sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Tendência de desmatamento cai na Amazônia

Deter não mede o desmatamento real, mas pode dar sinais de suas tendências.

A tendência de desmatamento da Amazônia caiu 19% entre agosto de 2013 e janeiro de 2014, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Com base em dados do Deter, sistema oficial de alertas para suporte à fiscalização e controle do desmatamento, o anúncio foi feito no início desta tarde, em Brasília, pela ministra do meio ambiente, Izabella Teixeira, que estava na companhia de todos os secretários dos Estados da Amazônia Legal. O Deter não mede o desmatamento real, mas pode dar sinais de suas tendências.

Quatro meses antes, na primeira medição do desmatamento feita após a aprovação do novo Código Florestal, em novembro do ano passado, coube ao Ibama, a tarefa de anunciar os mais de 5.800 quilômetros quadrados de floresta derrubada no período entre agosto de 2012 e julho de 2013 – um aumento de 28% do desmatamento em comparação com o mesmo período do ano anterior.

“Deter mostra a tendência. Por isso, o anúncio de hoje representa um bom número, mesmo não é suficiente, tampouco definitivo”, disse Marcio Astrini, da campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil. “Porém, enquanto o governo continuar promovendo obras de infraestrutura que levam desmatamento e especulação fundiária à Amazônia, afrouxando a legislação que protege a floresta e aceitando negociar com a bancada ruralista, a possibilidade de diminuir Unidades de Conservação e Terras Indígenas já demarcadas, o alarme irá continuar tocando. E se isso ocorre, os números bons de hoje podem não se sustentar no futuro.”

Forte indício desta situação está na fala da ministra Izabella, que demonstrou preocupação com o retorno de desmatamentos em grande áreas com mais de mil hectares. Outro dado alarmante é que dos 323 alertas de desmatamento registrados no período, 19 encontram-se dentro de Terras Indígenas ou Unidades de Conservação, áreas que deveriam registrar índice zero de desmatamento.

“Mesmo com a sinalização de queda vinda do satélite, os números continuam inaceitáveis, já que as áreas abertas na floresta são suficientes para o país não só continuar produzindo, mas até mesmo dobrar sua produção de alimentos sem derrubar mais nenhum palmo de floresta. Além disso, um dos instrumentos essenciais para a promoção definitiva da governança na Amazônia, que é o CAR [Cadastro Ambiental Rural], ainda não está implementado”, lembra Astrini.
Greenpeace

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