sábado, 23 de agosto de 2014

Romero, a outra reviravolta do papa dos humildes

Papa pretende beatificar Oscar Arnulfo Romero, arcebispo de San Salvador, assassinado por milicianos.
Por Luigi Accattoli

Francisco pretende beatificar o arcebispo Romero e aguarda o resultado do processo que espera que seja rápido: ele disse isso aos jornalistas no avião de volta da Coreia.

A questão é relevante não tanto para o Oscar Arnulfo Romero, arcebispo de San Salvador, assassinado no altar em março 1980 pelos milicianos da ditadura que havia ele havia posto sob acusação: o reconhecimento do seu "martírio" já teria chegado, de tanto que ele está claro e já confessado pelos mandantes da execução.

É relevante – como mencionou o papa – para os muitos cristãos que, na América Latina, pagaram com a vida a sua "opção pelos pobres".

"O processo – disse Francisco – estava bloqueado por prudência", mas agora "está desbloqueado", e se busca "fazê-lo com pressa", esclarecendo "quando há o martírio seja por confessar o Credo, seja por fazer as obras que Jesus nos manda, com o próximo".

Uma esclarecimento importante, "porque – disse ainda o papa – atrás dele está Rutilio Grande e há outros que foram mortos". Rutilio Grande é um jesuíta salvadorenho morto em março de 1977, e só os jesuítas daquele país contam com outros seis mártires (o mais conhecido é Ignacio Ellacuría), massacrados na sua residência em novembro de 1989.

O bloqueio do processo "por prudência" havia sido explicado por Bento XVI falando também ele no avião durante uma viagem ao Brasil, em 2007: "Havia o problema de que uma parte política queria tomá-lo para si como bandeira", e se tratava de "trazer à tona do modo justo a sua figura".

A Igreja – e Francisco nela – se sente instada a que Romero seja reconhecido como "testemunha" de Cristo, e não como imprópria testemunha da guerrilha de matriz marxista. Hoje, existem as condições para esse esclarecimento. Mas Romero já havia sido honrado como mártir pelo Papa Wojtyla, que, por duas vezes, fora ao seu túmulo e que, em maio de 2000, o havia nomeado na "Comemoração das testemunhas da fé do século XX", colocando-o à frente de 333 cristãos mortos nas Américas no século passado, em grande parte por motivo da sua ação em defesa dos últimos.

Um filão do martírio cristão que está no coração do papa argentino.
Corriere della Sera, 21-08-2014.

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