Por Gabriele De Palma
Nos últimos 20 anos, perderam-se 25 milhões de fiéis só nos Estados Unidos. Seria melhor dizer que 25 milhões de norte-americanos perderam a fé ou, melhor, que abandonaram a religião. A investigação do dado numérico foi feita por Allen Downey, cientista da informação do Olin College of Engineering in Massachusetts, que chegou a uma conclusão: o motivo do crescente ateísmo está relacionado principalmente pela difusão da Web.
O fato de ser uma das principais indiciadas fica claro a partir dos dados sobre a adesão a uma religião: até 1993, menos de 8% dos norte-americanos declarava que não pertencia a nenhum credo religioso; hoje, o percentual cresceu para 18%. O ano de 1993 é o ano do nascimento da web comercial, mas o caminho para comparar os dois dados teve os seus obstáculos.
Os dados em que Downey baseou a sua pesquisa são os coletados pela General Social Survey, a investigação sociológica que a Universidade de Chicago realiza desde 1972 e em que entrevista profundamente a amostra estatística em relação a usos, hábitos, opiniões políticas e religiosas e – uma vez que a internet é uma realidade difusa – também a tempos e modos de sua utilização.
Antes de cruzar o uso do novo meio de comunicação com a perda de fiéis, foram examinados outros parâmetros que indicavam uma mudança de passagem nos costumes dos norte-americanos e que pudessem de algum modo explicar a insatisfação religiosa.
O primeiro indiciado foi o ensino da religião em família. Cada vez menos pais impõem o próprio credo aos seus filhos, e isso, obviamente, incide muito sobre a futura filiação a uma Igreja, tanto que era o resultado que Downey provavelmente esperava como decisivo. Mas a maior liberdade religiosa na família incide, estatisticamente, apenas em 25%. Menos do que o esperado e não o suficiente para tirar conclusões. Downey, então, foi em busca de outros fatores determinantes, descartando pouco a pouco a renda per capita, o nível socioeconômico, a migração urbana. Uma variável influente acabou sendo o nível de educação: este também aumentou junto com os alunos matriculados na faculdade, que passaram de 17,4% nos anos 1980 para mais de 27% hoje, mas estatisticamente o peso sobre o dado na desafeição religiosa é igual a 5%.
O dado, dentre os da General Social Survey, que surgiu como decisivo foi justamente o uso da rede, que, no início dos anos 1990, era usada por menos de um em cada dez norte-americano, enquanto hoje penetrou em 80% da população.
O peso da correlação é de 25%. A rede, no entanto, como se sabe, é um meio de comunicação e de informação, e não indica nenhum conteúdo específico. E é justamente a possibilidade de entrar em contato com informações e pessoas "novas" a característica determinante que o distingue, por exemplo, de outros meios de comunicação, como o telefone.
Sobre os motivos dessa correlação significativa, que não tem a força da relação causa-efeito, a pesquisa, sendo puramente estatística, não diz nada. O pesquisador tem uma opinião sobre isso: "A internet oferece a oportunidade de encontrar informações sobre pessoas ou religiões diferentes das informações da comunidade de pertença e de interagir com elas".
Pagina 99, 12-04-2014.
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