Marcus Eduardo de Oliveira
Fazer a transição de uma economia “marrom” (sistema produtivo atual, muito poluente, dilapidador das bases da natureza, amparado em combustíveis fósseis) para uma economia “verde” (com baixa emissão de carbono, uso de energias limpas, que promova a preservação do meio ambiente) é o premente desafio colocado para “equilibrar” ecologicamente um único planeta – com evidentes limites físicos - que congrega 7 bilhões de pessoas consumindo.
O desafio, portanto, é ímpar: ao mesmo tempo em que se procura respeitar e preservar o meio ambiente, diminuindo a sanha produtivista das economias modernas – e, por isso, poluentes e “produtoras” de dejetos - que enxergam nas políticas de crescimento econômico o paradigma de prosperidade, intenciona-se fazer a inclusão dos milhões de excluídos que estão longe do alcance da chamada economia do bem-estar social, vivenciando de perto o cenário de uma desigualdade socioeconômica que, dentre tantas outras manifestações desiguais e de falta de equilíbrio social, afasta a alimentação diária das bocas de 1 bilhão de pessoas.
Os benefícios advindos da implementação de uma economia ambientalmente equilibrada, com destaque especial para a geração dos chamados empregos verdes (empregos que proporcionam baixa emissão de gases poluentes, não impactando negativamente o meio ambiente) são bem conhecidos: racionalização do uso e preservação dos recursos naturais e dos ativos ambientais, maximização da eficiência energética, utilização de energias limpas, utilização racional da água entre outros.
Já há uma farta literatura produzida por organismos internacionais evidenciando os benefícios da economia verde. Os resultados expressos no relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho), lançado em 2009 sob o título de “Construindo uma Economia Verde Inclusiva para Todos”, deixa claro que é possível organizar a economia direcionando-a em busca de um sistema mais equilibrado, mais favorável, portanto, ao meio ambiente.
Dentre outros fatos importantes, esse referido relatório aponta que “uma transição à Economia Verde pode retirar milhões de pessoas da pobreza e mudar o sustento de cerca de 1,3 bilhão de pessoas que ganham apenas 1,25 dólares por dia. No entanto, bases políticas fortes e investimentos dos setores público e privado são necesssários”.
De acordo com o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), o montante equivalente a US$ 1,3 trilhão por ano ajudaria no processo de transição à uma economia verde.
Em 2011, em relatório produzido pelo Pnuma a discussão em prol de uma economia favorável ao meio ambiente passou pela recomendação de investimentos em dez setores-chave da economia: agricultura e pesca; construção, energia, florestas, indústria, turismo, transportes, água e resíduos e metrópoles.
Mas sobre esses dez setores, isso é um assunto para tratarmos em nosso artigo de amanhã, aqui mesmo em nossa coluna diária.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor, com mestrado pela (USP)
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