quarta-feira, 25 de junho de 2014

Pinguim-imperador pode ser mais resiliente

Para chegar a essa conclusão, pesquisa monitorou durante cerca de 60 anos a colônia da Pointe Géologie.

O pinguim-imperador é conhecido por todos os anos retornar à mesma colônia para botar ovos e criar seus filhotes, e por isso era considerado particularmente vulnerável às mudanças climáticas, já que seu habitat está se degradando à medida que o clima se torna mais extremo. Mas um novo estudo sugere que tanto a fidelidade dos pinguins aos seus locais de reprodução quanto sua vulnerabilidade às mudanças climáticas podem ser questionadas.

Para chegar a essa conclusão, a pesquisa monitorou durante cerca de 60 anos a colônia de pinguins-imperadores da Pointe Géologie – aquela que foi mostrada no documentário A Marcha dos Pinguins. À medida que o gelo marítimo onde a colônia vive recuava, aumentavam as preocupações dos cientistas com a sobrevivência dos animais.

De fato, durante cinco anos da década de 1970, os pesquisadores registraram uma queda acentuada na população da colônia. Para se ter uma ideia, o número de casais – que são os mesmos a vida inteira – diminuiu de seis mil para três mil, e supôs-se que os animais haviam morrido devido aos efeitos das mudanças climáticas.

Só que, ao que tudo indica, não foi isso o que aconteceu. Imagens de satélite em alta resolução mostraram que a Pointe Géologie não é uma colônia isolada, como se pensava anteriormente, e que outras colônias surgiram próximas a ela, o que indica que as aves que ‘sumiram’ na verdade apenas foram para outros locais de reprodução.

Em três anos, os cientistas encontraram seis pontos que os pinguins-imperadores escolheram como novos locais de reprodução.

“É possível que as aves tenham se mudado de Pointe Géologie para esses outros pontos e isso significa que talvez essas aves não tenham morrido. Se queremos conservar com precisão as espécies, realmente precisamos saber o básico. Acabamos de aprender algo inesperado, e deveríamos repensar como interpretamos as flutuações das colônias”, observou Michelle LaRue, principal autora do estudo da Universidade de Minnesota, em um release da instituição.

Segundo os pesquisadores, isso sugere que os animais podem ser mais adaptáveis às mudanças climáticas do que se pensava, já que não são tão ‘fiéis’ a seus locais de reprodução, e podem se mudar quando necessário.

“Nossa pesquisa, ao mostrar que colônias parecem aparecer e desaparecer ao longo dos anos, desafia os comportamentos que achávamos que entendíamos sobre os pinguins-imperadores. Se supuséssemos que essas aves voltam às mesmas localidades todos os anos, sem falta, essas novas colônias que vemos nas imagens de satélite não fariam nenhum sentido”, comentou LaRue.

“Essas aves não apareceram simplesmente do nada – elas tiveram que vir de outro lugar. Isso sugere que os pinguins-imperadores transitam entre colônias. Isso significa que precisamos rever como interpretamos mudanças populacionais e as causas dessas mudanças”, concluiu LaRue.

Os resultados do estudo serão apresentados na próxima edição do periódico Ecography.
Instituto Carbono Brasil

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