário.
Ele é um exemplo vivo de missionário moderno que empresta sua experiência para a construção do Reino. Seu testemunho poderá servir de modelo para muitas pessoas, especialmente para jovens.
Carlo é casado e tem uma filha. Trabalhou em um comércio durante sua juventude e, em 1985, numa visita ao Santuário de Lourdes, na França, mudou radicalmente sua vida. Foi uma conversão profunda, pois já nada o satisfazia. Dali em diante, iniciou uma longa caminhada em diversos países do Oriente Médio, sempre trabalhando como voluntário.
Ser voluntário cristão
O que é ser um voluntário cristão? Carlo tem uma definição precisa do termo. "Ser voluntário cristão é colocar-se a serviço do Senhor, em qualquer lugar do mundo. É fazer qualquer tipo de trabalho, sem escolhas. É fazer tudo com humildade, acompanhado de qualquer pessoa; é dividir tudo com os companheiros. Se a gente tiver este espírito de voluntário, não haverá discussões e a convivência será pacífica, mesmo estando com pessoas de raças, de religiões e de culturas diferentes".
O trabalho voluntário de Carlo iniciou na Jordânia, na cidade de Amã, auxiliando as Irmãs Dorotéias, que possuem um colégio para 1000 alunos. O serviço durou três anos, para a restauração de todas as salas de aula. No primeiro ano, foram três colegas italianos. No segundo, foram cinco pessoas e no terceiro, pulou para oito voluntários. "O trabalho era feito com muito amor, pois as salas de aula estavam sem condições de usá-las. Foram reparadas e pintadas. Cada um fazia o que sabia fazer e aprendia com os outros".
Conta Carlo que é difícil a evangelização nos países árabes muçulmanos. É quase impossível a conversão de um muçulmano, pois os convertidos sofrem perseguições como também suas famílias. Somente o exemplo atrai um muçulmano e pelo exemplo de fé no Cristo, os padres e irmãs missionárias realizam sua vocação, em meio a tanta intranqüilidade e conforme o país, em meio a tanta perseguição dos cristãos. Por isso, o Oriente Médio está a merecer uma predileção especial por parte da Igreja, pois ali é "a carne de garrão", a parte mais difícil de evangelizar da Igreja cristã.
A turnê do voluntário Carlo recém estava começando. Depois da Jordânia foi a vez de restaurar uma igreja nos confins da Síria, na cidade de Aleppo, a convite de um bispo local. "Foi um trabalho árduo devido às dificuldades existentes. Mas, quando é feito de coração, nada é impossível", diz Carlo. "A gente não precisa ser um especialista, mas fazendo com amor, ao final, tudo vai dar certo". Ele explica que, "o trabalho voluntário é como uma cadeia de anéis. Em cada experiência realizada acrescenta-se um anel nesta cadeia. E vão somando-se serviços e novas experiências são acrescentadas. Quando se termina um serviço, o missionário leigo deve estar pronto para acrescentar outro anel, ou seja, estar pronto para um outro serviço. Por isso, é importante crer no que se faz".
O próximo local de trabalho foi Jerusalém. Era necessário restaurar o complexo do Instituto Pontifício Notre Dame, que foi concedido aos Legionários de Cristo, pelo Vaticano, para dar continuidade aos serviços prestados aos peregrinos. Foram reformados os quartos. Depois foi a vez de assumir a restauração completa de um hospital em Nazaré, da instituição Comunhão e Liberação, da Itália. Para lá, o grupo dos amigos de Carlo se instalou e em poucos meses, um novo hospital surgiu com novos aparelhos para o seu pleno funcionamento. Dali, Carlo e sua esposa partiram para a conquista do próximo anel, que foi na Turquia, na cidade de Antioquia. À convite de um bispo amigo foi restaurado um mosteiro e mais tarde, na cidade de Smirna, outro serviço foi completado. Ali Carlo e sua esposa conviveram com padres e religiosas que vivem o evangelho radical, na sua solidão e com poucos resultados humanos na expansão do Reino, devido às perseguições e falta de liberdade religiosa. Cada cristão que vive sua fé é um mártir em potencial. Carlo e esposa, anualmente, permanecem, um mês, na Turquia realizando serviços simples junto ao Mosteiro.
Um importante trabalho como voluntário foi feito na Casa Santa Marta, no Vaticano. Por três anos, os voluntários auxiliaram na restauração e ampliação dos 150 quartos. É ali onde reside o atual Papa Francesco. O orgulho de todos os voluntários foi que puderam conviver, de perto com Bento XVI e, inclusive, hospedaram-se em quartos reservados aos bispos em trânsito.
Atualmente os serviços dos voluntários cristãos italianos em número de 14 pessoas estão sendo feitos em Israel. A participação deles é no Projeto "Magdala Center", na então cidade de Magdala, terra natal de Maria Madalena, às margens do Lago Genezaré, perto de Cafarnaum, no norte da atual Israel. Ali, a instituição Legionários de Cristo está implantando um complexo para peregrinos que inclui uma igreja ecumênica, um restaurante e um hotel. No terreno foi descoberta uma cidade inteira com uma sinagoga dos tempos de Jesus, banhos, mercado público, casas e o cais do porto, da então cidade de Magdala. Atualmente, a equipe realiza o trabalho de pintura, limpeza e conclusão de obras da igreja, que será inaugurada no início de 2014.
"O Senhor é quem decide o próximo serviço de voluntariado. Estamos prontos para uma nova Missão, seja onde for. Não escolhemos o lugar. Se a Igreja precisa de nós, ali estamos. Somos missionários do nosso jeito, dentro de nossas limitações, porque sabemos que tudo é feito para o Senhor e para a expansão de sua Igreja", concluiu Carlo.
Fonte: www.pom.org.br

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