quinta-feira, 10 de abril de 2014

Não chamem Francisco de ‘o papa bom’, pede cardeal

Missa no domingo aos novos cardeaisCapovilla secretariando o Beato João XXIII
Missa no domingo aos novos cardeaisCapovilla secretariando o Beato João XXIIIBérgamo  – "Por favor, não o chamem mais de ´o papa bom´. Já são 50 anos que luto contra esta definição. É usada pela mídia de modo inapropriado, quase que para colocar João XXIII em contraposição com quem o precedeu e sucedeu: Pio XII e Paulo VI, que não eram, em nada, papas maus”. Foi o que afirmou o cardeal Loris Capovilla, de 98 anos, histórico secretário de João XXIII, pedindo que sejam revistos os “cânones”, sobretudo jornalísticos, com os quais é tratada a figura do papa Roncalli. 

Na entrevista concedida ao semanário “A Sua Immagine”, o secretário de João XXIII chama a atenção para o fato de que "a bondade é uma virtude obrigatória para ser cristão, assim como a prudência, a temperança, a fortaleza... Não é que podemos nos consolar dizendo que existiu um papa bom e que nós podemos fazer como queremos. Em realidade se pensa que a bondade não é para ser imitada, por isto se louva alguém porque é bom”. 

"A mensagem do Papa Francisco – continuou Dom Loris Capovilla – é muito clara: a boa conduta é uma virtude irrenunciável quando se quer seguir o Evangelho. Entendemos isto ou não?”. 

Dom Capovilla – recém nomeado cardeal pelo Papa Francisco – recordou como nasceu esta atribuição dada a João XXIII: “não foi nem a imprensa nem os poderosos mas o povo romano, os operários, os simples”. “Era 7 de março de 1963 – recordou ele -, estava prevista uma visita à Paróquia de São Tarcisio em ‘Quarto Miglio’, mas estávamos em plena campanha eleitoral. E os paroquianos, com o consenso dos responsáveis e dos partidos, decidiram dar aos manifestantes que faziam propaganda” cartazes com a frase: ´Viva o Papa bom´". 

Continuando a recordar aqueles momentos, o ex-secretário do papa Roncalli declarou agradecer ao povo romano “pela sua espontaneidade e amor para com o papa João. Este amor o vemos depois, quando souberam que estava doente, então se dirigiram à Praça São Pedro para rezar por ele, como faziam também nas suas casas. De joelhos, comovidos, pois sabiam que ele estava mal e o perderiam. Eu choro, me comovo, cada vez que penso na bondade do povo romano para com o papa. Mas os jornalistas, sobretudo os de direita, usavam esta palavra para mortificar seu pontificado, que ao contrário, como o sabemos, foi muito importante para a Igreja e para o mundo, pelo Concílio, pela causa da paz e também pelo seu estilo”. 

“O papa Francisco no sei jeito, concluiu, tem uma capacidade de proximidade com as pessoas que recorda Roncalli”.
SIR

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