O primeiro certame deve ocorrer na próxima segunda-feira. O segundo será em 13 de dezembro
O Ceará pode ter todo o setor de energia eólica transformado no mês e meio que falta para terminar o ano com a realização dos próximos dois leilões (o de A3 na próxima segunda-feira, 18, e o 2º de A5, em 13 de dezembro) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Pioneiro no estímulo a este tipo de geração no Brasil, o Estado conta com mais de mil projetos concorrendo em cada um dos certames para poder recuperar o espaço que perdeu neste ano, quando a Bahia passou a ser o segundo estado de maior potencial eólico – atrás do Rio Grande do Norte.
A potência eólica do Ceará, hoje, contando operação, construção e contratado é a terceira maior do Brasil, segundo a Abeeólica Foto: Kiko silva
Isso deve-se ao pequeno número de projetos aprovados no último leilão, em agosto. Enquanto os parques visados para terras cearenses foram só seis, os baianos eram 42. Com isso, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o vizinho nordestino mantém vantagem sobre o Ceará desde setembro.
Na época, representantes apontaram o baixo preço pago pelo megawatt/hora (MW/h) como motivo do desempenho dos projetos no Ceará e o momento rendeu declarações de um empresário afirmando que o Estado “está no rabo da fila” em relação à geração eólica no País.
Outro fator que atingiu o setor no Estado e vem sendo contemplado também em leilões é a falta de linhas de transmissão para levar a energia gerada nos parques eólicos cearenses ao Operador do Sistema Nacional (ONS), o que foi amenizado meses depois também a partir de leilões da EPE.
Números cearenses
Mas, mesmo com o cenário não tão bom quanto cinco anos antes e o pessimismo expresso por lideranças do setor há dois meses, o último boletim da Abeeólica, datado de novembro, informa que o potencial eólico (“operação + construção +contratado”) no Estado (2.015,4 MW) é o terceiro do Brasil – perdendo para a Bahia (2.227,6 MW) e Rio Grande do Norte (2970,7 MW).
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ainda apontam o Ceará como um dos maiores detentores de parques eólicos em operação. São 25 ao todo, mais 16 em construção e outros 43 outorgados entre 1988 e 2004.
A agência também indica que a geração da energia a partir dos ventos representa 23,73% dos 2.551.840 kW de potência instalada no Estado. O percentual deixa a geração eólica como a segunda maior fonte de energia do Ceará, atrás – e muito – da energia térmica (76,02%).
‘Estado está muito bem’
Na avaliação da presidente da Abeeólica, Élbia Melo, a participação do Ceará em todo leilão de energia eólica promovido pela Empresa de Produção Energética (EPE) faz com que o Estado esteja “muito bem” perante às outras unidades da Federação.
De acordo com a análise dela sobre a situação do Ceará no setor, a manutenção de uma “posição muito boa” nos mais variados rankings e a frequência de participação nos “processos de leilão” faz o segmento eólico cearense “ir muito bem”.
“Acho que o Ceará vive um momento muito bom. Não acho que ele esteja perdendo posições. O atraso das linhas (de transmissão de energia que liguem os parques eólicos às subestações) faz parte do passado porque o novo modelo tem uma formatação diferente”, afirmou Élbia.
Presença da cadeia ajuda
A presidente da Abeeólica aponta também para a permanência de parte da cadeia produtiva do setor eólico no Ceará como um dos diferenciais do Estado, o que acaba por aumentar a competitividade dele na geração desta energia renovável. Segundo ela explica, “com matrizes construídas mais próximas (dos parques), fica mais fácil promover a geração e a construção de novos parques”, defende.
Vento também favorece
Já sobre a competição com estados do Sul nos leilões e também na captação de mais indústrias integrantes da cadeia produtiva eólica, a presidente da Abeeólica afirma que “dificilmente haverá alguma perda pelos estados nordestinos” de forma geral.
“Os estados do Nordeste tem potencial de vento (velocidade e constância) maior que os demais”, garante sobre o que beneficia o Ceará ante estados do Sul e Sudeste – com a indústria historicamente mais rica.
Dois estados sulinos, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, entraram na disputa pela geração de energia eólica há cerca de três anos e, atualmente, estão em sexto e quinto lugares, respectivamente, em número de parques eólicos operando no País, com 13 para o primeiro e 15 para o segundo. Os dois, no entanto, seguem atrás do Ceará, conforme informações atualizadas da Aneel.
Em construção, o último leilão também favoreceu o Rio Grande do Sul já possui mais usinas eólicas em construção que Bahia e Ceará. Enquanto os dois nordestinos tem 16 parques em processo de preparação cada um, atualmente, o estado sulino conta com 17.
Armando de Oliveira LimaRepórter
Fonte: Diário do Nordeste
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