Sobre o tema da reunificação, que continua a ser uma ferida aberta para o povo coreano, o bispo se diz relativamente confiante de que a situação vai evoluir em um futuro não muito distante. “Estamos divididos apenas a partir de 1945, mas nós somos o mesmo povo, temos a mesma língua e cultura”, disse. “A atual situação na Coréia do Norte não pode continuar por muito tempo: está na fisiologia das coisas”. De acordo com Dom U-ill Kang, as mudanças em Pyongyang terão início a partir de dentro e já há sinais esporádicos, mas significativos de rebelião contra o regime. Estas rebeliões - explica - não têm motivações políticas, mas são ditadas pelas duras condições de vida no país: “A fome é um motor de rebelião mais forte do que os ideais de democracia e justiça”.
Na entrevista, o bispo de Cheju se detém ainda sobre a situação interna da Igreja na Coréia do Sul, em especial sobre as divisões no clero coreano, sobre as quais falam os meios de comunicação, entre os apoiadores de posições consideradas mais “progressistas” e os que apóiam posições “conservadoras”. Na opinião do prelado, não se trata tanto de divisões doutrinárias, mas sim de duas diferentes “visões” do papel da Igreja: uma que deseja maior presença nas questões sociais, a exemplo do Cardeal Kim durante os anos da ditadura; a outra, ao invés, acredita que essa não é sua tarefa. Segundo alguns, acrescentou o prelado, a visita do Papa poderia ser uma oportunidade para relançar a questão das desigualdades e injustiças sociais que afetam especificamente os jovens na Coréia do Sul, à luz da doutrina social da Igreja, que é pouco conhecida pelos fiéis. “O episcopado deveria se comprometer mais nesta frente, mas isso requer tempo”, disse Dom U-ill Kang. (SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário