quinta-feira, 3 de julho de 2014

Elefante branco com 662 torcedores por jogo

Há um ano do começo da Copa do Mundo no Brasil usei este espaço para falar sobre o futuro dos estádios da Copa. Disse, na ocasião, que o mais preocupante não era o gasto com os alguns estádios, mas o que seria feito com as arenas pós-mundial. Nem foi preciso o Mundial terminar para o problema vir à tona. Os primeiros elefantes brancos da Copa já estão ‘soltos’.
A Arena Amazônia, que recebeu apenas jogos da fase de grupo, deve gerar prejuízo aos cofres públicos de  R$ 6 milhões por ano (estimativa feita por Ivan Guimarães, diretor de competições da Federação Amazonense de Futebol). Ao contrário dos estádios dos grandes centros do futebol brasileiro, a Arena Amazônia, que custou R$ 594 milhões financiados pelo BNDES, ainda é de responsabilidade do governo estadual. O milagre, neste caso, será passar o abacaxi para a iniciativa privada. Quem vai querer administrar um estádio com previsão de custo de manutenção mensal de R$ 500 mil?
O futebol regional no Amazonas praticamente não existe. Todos, inclusive o Governo Federal, sabiam disso. Para se ter uma ideia, a média de público do Campeonato Amazonense deste ano, vencido pelo Nacional de Manaus, foi de apenas 662 torcedores por jogo. O público total nas 59 partidas da competição foi de 41.540 torcedores, número insuficiente para ocupar os poucos mais de 43 mil lugares da Arena Amazônia.
O caso de Manaus é apenas um dos problemas. Pelos menos outros dois elefantes brancos estão em Cuiabá e em Brasília (arena mais cara da Copa). A decisão de ter 12 sedes no Mundial não foi da Fifa. Aliás, a entidade máxima de futebol foi contra. No entanto, o governo federal pressionou.  Afinal, política e futebol caminham lado a lado. Mais sedes, mais corrupção, mais apoio, mais conchavos e muito mais dinheiro para gastar e desviar. 2014 não é ano somente de Copa do Mundo. Tem eleições.
Não foi falta de exemplo
O governo brasileiro sabia muito bem qual o risco de construir arenas em excesso. O exemplo mais recente veio do Mundial de 2010. A África do Sul gasta bilhões para manter a herança ‘deixada pela Copa. Imponente e luxuoso, o Cape Town Stadium, na Cidade do Cabo, custa R$ 13 milhões por ano aos cofres públicos.

No caso do Brasil, a melhor solução será derrubar alguns estádios, para estancar a inevitável sangria nos cofres públicos.

Rômulo ÁvilaÉ jornalista formado pela Newton Paiva. Foi repórter esportivo durante dois anos do extinto Diário da Tarde (tradicional periódico de BH fechado pelos Associados Minas em julho de 2007). Atualmente é repórter do Portal DomTotal. Antes de cursar comunicação, foi jogador de futebol profissional. Começou no Villa Nova-MG e passou pelo futebol paulista e nordestino. 

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