segunda-feira, 23 de junho de 2014

Argentina pedirá à Justiça suspensão da sentença de pagamento a fundos

Ministro da economia do país fez discurso nesta segunda-feira (23).
Ele pedirá suspensão para continuar pagando as dívidas já renegociadas.

Do G1, em São Paulo
O ministro da Argentina, Axel Kicillof, disse que o governo pedirá a suspensão da sentença da Suprema Corte dos Estados Unidos que determinou o pagamento a fundos que não quiseram renegociar a dívida para que possa continuar pagando a parcela que foi renegociada.
Ministro da economia argentino disse que país pedirá suspensão da decisão da Justiça. (Foto: Reprodução/Telám)Ministro da economia argentino disse que país pedirá suspensão da decisão da Justiça. (Foto: Reprodução/Telám)
Na semana passada, a Justiça dos EUA rejeitou apelação da Argentina para evitar o pagamento de US$ 1,33 bilhão a credores de fundos de hedge (especulativos), que não aceitaram a renegociação da dívida do país, ao contrário de cerca de 92% dos demais credores.
“Estamos pedindo ao juiz Griesa (que deu razão aos fundos que se negaram a renegociar a dívida) uma medida suspensiva da sentença que obriga a pagar o total da dívida aos fundos abutres no momento de fazer o próximo pagamento da dívida argentina que ocorrerá em 30 de junho”, disse Kicillof em discurso no ministério da Fazenda, nesta segunda-feira (23).
Ele defendeu que a suspensão é necessária para o país continuar pagando os credores e "possa levar adiante um diálogo, que necessitamos que seja levado de maneira equitativa, justa e legal”, disse.
Entenda
Na semana passada, o governo da Argentina anunciou que não poderá pagar a próxima parcela da sua dívida reestruturada, prevista para 30 de junho. Com isso, na prática, o país dará um novo calote em parte de seus credores (investidores que compraram papéis da dívida do país).
O novo imbróglio argentino remonta à crise de 2001, quando em meio a grave crise econômica e política, a Argentina anunciou um calote em sua dívida pública, que era de cerca de US$ 100 bilhões.
Quatro anos depois, no governo Nestor Kirchner, o país tentou recuperar a credibilidade oferecendo a quem tinha sido prejudicado pelo calote pagamentos com descontos acima de 70%. Mais de 90% dos credores aceitaram a proposta e vêm recebendo esses pagamentos em parcelas (a dívida reestruturada). Os que não aceitaram, no entanto, recorreram a tribunais internacionais.
Em 2012, um dos casos, movido por fundos especulativos, recebeu uma decisão favorável da Justiça dos Estados Unidos, que determinou que a Argentina deveria pagar US$ 1,33 bilhão aos fundos. O governo argentino recorreu, e o caso chegou à Suprema Corte dos EUA, que decidiu manter a condenação, derrubando uma medida cautelar que suspendia os efeitos da determinação judicial anterior.
"A suspensão do 'stay' (medida cautelar) por parte da justiça impossibilita o pagamento em Nova York da próxima parcela da dívida reestruturada [as parcelas pagas aos credores que aceitaram o desconto] e revela a ausência de vontade de negociação em condições distintas às obtidas na sentença ditada pelo juiz Griesa", disse o ministério da Economia argentino.

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