Por Rino Cammilleri
O pai dedicou vários livros a este acontecimento, no último se pergunta sobre o fenômeno chamado Nde (Near-Death Experience), sigla que a medicina adotou à luz dos impressionantes números que surgiram de casos semelhantes a este.
O primeiro a se ocupar seriamente do assunto foi o filósofo americano Raymond Moody, que encontrou num livro de 1975 alguns testemunhos. Desde então, foi uma avalanche: de 1975 a 2005, em revistas científicas, ou monografias, várias pessoas relatam terem visto “a luz”. Em 2001 ele se ocupou também da The Lancet, publicando os resultados do trabalho de uma equipe de cardiologistas holandeses sobre 344 pacientes clinicamente mortos, 62 dos quais voltaram a vida, contando a Nde deles.
A coisa impressionante é que todos aqueles que tiveram esta experiência, Nde, referem-se a praticamente a mesma coisa. A primeira é a consciência que está morta. Depois, se encontram no alto e veem o próprio corpo, em baixo, rodeados de pessoas. Alguns percorrem um longo e escuro túnel, que no seu fim tem uma maravilhosa luz. Sensação de paz profunda, de total bem-estar, algumas vezes encontro com pessoas queridas que já faleceram e com seres luminosos. Vários dizem ter visto um “filme” da própria vida. E muitos são aqueles que, voltando ao mundo, mudaram o próprio modo de viver, com um sentido mais próximo a perspectiva cristã.
Mas existe também uma minoria que encontrou presenças obscuras e aterrorizantes, e sentiu angústia e perturbação por causa deles. Escreveu Socci: “Antes de tudo surpreende constatar as dimensões do fenômeno. Cerca de um terço daqueles que viveram um coma, uma morte cerebral e uma reanimação, relatam ter vivido uma experiência de pré-morte”, ou seja, a chamada Near-Death Experience. Existem também testemunhas famosas como as atrizes Elizabeth Taylor, Jane Seymour, Sharon Stone e o ator Peter Sellers.
Esta história da Nde não é um fato moderno. Socci recorda que Nde se “encontra ampla menção mesmo num importante diálogo platônico, na Republica (380 a. C), onde o filósofo conta a história do soldado Er, que despertou depois de doze dias de morte e relatou ter visitado a vida após a morte, onde acontecerá o juízo de cada alma, relacionado a ação do Bem e do Mal”. Socci, porém, é um escritor que se declara católico e dedica muita parte do seu livro aos “retornados da vida após a morte”, graças às orações dos santos.
O americano p. Albert J. Hebert, em 1986, analisou muitos processos de beatificações e canonizações, encontrando 400 milagres de ressurreições. Iniciam com aqueles realizados por São Pedro e São Paulo nos Atos dos Apóstolos, até Don Bosco, Padre Pio e o bispo americano Fulton Sheen (uma ressurreição foi atribuída a ele em 2010). Sem esquecer São Patrício, que fazia ressurgir gente morta. São Irineu (século II), escreve que “frequentemente acontece na comunidade, quando a Igreja inteira local implora com jejum e orações, o espírito do morto retorna e a vida do homem é restituída às orações dos santos”.
E Sozomeno, histórico da Igreja (século V), relata da queda de uma senhora grávida da janela da Basílica de Anastasis em Constantinopla, que morta, voltou a vida graças as orações dos fiéis. Contudo, não é preciso nem mesmo a presença de grandes santos taumaturgos, basta as orações sinceras dos fiéis. Como no caso da filha de Socci, mas claro que não é algo automático, porque é Deus que escolhe a quem dará uma segunda chance. E não é um privilégio, mas responsabilidade.
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