Ao G1, Gregório Graziosi diz que São Paulo 'ignora passado e memória'.
'Obra' tem Irandhir Santos, Lola Peploe e Julio Andrade no elenco.
O cineasta paulistano Gregório Graziosi é o único brasileiro selecionado para o Festival de Cinema de Toronto deste ano, que acontece entre 4 e 14 de setembro, onde vai exibir seu primeiro longa-metragem. "Obra" tem Irandhir Santos ("O som ao redor"), Julio Andrade ("Não pare na pista") e a inglesa Lola Peploe ("A rainha"). O longa está na Mostra Discovery, destinada a descobrir novos talentos. Graziosi fechou contrato com a FiGa Films, distribuidora americana que criou um selo para produções brasileiras. Por aqui, "Obra" tem estreia nos cinemas prevista para 2015.
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"Tive cuidado para escolher as pessoas certas para dar vida a cada personagem, mesmo que fosse apenas um olhar sem falas", diz o diretor ao G1. "Tenho certeza que esse cuidado faz diferença no resultado final". O elenco também conta com Sabrina Greve, Marisol Ribeiro, Helena Albergaria, Ravel Andrade, entre outros.
"Obra" mostra um arquiteto (Irandhir) que descobre um cemitério clandestino num terreno que pertenceu a sua família e isso vai desestabilizar sua vida. Gravado no centro de São Paulo, o filme "foca na relação entre indivíduo e metrópole". "Nascer e crescer na cidade de São Paulo não é fácil. Uma das maiores cidades do mundo, devotada à vida cotidiana, ignora questões relativas ao passado e à memória", lamenta. Ele diz que "Obra" tem foco na relação entre indivíduo e metrópole. "É um conto sobre o impacto do passado no presente", resume.
Graziosi já teve curtas exibidos em festivais importantes como Cannes e Locarno, mas espera ainda mais visibilidade com a ida à Toronto. "Nunca havia sido convidado para um grande festival norte-americano. A seleção foi uma surpresa, especialmente pela inserção na categoria Discovery", explica, animado com o espaço dado a "diretores para observar, o futuro do cinema mundial". Para o diretor, "Obra" é um filme "bem realizado, tenso, mas não é exatamente um filme fácil".
O cineasta diz que conheceu Lola Peploe em 2012, no lançamento do meu curta "Monumento", durante o Festival de Locarno, na Suíça. "Ela mostrou interesse no argumento do 'Obra'. Por conta de seu brilho, percebi que ela era a mulher certa para o papel. Quase um oásis humano", exagera. "Contar com seu carisma radiante durante as filmagens foi especial".
Julio Andrade, o antagonista, foi o primeiro ator que imaginou no projeto. "Ele tem uma presença tão forte, que não se deixa esquecer e ecoa por todo o filme. Junto com ele, realizei meu curta de conclusão de curso na Faap, o 'Mira'", recorda. A relação com Irandhir Santos veio com as filmagens do inédito "Permanências", de Leonardo Lacca. "Fiquei impressionado com sua capacidade de concentração e precisão dos gestos que repetia. Esse é um papel mais introspectivo, diferente dos que ele está acostumado a interpretar", antecipa.
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