14/11/2014 | domtotal.com
Marcus Eduardo de Oliveira
Uma das mais representativas definições dadas ao capitalismo é o de ser um sistema de criação de desejos e produção de necessidades; um “mundo” econômico-produtivo fundado essencialmente no ato produtivo para o atendimento a um consumismo, de preferência um consumismo praticado nos níveis mais exacerbados possíveis, transbordando em desperdício, pois o que mais “importa” é produzir para vender.
Grosso modo, o que esse modelo conseguiu “produzir”, com o perdão do uso do trocadilho, ao longo de sua história de vida, foi uma economia totalmente vinculada ao consumo para sua própria sobrevivência.
Não por acaso, para o atendimento a esse consumo em níveis cada vez mais exagerados, tipificados, pois, comoconsumismo, o mundo já está consumindo, na atualidade, os recursos da Terra de forma mais rápida do que a natureza pode reabastecê-los. Estamos nos referindo a um uso excedido de 30% da carga suportável do planeta.
O Earth Overshoot Day, ou seja, o Dia da Ultrapassagem da Terra - marco anual de quando a demanda da humanidade sobre a natureza ultrapassa a capacidade de renovação possível para o ano -, apresenta mostras mais que claras desse excesso.
A razão precípua desse transbordamento (overshoot) encontra-se na errônea ideia largamente praticada pelas sociedades consumistas apregoando que o progresso é conquistado a partir da acumulação de riqueza, o que leva a uma dominação da natureza e de seus bens e serviços, por parte do sistema produtivo, sem nenhum cuidado para com os serviços ecossistêmicos.
É por isso que, como bem assevera Leonardo Boff, “a espécie humana ocupou 83% da superfície do planeta, depredando seus bens escassos e modificando a base físico-química de sua infraestrutura ecológica. O consumo humano ultrapassou em 30% a capacidade de reposição dos bens e serviços naturais produzidos pela Terra”. (BOFF, 2012, “O Cuidado Necessário”, ed. Vozes).
Esse modelo dominante de hoje é completamente insustentável e totalmente defeituoso em seu modo de agir. Busca-se atingir elevadas taxas de crescimento econômico (hoje, a economia global está 80 vezes maior que em 1800) para, com isso, proporcionar bem-estar a todos, como se o crescimento da economia (expansão física) fosse a via única de benfeitorias e conquistas sociais.
Conquanto, esse crescimento, conquistado pela destruição do patrimônio ecológico, distribui seus benefícios, no mínimo, de maneira injusta, desigual e precária, tendo em conta que um quinto da população mundial recebe apenas 2% da renda global, enquanto 0,7% concentram em suas mãos 46% da riqueza mundial.
A fortuna acumulada das três pessoas mais bilionárias do Planeta, segundo a revista Forbes, supera os 200 bilhões de dólares. Para continuar aguçando os já elevadíssimos níveis de produção e consumo, as políticas econômicas são desenhadas unicamente para aumentar a liquidez como meio eficiente de estimular a demanda.
Visando promover o crescimento econômico, os principais mercados financeiros são desregulamentados e promove-se, a toque de caixa, a securitização das dívidas (conversão de empréstimos bancários e outros ativos em títulos para a venda a investidores que passam a ser os novos credores desta dívida) por meio de complexos derivativos (operações financeiras cujo valor de negociação deriva de outros ativos, denominados ativos-objeto, com a finalidade de assumir, limitar ou transferir riscos) financeiros.
Em face das facilidades em termos de comunicação com amplo acesso as redes de informação que se disseminam rapidamente, instituições financeiras modernas permitem que sociedades mobilizem o capital necessário para investimentos com maior facilidade.
Isso explica, em linhas gerais, a industrialização com relativo “sucesso” de algumas economias no final do século XX. O Leste Asiático talvez seja o exemplo mais ilustrativo disso ao registrar uma média de quase 7% anuais de taxa de crescimento desde 1990.
Assim, o sistema capitalista vai “avançando”, sempre criando desejos de consumo e produzindo na esteira desse acontecimento as ditas “necessidades”. Lamentavelmente, a maioria dessas é de natureza fúti, e mais lamentavel ainda é a percepção de que a natureza tem sido sugada e desfigurada para o atendimento a esse tipo de “avanço” capitalista.
Grosso modo, o que esse modelo conseguiu “produzir”, com o perdão do uso do trocadilho, ao longo de sua história de vida, foi uma economia totalmente vinculada ao consumo para sua própria sobrevivência.
Não por acaso, para o atendimento a esse consumo em níveis cada vez mais exagerados, tipificados, pois, comoconsumismo, o mundo já está consumindo, na atualidade, os recursos da Terra de forma mais rápida do que a natureza pode reabastecê-los. Estamos nos referindo a um uso excedido de 30% da carga suportável do planeta.
O Earth Overshoot Day, ou seja, o Dia da Ultrapassagem da Terra - marco anual de quando a demanda da humanidade sobre a natureza ultrapassa a capacidade de renovação possível para o ano -, apresenta mostras mais que claras desse excesso.
A razão precípua desse transbordamento (overshoot) encontra-se na errônea ideia largamente praticada pelas sociedades consumistas apregoando que o progresso é conquistado a partir da acumulação de riqueza, o que leva a uma dominação da natureza e de seus bens e serviços, por parte do sistema produtivo, sem nenhum cuidado para com os serviços ecossistêmicos.
É por isso que, como bem assevera Leonardo Boff, “a espécie humana ocupou 83% da superfície do planeta, depredando seus bens escassos e modificando a base físico-química de sua infraestrutura ecológica. O consumo humano ultrapassou em 30% a capacidade de reposição dos bens e serviços naturais produzidos pela Terra”. (BOFF, 2012, “O Cuidado Necessário”, ed. Vozes).
Esse modelo dominante de hoje é completamente insustentável e totalmente defeituoso em seu modo de agir. Busca-se atingir elevadas taxas de crescimento econômico (hoje, a economia global está 80 vezes maior que em 1800) para, com isso, proporcionar bem-estar a todos, como se o crescimento da economia (expansão física) fosse a via única de benfeitorias e conquistas sociais.
Conquanto, esse crescimento, conquistado pela destruição do patrimônio ecológico, distribui seus benefícios, no mínimo, de maneira injusta, desigual e precária, tendo em conta que um quinto da população mundial recebe apenas 2% da renda global, enquanto 0,7% concentram em suas mãos 46% da riqueza mundial.
A fortuna acumulada das três pessoas mais bilionárias do Planeta, segundo a revista Forbes, supera os 200 bilhões de dólares. Para continuar aguçando os já elevadíssimos níveis de produção e consumo, as políticas econômicas são desenhadas unicamente para aumentar a liquidez como meio eficiente de estimular a demanda.
Visando promover o crescimento econômico, os principais mercados financeiros são desregulamentados e promove-se, a toque de caixa, a securitização das dívidas (conversão de empréstimos bancários e outros ativos em títulos para a venda a investidores que passam a ser os novos credores desta dívida) por meio de complexos derivativos (operações financeiras cujo valor de negociação deriva de outros ativos, denominados ativos-objeto, com a finalidade de assumir, limitar ou transferir riscos) financeiros.
Em face das facilidades em termos de comunicação com amplo acesso as redes de informação que se disseminam rapidamente, instituições financeiras modernas permitem que sociedades mobilizem o capital necessário para investimentos com maior facilidade.
Isso explica, em linhas gerais, a industrialização com relativo “sucesso” de algumas economias no final do século XX. O Leste Asiático talvez seja o exemplo mais ilustrativo disso ao registrar uma média de quase 7% anuais de taxa de crescimento desde 1990.
Assim, o sistema capitalista vai “avançando”, sempre criando desejos de consumo e produzindo na esteira desse acontecimento as ditas “necessidades”. Lamentavelmente, a maioria dessas é de natureza fúti, e mais lamentavel ainda é a percepção de que a natureza tem sido sugada e desfigurada para o atendimento a esse tipo de “avanço” capitalista.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo | prof.marcuseduardo@bol.com.br
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