Até 2050 população deve dobrar, alcançando dois bilhões de pessoas, a maioria dependente da agricultura.
Um novo relatório publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) afirma que investimentos em ações de adaptação climática de baixo custo podem garantir que os impactos das mudanças climáticas não impeçam o crescimento dos países africanos.
O documento, intitulado Keeping Track of Adaptation Actions in Africa (KTAA) - Targeted Fiscal Stimulus Actions Making a Difference (Monitorando ações de adaptação na África – ações de estímulo fiscal fazem a diferença), inicia apontando os atuais e futuros impactos previstos das mudanças climáticas nos modos de sobrevivência, agricultura e saúde humana e ecossistêmica no continente.
Por exemplo, o texto indica que os africanos podem ser atingidos por um declínio de 20% a 50% na disponibilidade de água. Além disso, até 2050 a população da África deve dobrar, alcançando dois bilhões de pessoas, a maioria dependente da agricultura para sua sobrevivência.
“Com 94% da agricultura dependente das chuvas, os futuros impactos das mudanças climáticas – incluindo o aumento de secas, enchentes e do nível do mar – podem reduzir o rendimento das colheitas em algumas partes da África em 15% ou 20%. Tal cenário, se não solucionado, pode ter implicações graves para os Estados mais vulneráveis da África”, alertou Achim Steiner, sub-secretário-geral da ONU e diretor executivo do PNUMA.
Por isso, a segunda parte do relatório mostra como alguns países do continente, através de ações de adaptação climática de baixo custo, estão conseguindo melhorar a saúde e o funcionamento de ecossistemas; capacitar comunidades para gerir sustentavelmente ecossistemas; melhor a produtividade agrícola; e armazenar água de forma inovadora.
Um dos casos apontados é de um projeto de ecossistemas aquáticos na comunidade local de Timbou, no Togo, que levou a um aumento do acesso à água para uso humano, agricultura e gado de 448%.
Outro é de um projeto de ecossistemas florestais de US$ 100 mil em Ruanda e Uganda que treinou 2,5 mil agricultores em gestão da terra, estabelecendo 432 hectares de terraços graduados, 74 quilômetros de vias fluviais, 105 hectares de sistemas de drenagem e 789 hectares de floresta. O projeto também ajudou a dar origem a um investimento de US$ 25 milhões pelo Ministério da Agricultura de Ruanda.
“Usando projetos implementados em vários países da África subsaariana, o relatório KTAA demonstra claramente como os investimentos em ações de adaptação podem oferecer não apenas soluções de baixo custo para desafios das mudanças climáticas, mas podem na verdade estimular economias locais através do uso mais eficiente do capital natural, da criação de empregos e do aumento da renda familiar”, observou Steiner.
“Integrando as estratégias de adaptação às mudanças climáticas a políticas de desenvolvimento nacional, os governos podem oferecer caminhos de transição para o crescimento verde e proteger e melhorar a vida de centenas de milhões de africanos”, concluiu o diretor executivo do PNUMA.
Instituto Carbono Brasil
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