Roteiro Homilético
A proposta de reflexão da liturgia dominical é de autoria do Pe. Johan Konings SJ, preprada pelo Pe. Jaldemir Vitório SJ, reitor e professor da FAJE.
No evangelho, Jesus narra uma parábola. Naquele tempo, os povoados tinham seu curral (redil) comunitário. O curral tinha um portão, por onde os pastores entravam para chamar as suas ovelhas (que conheciam a voz de seu pastor), e por onde as ovelhas passavam para ir pastar. Mas também apareciam sujeitos que abriam uma brecha na cerca em vez de entrar pela porta: os ladrões. Até aí a parábola (versos 1-5). Depois, Jesus explica: ele mesmo é essa porta por onde pastores e ovelhas devem passar. Pastor que não passa por ele, não serve para os fiéis. E também os fiéis têm de passar por ele para encontrar a vida que procuram.
Pastor mesmo é quem passa através de Jesus e faz o rebanho passar por ele.
Neste sentido, as pregações apostólicas apresentadas nas leituras de hoje são eminentemente pastorais. São obra de pastores que passaram por Cristo e nos conduzem a ele e – através dele – ao Pai. Veja só, na 1ª leitura o apelo à conversão e a entrada no “rebanho” mediante o batismo, depois da pregação de Pedro (At 2,14a.36-41,). E, na 2ª leitura (1Pd 2,20b-25), Pedro lembra aos fiéis que, outrora ovelhas desgarradas, eles estão agora junto ao verdadeiro pastor, Jesus.
O sentido fundamental da pastoral é ir aos homens por Cristo e conduzi-los através dele ao verdadeiro bem. As maneiras podem ser muitas; antigamente, mais paternalista talvez; hoje, mais participativa. Mas pode-se chamar de pastoral uma mera ação social ou política associada a setores da Igreja ou a suas instituições? Isso ainda não é, de per si, pastoral. Para ser pastoral, a atuação precisa ser orientada pelo projeto de Cristo, que ele nos revelou dando sua vida por nós.
Nesta ótica, os pastores devem ir aos fiéis (não aguardá-los de braços cruzados), através de Cristo (não através de mera cultura ou ideologia), para conduzi-los a Deus (e não apenas à instituição da Igreja), fazendo-os passar por Cristo, ou seja, exigindo adesão à prática de Cristo. E os fiéis devem discernir se seus pastores não são “ladrões e assaltantes”. O critério para discernir isso é este: se eles chegam através de Cristo e fazem passar os fiéis por ele.
Pelas palavras do Novo Testamento, parece que toda salvação passa por Cristo. Mas isso deve ser entendido num sentido inclusivo, não exclusivo. Todo caminho que verdadeiramente conduz a Deus, em qualquer religião e na vida de “todos aqueles que procuram de coração sincero” (Concílio Vaticano II; Oração Eucarística IV), passa de fato pela porta que é Jesus. Portanto – e é isso que acentua o evangelho de João, escrito para pessoas que já aderiram à fé em Jesus –: não precisam procurar a salvação fora desse caminho. Isso vale ser repetido para os cristãos de hoje. ]
Por outro lado, não é preciso que todos confessem o Cristo explicitamente; basta que, nas opções da vida, eles optem pela prática que foi, de fato, a de Cristo. Agir como Cristo é a salvação. E é a isso que a pastoral deve conduzir.
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