O L’Osservatore Romano evidencia a consonância das temáticas tratadas nos dois distintos momentos, claramente inspiradas por uma profunda reflexão sobre a Evangelii gaudium, na qual o Papa Francisco estigmatizou o que ele mesmo define como “a globalização da indiferença” e a “economia da exclusão”.
No documento, lê-se entre outras coisas, que “problemas foram exacerbados pelo fato que, atualmente, a atividade econômica é medida somente em termos de Produto Interno Bruto (PIB) e não leva em consideração a degradação da Terra e nem as desigualdades entre os países e dentro de cada país”.
É explicitada também a denúncia dos “abismos inaceitáveis entre ricos e pobres. Estes últimos, de fato, não têm ainda acesso a maior parte dos progressos”. O texto exemplifica que 50% da energia disponível é usufruída por um bilhão de pessoas, enquanto os impactos negativos sobre o ambiente atingem três bilhões de pessoas às quais, entre outros, é negado o acesso à energia.
Outra denúncia diz respeito à degradação do meio-ambiente provocada pelo maciço uso de combustíveis fósseis, que provocam mudanças climáticas. O aquecimento e as condições meteorológicas extremas estão destinados a crescer. E o mais grave, é que as maiores conseqüências serão suportadas pelos pobres, mesmo tendo um papel mínimo na degradação, mas não somente. De fato, não obstante uma exploração do solo sem precedentes, a insegurança alimentar é ainda uma ameaça concreta. Atualmente no mundo, um bilhão de pessoas sofre de fome crônica e outro bilhão da denominada “fome escondida”, devido à carência de micronutrientes, enquanto um terço da comida produzida no planeta é desperdiçada.
Torna-se evidente, portanto, “que a relação da humanidade com a natureza – lê-se ainda no documento – deve ser administrada por meio de ações de cooperação coletiva em todos os níveis”. O desafio maior permanece, todavia, o de superar os obstáculos à sustentabilidade e à inclusão humana, elencados na mensagem como: “a desigualdade, a injustiça, a corrupção e o tráfico de seres humanos”
Apesar do quadro não muito otimista, os acadêmicos concluem com um voto de esperança: que sobre estes temas “todas as religiões e todos os indivíduos de boa vontade” possam chegar a um acordo comum. “Porque – explicam – um mundo mais são, mais seguro, mais justo, mais próspero e mais sustentável está ao nosso alcance”. (OR – JE)
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