quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ecossistemas brasileiros

26/11/2014  |  domtotal.com

Marcus Eduardo de Oliveira

Uma comunidade de elementos bióticos (plantas, animais, bactérias) e abióticos (rochas, água, solo, vento e outros) que interagem entre si e com os lagos, as florestas, a savana, o cerrado. Uma unidade funcional de base em ecologia, incluindo ao mesmo tempo os seres vivos e o meio onde vivem, com uma reciprocidade de interações entre o meio e os organismos. Eis aqui uma oportuna e interessante definição de ecossistema.

Em um ecossistema todos os elementos estão relacionados e ligados entre si, dependendo uns dos outros para manter o equilíbrio e a harmonia.

Quando se deseja dividir um território de acordo com suas paisagens naturais, intercalam-se os termos ecossistemas e biomas.
Biomas são as ecorregiões geográficas com condições ambientais específicas, representando a interação com o conjunto natural (clima, relevo, vegetação, hidrografia). São, em outras palavras, conjuntos de ecossistemas que atingiram a estabilidade.

Vejamos, em rápidas palavras, alguns detalhes dessa nossa riqueza, a partir da ilustração gráfica acima.

Floresta Amazônica

Maior bioma terrestre do planeta, patrimônio ecológico dos mais valiosos, a Floresta Amazônica ocupa área em nove países. Sessenta por cento da Amazônia legal está em nosso território. Sessenta e cinco por cento de toda a área amazônica é composta pela floresta tropical úmida de terra firma. Trata-se, simplesmente, da maior floresta do mundo.

De todos os continentes, é a região com a maior biodiversidade (pluralidade de vidas), possuindo mais espécies de peixes que o oceano Atlântico. Segundo informativo do Ministério do Meio Ambiente brasileiro (MMA), a principal característica da Amazônia é a sua inacessibilidade, o que dificulta a sua exploração e estudo. Estima-se que a área de pastos seja de mais de 20 milhões de hectares.

Zona dos Cocais

Na Zona dos Cocais predomina-se as palmeiras, entre as quais se destacam o babaçu, a carnaúba e os buritis. Essas matas têm grande importância comercial, pois do babaçu se extraem, entre outras substâncias, óleos, fibras e glicerina, e da carnaúba, a cera.

Nos últimos anos, lamentavelmente a Zona dos Cocais tem sido devastada para o aumento das áreas de pastagens. Isso não ocorreria, entretanto, se fosse feito um reflorestamento, uma vez que as espécies vegetais aí encontradas são capazes de se reproduzir com grande velocidade, de acordo com informação disponibilizada no portal (www.educacao.uol.com.br).

Mata Atlântica

Calcula-se que na Mata Atlântica existam mais de 800 espécies de aves, mais de 250 anfíbios e 160 mamíferos, inclusive as quatro espécies de mico-leão que são exclusivos desse ecossistema. No passado, a Mata Atlântica cobria 12% do território nacional. Hoje, depois de constantes desmatamentos, essa “cobertura” chega a apenas 9%. Apesar dessa devastação, ainda hoje a mata Atlântica abriga mais de 6 mil exemplares de plantas endêmicas, exclusivas da região.

Cerrados

Os Cerrados ocupam uma extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a toda a Europa Ocidental. Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o  barbatimão,  o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a  sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600 metros acima do nível do mar, e apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Em pelo menos 2/3 da região o inverno é demarcado por um período de seca que se prolonga por cinco a seis meses. Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios.

Caatinga

A Caatinga é uma extensa região do Nordeste brasileiro, que ocupa mais de 70% de sua área (11% do território brasileiro), também chamada de sertão. A vegetação adaptou-se para se proteger da falta d’água. Quase todas as plantas usam a estratégia de perder as folhas, eliminando a superfície de evaporação quando falta água. Estima-se que a área total da Caatinga seja hoje de aproximadamente 1.100.000 km2.

Campos (Pampas)

Os campos da região Sul do Brasil são predominantemente denominados como “pampas”, termo cujo significado é “região plana” Os pampas, em geral, parecem ser formações edáficas, ou seja, do próprio solo, e não decorrentes de manifestações climáticas. A pressão do pastoreio e a prática do fogo não permitem o estabelecimento da vegetação arbustiva, como se verifica em vários trechos da área de distribuição dos Campos do Sul.

Pantanal

O Pantanal “funciona” como um grande reservatório, provocando uma defasagem de até cinco meses entre as vazões de entrada e saída. O regime de verão determina enchentes entre novembro e março no norte, e entre maio e agosto, no sul; neste caso sob a influência reguladora do Pantanal.

Os solos, de modo geral, apresentam limitações à lavoura. Nas planícies pantaneiras sobressaem solos inférteis (lateritas) em áreas úmidas (hidromórficas) e planossolos, além de várias outras classes, todos alagáveis, em maior ou menor grau, e de baixa fertilidade.
Como área de transição, a região do Pantanal ostenta um mosaico de ecossistemas terrestres, com afinidades, sobretudo, com os Cerrados e, em parte, com a floresta Amazônica, além de ecossistemas aquáticos e semiaquáticos, interdependentes em maior ou menor grau.

Segundo a World Wide Fund for Nature (WWF, ONG fundada em abril de 1961), existem no Pantanal 650 espécies de aves, 80 de mamíferos, 260 de peixes e 50 de répteis.

Restingas e Manguezais

A costa brasileira abriga um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental. Ao longo do litoral brasileiro podem ser encontrados manguezais, restingas, dunas, praias, ilhas, costões rochosos, baías, brejos, falésias (forma geográfica litoral caracterizada por um encontro da terra com o mar), estuários, recifes de corais e outros ambientes importantes do ponto de vista ecológico, todos apresentando diferentes espécies animais e vegetais e outros. Isso se deve, basicamente, às diferenças climáticas e geológicas da costa brasileira.

Especificamente na zona costeira se localizam as maiores presenças residuais de Mata Atlântica. Ali a vegetação possui uma biodiversidade superior no que diz respeito à variedade de espécies vegetais. Também os manguezais, de expressiva ocorrência na zona costeira, cumprem funções essenciais na reprodução biótica da vida marinha.

Mata de Araucárias

Mata de araucária é uma formação vegetal brasileira que se desenvolve especialmente nos estados da região sul do país e em partes de relevo mais elevados e frios de São Paulo e Minas Gerais. Mata Atlântica é denominada também de mata dos pinhais e floresta aciculifoliada (cujas folhas são muito finas e alongadas, em forma de agulha, a fim de dificultar a perda de água pelo processo de evapotranspiração).

Esse tipo de vegetação está adaptado ao clima subtropical que possui verões quentes e invernos relativamente rigorosos com chuvas bem distribuídas durante o ano, além disso, o relevo influencia, uma vez que esse tipo de vegetal prolifera em áreas que se encontram no mínimo 500 metros acima do nível do mar.

As araucárias atingem até 50 metros de altura e produzem sementes comestíveis, denominadas de pinhão. São identificadas, em menor número, plantas como vários tipos de canela, cedro, ipês, erva-mate e imbuia. 
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo | prof.marcuseduardo@bol.com.br

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