quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Brasileiro exibe filme em Toronto e fala de inspiração: 'SP não é fácil'

- Atualizado em 28/08/2014 07h15

Ao G1, Gregório Graziosi diz que São Paulo 'ignora passado e memória'.

'Obra' tem Irandhir Santos, Lola Peploe e Julio Andrade no elenco.

Letícia MendesDo G1, em São Paulo
O diretor Gregório Graziosi (à esq.) ao lado do ator Irandhir Santos no set de filmagens de 'Obra' (Foto: Divulgação)O diretor Gregório Graziosi (à esq.) ao lado do ator Irandhir Santos no set de filmagens de 'Obra' (Foto: Divulgação)
O cineasta paulistano Gregório Graziosi é o único brasileiro selecionado para o Festival de Cinema de Toronto deste ano, que acontece entre 4 e 14 de setembro, onde vai exibir seu primeiro longa-metragem. "Obra" tem Irandhir Santos ("O som ao redor"), Julio Andrade ("Não pare na pista") e a inglesa Lola Peploe ("A rainha"). O longa está na Mostra Discovery, destinada a descobrir novos talentos. Graziosi fechou contrato com a FiGa Films, distribuidora americana que criou um selo para produções brasileiras. Por aqui, "Obra" tem estreia nos cinemas prevista para 2015.
"Tive cuidado para escolher as pessoas certas para dar vida a cada personagem, mesmo que fosse apenas um olhar sem falas", diz o diretor ao G1. "Tenho certeza que esse cuidado faz diferença no resultado final". O elenco também conta com Sabrina Greve, Marisol Ribeiro, Helena Albergaria, Ravel Andrade, entre outros.
"Obra" mostra um arquiteto (Irandhir) que descobre um cemitério clandestino num terreno que pertenceu a sua família e isso vai desestabilizar sua vida. Gravado no centro de São Paulo, o filme "foca na relação entre indivíduo e metrópole". "Nascer e crescer na cidade de São Paulo não é fácil. Uma das maiores cidades do mundo, devotada à vida cotidiana, ignora questões relativas ao passado e à memória", lamenta. Ele diz que "Obra" tem foco na relação entre indivíduo e metrópole. "É um conto sobre o impacto do passado no presente", resume.
Irandhir Santos e Julio Andrade no filme 'Obra' (Foto: Divulgação)Irandhir Santos e Julio Andrade no filme 'Obra'
(Foto: Divulgação)
Irandhir Santos e Lola Peploe no filme 'Obra' (Foto: Divulgação)Irandhir Santos e Lola Peploe no filme 'Obra'
(Foto: Divulgação)
Graziosi já teve curtas exibidos em festivais importantes como Cannes e Locarno, mas espera ainda mais visibilidade com a ida à Toronto. "Nunca havia sido convidado para um grande festival norte-americano. A seleção foi uma surpresa, especialmente pela inserção na categoria Discovery", explica, animado com o espaço dado a "diretores para observar, o futuro do cinema mundial". Para o diretor, "Obra" é um filme "bem realizado, tenso, mas não é exatamente um filme fácil".
O cineasta diz que conheceu Lola Peploe em 2012, no lançamento do meu curta "Monumento", durante o Festival de Locarno, na Suíça. "Ela mostrou interesse no argumento do 'Obra'. Por conta de seu brilho, percebi que ela era a mulher certa para o papel. Quase um oásis humano", exagera. "Contar com seu carisma radiante durante as filmagens foi especial".
Julio Andrade, o antagonista, foi o primeiro ator que imaginou no projeto. "Ele tem uma presença tão forte, que não se deixa esquecer e ecoa por todo o filme. Junto com ele, realizei meu curta de conclusão de curso na Faap, o 'Mira'", recorda. A relação com Irandhir Santos veio com as filmagens do inédito "Permanências", de Leonardo Lacca. "Fiquei impressionado com sua capacidade de concentração e precisão dos gestos que repetia. Esse é um papel mais introspectivo, diferente dos que ele está acostumado a interpretar", antecipa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário