sábado, 8 de março de 2014

ESPECIAL: Dia Internacional da Mulher

Data está ligada a movimentos feministas que buscavam mais dignidade.

Por Michelle Santirocchi
Repórter Dom Total


Branca, morena, negra, loira, solteira, casada, divorciada, mãe, filha, irmã, tia, avó, hetero, lésbica. Hoje é o dia delas: as mulheres. 

A data é comemorada internacionalmente no dia oito de março e está intimamente ligada aos movimentos feministas que buscavam mais dignidade para as mulheres, além de uma sociedade justa e igualitária. Hoje em dia, porém, acabou se tornando uma data comercial. 

Marlise Matos, professora do departamento de Ciências Políticas da UFMG, disse que há várias divergências sobre a origem efetiva para esta data. 

Uma das histórias conta que em oito de março de 1957, operárias de uma fábrica de tecidos, situada em Nova Iorque, entraram em greve para reivindicar melhores condições de trabalho e equiparação salarial com os homens. A manifestação foi reprimida com violência e o barracão onde elas estavam foi incendiado. Mais de 130 mulheres morreram carbonizadas. 

Outra versão é que a verdadeira origem seria de 1910 quando a alemã Clara Zetkin, membro do Partido Comunista Alemão, propôs a criação do Dia Internacional da Mulher no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas. 

“O fato é que, controvérsias à parte, a data se difundiu globalmente como referência para se pensar – ao menos, nessa data – sobre as lutas e as conquistas por mais direitos para as mulheres. Num contexto em que a invisibilidade cotidiana destas pautas é também uma forma de opressão das mulheres, ter um dia, ao menos um dia no ano que estes temas ganham a agenda pública é bom”, disse Marlise. “Não acho que seja um dia para se ‘dar flores’ para as mulheres, mas um dia em que todos, homens e mulheres, deveriam parar um pouquinho para pensar nas inúmeras desigualdades que ainda afetam, cotidianamente, a vida da maioria das mulheres (especialmente se entendermos que as mulheres são plurais: são também negras, pobres, lésbicas, jovens ou idosas etc.): violências de todas as ordens, falta de acesso a boas oportunidades de emprego, desigualdades salariais enormes ainda, sub-representação em quase todos os espaços de poder e decisão, e por ai vai. Ainda que tenhamos caminhado muito (e isso graças à luta e, às vezes, à vida de muitas mulheres batalhadoras) há um caminho gigantesco a ser percorrido”, completou a professora. 

Brasil

No Brasil, o primeiro grande benefício foi em 24 de fevereiro de 1932, quando as mulheres conseguiram o direito de voto. Foi um marco que mudaria o país. Décadas depois, em 1988, outra mudança na política em favor das mulheres. De acordo com a Constituição Federal, a igualdade de gêneros era, a partir de então, direito fundamental. Em 2002, o Novo Código Civil consolidou as mudanças constitucionais.

Mesmo assim, a participação no governo ainda é desigual. Apesar do sexo feminino ser a maior parte da população brasileira, o número de mulheres no Legislativo ainda é pequeno. 

“Entendo que, por exemplo, termos hoje uma mulher na Presidência do país significa um avanço e mostra a presença de uma ‘tendência’ de muito longa e tênue. Mas importa salientar que as mulheres, no Brasil, definitivamente, não estão nos principais cargos e postos de poder e decisão”, falou. 

“Segundo a União Interparlamentar da ONU, a média mundial de mulheres nos Parlamentos é de apenas 19,3%, combinando-se as duas Câmaras – a alta (ou Senado com 19,5%) e baixa (ou Câmara de Deputados com 18,3%). Para alguns países mais desenvolvidos – levando-se em conta as duas Câmaras - estas médias se elevam: os países nórdicos contam com 42,1% de mulheres parlamentares; nos países americanos as cifras chegam a 22,5% e nos europeus (excetuando-se os nórdicos) a representação feminina está em 20,3%. O Brasil, que tem 8,6 % de mulheres parlamentares na Câmara de Deputados. Considerando-se todas as candidaturas de 2010, em todos os cargos que estiveram em disputa nesta data, fomos apenas 20,34%  na média final das candidaturas. O mesmo quadro rarefeito de protagonismo no poder se repete no Poder Executivo e Judiciário. Também se repete no mundo empresarial”, contou.

Outra grande mudança no Brasil em relação às mulheres diz respeito à sua proteção. Em 2006 foi criada a Lei Maria da Penha.

Avanços e lutas

Muitos foram os avanços que as brasileiras conseguiram ultimamente.  “Temos um momento de encruzilhada na conquista por mais direitos das mulheres no Brasil. Conseguimos conquistas formais e legais importantíssimas: direito ao voto, acesso ao processo formal de escolarização, inserção no mercado de trabalho, acesso a programas específicos de saúde, universalização do ensino fundamental e básico, entre outras muitas conquistas fundamentais. E tudo isso não foi uma ‘concessão’ do Estado brasileiro. Tudo foi fruto de processos históricos de lutas, de enfrentamentos, de movimentos de mulheres e feministas que nos antecederam e lutaram para garantir ‘coisas’ que consideramos hoje quase como banais ou auto-evidentes”, contou.

Marlise Matos fala também sobre as lutas que as mulheres brasileiras ainda têm pela frente. “Ainda há muito o que ser feito. Eu salientaria duas frentes de batalha: a imagem de objeto que a nossa cultura ainda define a respeito da mulher, sua transformação em mercadoria, em coisa, e a ocupação dos espaços de poder e decisão”, contou. “Quando vendemos e difundimos uma imagem mercantilizada, fetichizada, funcionalizada das mulheres, estamos operando no campo das forças mais tradicionais de gênero”, acrescentou. 

“Eu entendo que, independentemente de seus sexo/gênero, e na medida em que as mulheres estiverem presentes, de fato, em todos os foros decisórios da política, as áreas monopolizadas pelos homens poderão ter, certamente, um destino muito diferente. Especialmente em nosso país, acho que estamos urgentemente precisando deste tipo de transformação. Mas não vejo um bom cenário à nossa frente. Mas eu continuo acreditando que mais mulheres no poder e, especialmente, mais mulheres e também mais homens com uma agenda de transformações e de enfrentamento dos nossos problemas (complexos) que seja efetivamente feminista, podem ser os ingredientes que ainda faltam para o país enfrentar os desafios do século XXI com maior efetividade”, finalizou Marlise Matos.

Diante da importância dessa data histórica, o Dom Total foi às ruas para saber quem era a mulher que mais marcou os brasileiros. 

André Luiz de Oliveira, 28 anos, educador físico

A mulher mais importante é minha mãe.  Ela me trouxe ao mundo e acho que isso é o suficiente para fazer dela a mulher que mais marcou a minha vida. 

Tatiana Falco Lemos de Castro, 36 anos, relações públicas

Minha mãe, Lila. Por que ela consegue unir força e carinho transformando em ensinamentos.

Eduardo Franciscon Vicente Pereira, 39 anos, Consultor de vendas

Duas mulheres marcaram minha vida. Primeiro minha filha: o nascimento dela foi inesquecível! E a outra é a mulher que hoje amo, a Camila. Hoje tenho uma vida diferente porque conheci a vida de andar conforme a palavra de Deus. Se não fosse ela (a ponte) tenho certeza que eu não seria quem sou e por isso devo essa "salvação" também a ela.

Síntia Peixoto, 28 anos, arquivista

Minha mãe. É a mulher que mais me inspira e me dá orgulho. É batalhadora, determinada e amorosa.

Cláudio Paiva Lemos, 33, preparados de automóveis

A mulher que mais marcou minha vida foi minha vó. E claro, minha mãe, que marcou e ainda marca minha vida. Passava tempo esperando chegar o fim de ano para ir para a casa da minha vó. Sinto muita saudade disso. 

Geovana Iolanda Ferreira, 35, jornalista

Não foi uma mulher, foram três que marcaram a minha vida. A primeira delas é a minha mãe, por ter me dado a vida e por me ensinar muita coisa que sei hoje, depois as minhas avós marcaram a minha vida. Percebi isso depois que as duas faleceram. A minha avó materna, me ensinou que não precisamos de muito para ser feliz, que basta ser a gente mesmo, viver de acordo com a nossa consciência e fazer tudo que está ao nosso alcance para a gente em primeiro lugar e depois para os outros. A minha avó paterna me ensinou a viver um dia de cada vez e a aceitar nosso sofrimento e a nossa alegria, pois tudo na vida passa e que cada um tem a sua trajetória.

Maria Isabel de Andrade Alonso, 31 anos, professora
A mulher que marcou minha vida foi minha mãe, porque foi a base de construção da minha personalidade e quem transmitiu os meus principais valores e princípios.
Nubiane Helena Campos Ferreira. 27 anos, Gestora em Recursos Humanos
As mulheres da minha vida sem dúvida são minha mãe Lucia Helena e minha filha Mariane, de 2 anos e 5 meses. Minha mãe me deu a base para que eu crescesse e me tornasse uma pessoa de caráter, de bom coração e uma mae tao boa e dedicada como la foi e é. A Mariane, mesmo quando ainda estava no meu ventre, me ensinou e me ensina até hoje que nenhum problema é grande o suficiente diante do enorme amor que existe em um laço de mãe e filha.
Felipe Magno Carneiro Tavares, 34, contador
Positivamente foi minha mãe. Pela criação, pelo respeito que ela sempre passou pra gente, os princípios e o apoio incondicional.
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Redação Dom Total

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