terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

João Batista Libânio: ideias modernas e gestos acolhedores


Teólogos, amigos e familiares falam sobre o legado deixado pelo Padre João Batista Libânio.

João Batista Libânio: compreensão profunda do Evangelho.
Por Alexandre Vaz
Repórter Dom Total

Um homem de ideias modernas sobre o papel da Igreja na sociedade, que soube transmitir ao próximo a essência do Evangelho. Traduzir em palavras a importância da vida e da obra do padre jesuíta João Batista Libânio para a Igreja e para a sociedade revela-se uma missão quase impossível, tendo em vista a profundidade de seu trabalho.

O padre João Batista Libânio faleceu na última quinta-feira (30), aos 81 anos, em decorrência de um infarto.  Natural de Belo Horizonte, foi um dos principais fundadores da Teologia da Libertação, movimento que buscou aproximar o catolicismo dos problemas da sociedade, sobretudo dos mais pobres. Publicou mais de 125 livros, dos quais 36 de autoria exclusiva e os demais, em colaboração com outros autores.

Ao Dom Total, teólogos, companheiros e familiares deram seu testemunho sobre a convivência com o Padre Libânio, suas ideias e o exemplo que deu à presente e às futuras gerações:

Jaldemir Vitório, padre e reitor da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE):

“O Padre João Batista Libânio foi um pensador que viveu duas gerações, a que viveu antes do Concílio Vaticano II, na qual a visão de autoridade era muito forte, e a que surgiu posteriormente ao Concílio. Não só suas ideias como também seu testemunho foram imprescindíveis para esse momento de transição, no qual velhos paradigmas foram substituídos por novos. Ele entendeu que era necessário que a Igreja se abrisse ao diálogo com a sociedade, sem perder os valores do Evangelho. Sua inquietação cristã mantinha-o continuamente se perguntando pelo significado da fé, em novos contextos”.


José Guido, empresário e membro do Centro Loyola de Fé e Cultura:

“O Centro Loyola de Fé e Cultura deve muito ao trabalho do Padre João Batista Libânio, não só pelas palestras e debates, mas também pela sua presença acolhedora.  Ele nos ajudava a compreender  e a nos situar no mundo hoje.  Era um homem muito moderno, em seu exercício da fé”.


Cleto Caliman, padre e teólogo:

“Não há como falar de Igreja no Brasil sem pensar no padre João Batista Libânio. Ele foi um grande parceiro da sociedade e um dos grandes pensadores da Teologia da Libertação. Deixou muitos ‘herdeiros’ de suas ideias, por meio de seus alunos. Tinha uma imensa capacidade de interpretar o momento. Teve uma participação marcante nos movimentos sociais, nos anos 60, 70 e 80, por meio das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Além disso, era um intelectual ativo. Com 82 anos, ainda estava escrevendo seus livros”.


Roberlei  Pamasiewicz, professor do mestrado de Ciência da Religião da PUC Minas:

“Padre João Batista Libânio teve uma postura de alegria e otimismo com a vida. Ao mesmo tempo, foi um grande crítico das estruturas sociais de injustiça e alienação. Nunca guardou seu conhecimento para si. Nesse sentido, se preocupou em falar com as pessoas de forma simples e reflexiva, de modo a fazer com que os talentos se multiplicassem”.


Ana Maria Coutinho, sobrinha e professora de História Medieval da PUC Minas:

“Foi uma figura ímpar, sempre dedicado a promover grandes questionamentos. Ajudava quem estava próximo a ele a pensar a sociedade de forma crítica. Ele teve uma grande vida familiar com seus irmãos jesuítas”.


Padre Nilo Ribeiro Júnior, professor da FAJE e do Centro Loyola de Fé e Cultura:

“A obra do Padre Libânio é a própria pessoa do Libânio. Ele produziu uma teologia muito fecunda, acompanhando todo o desenvolvimento da Teologia da Libertação. Sempre foi comprometido com a causa dos pobres, da diversidade e das minorias. Ele estava dando passos decisivos em direção a uma teologia das cidades, com o objetivo de ajudar a sociedade a acolher as diferenças”.


Johan Konings , teólogo e professor da FAJE:

“Foi um dos maiores conhecedores do Concílio Vaticano II. Foi a partir desse entendimento que ele desenvolveu seu trabalho sociopastoral. Também levou a sério sua opção pelos pobres, estando próximo a eles, além de estar atento às modernas formas de exclusão”.

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Redação Dom Total

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