Organização católica assinala Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
Lisboa, 17 out 2013 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa alertou hoje para as consequências das atuais políticas de austeridade para a população, falando num aumento do “risco” de pobreza e na necessidade de uma maior aposta na criação de emprego.
“Desde o início da crise os rendimentos reais do trabalho aumentam menos do que justificariam os ganhos de produtividade, tendo como consequência um crescimento das desigualdades”, assinala a organização católica, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
A Cáritas apresenta o trabalho como “essencial para a coesão social”, mas lamenta que as atuais opções políticas estejam “mais assentes no aumento da competitividade e na regulação financeira do que na criação de emprego”.
“A crise e o aumento do desemprego por ela originado estão a ter reflexos nas taxas de pobreza em Portugal, como comprovam os dados relativos ao ano já referido, apresentados pelo INE”, destacam os responsáveis pela organização de ação solidária e humanitária.
Os dados citados mostram que o risco de pobreza para a população em situação de desemprego aumentou 2,3 por cento, passando a ser de 38,3 por cento.
“Se não fossem as transferências de pensões de reforma e sobrevivência, em 2011, quase metade da população portuguesa estaria em risco de pobreza”, alerta a Cáritas.
A organização católica sublinha que “quanto menor for o rendimento, mais perto se fica da situação de pobreza”, recordando que, em 2011, esse índice caiu 1 por cento.
“Enquanto há mais gente próxima de ser ‘oficialmente’ pobre, os ricos têm cada vez mais reservas”, adverte o comunicado.
Segundo a Cáritas Portuguesa, o trabalho e o rendimento que dele decorre são a primeira “política de inserção”, frisando que “a economia não está a gerar suficiente emprego e a qualidade do trabalho gerado também parece insuficiente”.
A ausência de trabalho está a gerar “forte agitação social” num número significativo de países, de acordo com a instituição, presente em mais de uma centena de territórios.
A Cáritas está a assinalar hoje o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza com uma campanha que visa combater o que considera ser um “flagelo social" e sensibilizar os cidadãos para assumirem “uma posição mais relevante”.
“Esta realidade não resulta da falta de bens mas de uma escandalosamente injusta distribuição dos mesmos. Sem se erradicar esta injustiça não será fácil construir a paz. Sem a redução das desigualdades sociais gritantes, jamais se conseguirá ter tranquilidade pessoal e coletiva”, refere Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa.
A campanha será comunicada através de um e-postal com uma oração, procurando chegar ao maior número de pessoas através da partilha de email e da rede social Facebook.
A Cáritas evoca os que "continuam a viver e a morrer em condições degradantes": "Cerca de 1,2 mil milhões de pessoas (20% da população mundial) vivem penosamente, muito abaixo do limiar mínimo da pobreza (com menos de um dólar por dia); 850 milhões de seres humanos sofrem de fome e 30 mil morrem de causas diretamente relacionadas com a pobreza".
OC |
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