sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Modelos que valorizem as pessoas

21/11/2014  |  domtotal.com

Marcus Eduardo de Oliveira

Valorizar as pessoas em primeiro lugar é, antes de qualquer outra coisa, sinônimo de desenvolvimento solidário e humano. Deveria ser esse o objetivo precípuo dos modelos econômicos, usando a economia para servir as pessoas, e não o contrário.

Os modelos econômicos deveriam ser desenhados a partir de políticas públicas no sentido de se buscar a consolidação de uma economia mais humana, mais social e menos mecânica, a partir da transformação social, tão necessária em épocas cujo predomínio do capital financeiro globalizado dita as regras e, por isso, interfere substancialmente na vida das pessoas, em especial dos grupos sociais mais necessitados que habitam os bolsões de pobreza.

Elaborar modelos econômicos especificamente centrados na valorização das pessoas e dos grupos sociais, cuja temática da cooperação (solidariedade) faça o embasamento das ações, tanto dos próprios indivíduos, quanto dos agentes executores de políticas públicas, não é tarefa das mais fáceis, contudo, é exequível.

É exequível a partir do momento em que ações econômicas, por exemplo, a prática da economia solidária ou da economia de comunhão, sejam desenhadas para a promoção do desenvolvimento de todos e para todos; numa sintonia de total inclusão, de incorporação, solidária em sua essência, capaz de alcançar os mais necessitados por meio de ajudas coletivas, com firme atuação do Estado.

É importante, nesse pormenor, desenvolver alguns passos: 1. A autogestão para a solidariedade; 2. O fortalecimento das iniciativas econômicas cooperativadas e associativas; 3. O desenvolvimento de redes de apoio mútuo, de intercâmbios diversos; 4. A criação de formas alternativas de crédito e poupança; 5. O desenvolvimento de capacidades técnicas e científicas por meio de pesquisas e técnicas cada vez mais adequadas à satisfação das necessidades e aspirações humanas; 6. O desenvolvimento da capacidade de identificação dos potenciais e dos limites da natureza e o condicionamento do crescimento econômico a tais limites; 7. A criação de novos espaços sociais através da constituição de Conselhos, Assembleias e Fóruns permanentes.

Essa é, em suma, a matriz do que se convenciona chamar de economia solidária, reforçando finalidades supremas da economia, enaltecendo o capital social, ou seja, a participação de grupos sociais nas relações que envolvem a cooperação e a confiança entre as pessoas, reforçando os laços de sociabilidade e solidariedade entre os pares.

De igual ênfase, enaltecendo o capital humano a partir do fortalecimento das competências e habilidades das pessoas.

De todo modo, a junção desses capitais faz reforçar a parceria (cooperação, partilha de esforços) entre os grupos. Essa seria a base de apoio para uma economia social e humana, fraterna e solidária que põe, impreterivelmente, as pessoas em primeiro plano visando unicamente atender as necessidades mais prementes dos participantes. 
Economista, professor e especialista em Política Internacional e mestre em Integração da América Latina, pela Universidade de São Paulo (USP) | prof.marcuseduardo@bol.com.br

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