O Prêmio Nobel da Paz deste ano é uma forte chamada de atenção dirigida a todos os adultos do mundo. É hora de assumir como nosso o desafio de Malala Yousafzai, que quase perdeu a vida por defender que nenhuma criança seja privada do direito de estudar.
Assim como para Malala, para muitas crianças brasileiras o acesso à educação é uma vitória diária.Quase um milhão de crianças entre 6 e 14 anos estão fora da escola e, se considerarmos os menores entre 4 e 5 anos e os adolescentes de 15 a 17, temos 3,8 milhões de excluídos dos bancos escolares.
Entre as razões, o fato de que milhões de meninos e meninas trabalham para completar a renda das famílias ou para sobreviver. Muitos são submetidos a condições degradantes, como escravidão e exploração sexual. Milhares de meninas engravidam precocemente e acabam por abandonar os estudos. Sem falar nas cerca de 140 mil crianças com deficiências que também não encontraram lugar em nossas salas de aula.
Quando moram em áreas de violência, as crianças ficam impedidas de ir à escola diversas vezes ao ano. Algumas acabam cooptadas pelo tráfico. E pelo Brasil há, quase sempre, alguns milhares de crianças sem aula, devido a greves ou porque seus professores simplesmente desistiram da profissão.
É assustador o número de denúncias de violência e agressões contra crianças e mais da metade delas se refere ao que acontece no próprio ambiente familiar. Em 90% dos processos analisados, segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), as crianças são vítimas de espancamento, socos, tapas e chutes. A maioria dos casos não é denunciada e a criança sofre calada, ao longo dos anos.
Entre as formas de violência contra a infância não podemos deixar de incluir a das comunidades que vivem em pobreza extrema, sem alimentos, remédios e nem recursos para ampliar as oportunidades educacionais.
E até no mundo virtual não é fácil ser criança, com a disseminação de conteúdos de violência e pornografia e dos ambientes de atuação dos pedófilos.
Malala é uma inspiração para que lutemos pelo direito de milhões de meninos e meninas que, a cada dia, vencem a batalha de estudar e de aprender a sobreviver num mundo que, muitas vezes, parece feito contra elas. Se acreditamos que outra realidade é possível, com desenvolvimento sustentável e justiça social, vamos nos juntar a essa causa. Lutemos com Malala por nossas crianças.
*Fotos: Darren Staples/Reuters; Reprodução/TV Bahia.
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