quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Papa teve período de ´ostracismo´, revela livro

02/10/2014  |  domtotal.com

Segundo biografia, Jorge Mário Bergoglio foi exilado por dois anos por superiores jesuítas.

Buenos Aires – De 1990 a 1992, durante dois anos, antes de ser escolhido como bispo auxiliar de Buenos Aires, Jorge Mário Bergoglio foi “exilado” pelos seus superiores jesuítas na cidade de Córdoba: morava num quarto de 12 metros quadrados e sua única atividade era a de confessar. Uma biografia, publicada nos últimos dias na Argentina, apresenta novos testemunhos sobre este aspecto da vida do futuro papa e fala de uma “campanha de descrédito” em relação a ele. Os autores, dramatizando um pouco, a definiram “a noite obscura”  de Bergoglio.
 
Para escrever “Aquel Francisco” (“Aquele Francisco”, Editorial Raíz de Dos), os jornalistas Javier Cámara e Sebastián Pfaffen conseguiram conversar com o Papa. Enviaram-lhe perguntas, receberam respostas. Quando compararam o exílio em Córdoba com “a noite obscura”, utilizando a expressão da grande mística espanhola utilizada para definir os momentos de escuridão espiritual, Francisco minimizou: “’Noite obcura’” não a utilizarei para mim, não exageremos. A noite obscura é para os santos. Eu sou um ser qualquer. O de Cárdoba foi um tempo de purificação interior”.
 
Bergoglio, a 31 de julho de 1973, com 36 anos, sido escolhido provincial dos jesuítas da Argentina. “O meu governo como jesuíta no início teve muitos defeitos – afirmou o Papa um ano atrás na entrevista com o diretor da revista Civiltà Cattolica -. O meu jeito autoritário e rápido em tomar decisões foi causa para ser chamado de ultraconservador”.
 
Aquele exílio a Córdoba chega alguns anos após Bergoglio ter deixado a chefia da província. Padre Jorge deixa o ensino e sua única missão é a de confessar e ser diretor espiritual para os fiéis que frequentam a igreja dos jesuítas na cidade a 700 quilômetros de Buenos Aires.
 
No livro se afirma que o futuro papa foi mandado aí “como ‘castigo’“ pela nova liderança da Companhia. O provincial da época, padre Víctor Zorzín, tinha sido o número dois, isto é o vice-provincial, durante os anos em que Bergoglio governava o jesuítas argentinos. E, afirmam os autores, “não concordava com várias decisões tomadas pelo padre Jorge, seja em questões pastorais seja em questões de governo”. De acordo com os testemunhos colhidos pelos dois jornalistas, durante os anos do provincial Zorzín (1986-1991) e no começo de seu sucessor Ignacio García-Mata, teria sido montada uma “campanha de descrédito que superava também os confins da província Argentina”.
 
Padre Angel Rossi, filho espiritual de Bergoglio, contou um exemplo desta campanha de descrédito: boatos nascidos “de fontes jesuíticas”, de acordo com as quais aquele homem, que tinha sido “provincial da Companhia tão jovem, tão brilhante, acabou em Córdoba porque doente, louco. Durante os funerais de minha mãe, um leigo muito próximo de nós veio até mim apontando Bergoglio que estava rezando ao lado do féretro: “Pena que este homem seja louco!”. Então olhei para ele e lhe disse: “Se este homem é louco, então o que será de mim?“.
 
Na origem daquele biênio em Córdoba não era tanto a nomeação do “ultraconservador” que circulava nos ambientes mais radicalizados da Companhia, mas também o fato que muitos noviços e jovens jesuítas estavam do lado de Bergoglio e continuavam a se relacionar com ele.
SIR

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