segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A hora do Oriente Médio

Comunidade internacional se vê diante da pavorosa situação mostrada pelo sangrento Estado Islâmico.

Por Richard Furst*

JERUSALÉM - Antes mesmo de uma resposta - que está longe de aparecer para o conflito entre israelenses e Gaza - as atenções se voltam para o Iraque e parte da Síria. Não só da mídia, mas da comunidade internacional, que se vê diante da pavorosa e inacreditável situação escancaradamente mostrada pelas imagens divulgadas pelo sangrento Estado Islâmico - e daquilo que a imprensa internacional consegue ter alcance.

Quando a ofensiva israelense em Gaza teve início, em 8 de julho, os meios de comunicação, autoridades internacionais e organizações dos direitos humanos tiraram o foco da Síria para as vítimas israelenses e palestinas. Não por menos: neste período, o conflito já deixa mais de 2 mil mortos, 10 mil feridos, milhares de desabrigados e mobiliza milhões pelo mundo em manifestações de diversos aspectos.

Agora, no Iraque, o que se vê são milhares de crianças órfãs, mulheres feitas de escrava, montanhas de mortos a cada dia e a esperança de tempos de paz cada vez mais distante.

Ao ver algumas divulgações do Estado Islâmico, a referência que me veio imediatamente "à cabeça" foi a imagem propagada de Tiradentes, em seu martírio de 21 de abril. Degolados, os corpos eram posto em praça para mostrar o poder do califado.

Eu saí imediatamente debaixo de uma cúpula da cidade antiga de Jerusalém, de onde assistia com um amigo às gravações, e fui atrás de um comunidade iraquiana que vive praticamente escondida.

A reação não foi diferente, ao conversar com diferentes grupos de uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo, que teve origem no Iraque, os caldeus. Os bispos evitam tocar no assunto ou tomar posição, com medo da reação das palavras.

Porém, os sobreviventes, pessoas simples e até outros fiéis caldeus comuns, me disseram que não há outra saída para amenizar a situação no Iraque que a intervenção dos Estados Unidos e dos países europeus. A Alemanha, por exemplo, além do apoio, entregou material bélico para o Curdistão iraquiano, neste domingo.

Já no Egito, fez um ano das mortes em série da Irmandade Muçulmana, do toque de recolher e da posse militar. Na época, eu sai de lá pelo Mar Vermelho e comecei uma jornada em Amã e Petra, passei por Israel e territórios palestinos, Turquia e Grécia. Até que eu voltei ao Cairo por um tempo. Neste ano, mal se falou desta cruel data.

Em frente a tudo isso, Síria está lá, a espera de ganhar um foco. Mas esse voltará aos sírios e, de repente, irá para outro ponto em que as hostilidades parecerem ainda mais fortes.
*Richard Furst é jornalista e mora em Jerusalém.

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