segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Uma nova chance à paz

Diante da construção de colônia israelense em território palestino, a saída é a convivência.

Por Richard Furst*
​Jaffa, Israel - ​Por mais utópicas que possam parecer, eu prefiro as ideias que servem para somar às propostas​ que mostram só um lado​.

​Como exemplos, de conceitos que eu não gosto, estão o sofrimento dos palestinos, a soberania israelense ou os motivos de combate de Israel e a culpa do terrorismo. Estes conceitos isolados são importantes e fundamentais na busca de uma resposta, mesmo assim é incrível ver os dois povos juntos.

Eu abro um sorriso quando vejo ideias que unem os dois povos, mesmo que na solução de dois estados (Israel e Palestina).

É o caso de "Daçando em Jaffa" (Dancing in Jaffa)​, filme dirigido por Hilla Medalia, premiado antes mesmo de ser lançado. A diretora raramente nos consegue transmitir o mesmo entusiasmo que Pierre Dulaine sente frente às crianças que dançam juntas: muçulmanas, cristãs, judias ou de famílias seculares.

Dulaine, um tetracampeão do mundo de danças de salão, decide levar o programa "Salas de aula dançantes" para Jaffa (local de onde eu escrevo este texto e cidade natal do dançarino).

Este é um lugar marcado pelas divisões entre as comunidades judaicas e israelense-palestinas. Porém, Pierre procura mudar a realidade ao colocar as crianças "dançando com o diferente" e procurando ensinar os pequenos ideais de tolerância, confiando uns nos outros. O israelense reúne cinco escolas distintas, após conseguir convencer vários pais e pedagogos.

Dulaine transforma suas vidas ao longo de quatro meses, o que confirma a convicção de que a arte pode preencher o ódio e fornecer os primeiros passos para uma mudança real.

​"Dançando em Jaffa" fez parte da programação 2014 do 18º Festival de Cinema Judaico, em São Paulo.

Ainda falando de grandes exemplos envolvendo a arte entre os dois povos, a orquestra fundada pelo pianista e maestro argentino-israelense Daniel Barenboim e por Edward Said, um intelectual de origem palestina, em 1999, também rendeu outro documentário.

“Knowledge is the Beginning” (2006), de Paul Smaczny, conta a história da West-Eastern Divan, um grupo jovem baseado em Sevilha, Espanha, formado por músicos palestinos, também do Egito, Irã, Israel, Jordânia, Líbano, Qatar e da Síria. Cerca de 40% dos músicos são israelenses e 40% do mundo árabe; também há músicos espanhóis.

Sob um grande aparato de segurança, os músicos israelenses tocaram com a orquestra em Ramallah, na Cisjordânia, em 2005.

Há um ano, eu conheci um grupo de atores judeus que se apresentam para crianças palestinas. Com tantas dificuldades, as apresentações e oficinas são cada vez menores. Entretanto, nunca pararam de trabalhar e de se encontrar com novos adolescentes e crianças.

As ideias existem, estão em diversos pontos. Agora precisam virar moda, sem perder a tendência.

Dançando em Jaffa. Veja o vídeo:

*Richard Furst é jornalista e mora em Jerusalem.

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