Padre Geovane
Saraiva*
A Igreja
Católica é na sua essência missionária e jamais pode prescindir da sua missão e
muito menos se fechar em si mesma, diante do imperativo do seu fundador, mestre
e Senhor, quando diz ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda
criatura (cf. Mc 16,15). De modo que na sua índole, ela é levada a sair, a ir e
encontrar os desanimados e afastados, excluídos e marginalizados. Vejamos o que
nos disse o Sumo Pontífice, o Papa Francisco: “O verdadeiro pastor, o
verdadeiro cristão tem este zelo interior: que ninguém se perca. E por isso não
tem medo de sujar as mãos. Não tem medo. Vai aonde tem que ir. Arrisca sua
vida, sua fama, arrisca perder a sua comodidade, o seu status, perder também na
carreira eclesiástica, mas é bom pastor. Também os cristãos devem ser assim. É
tão fácil condenar os outros, como faziam os publicanos, os pecadores. É tão
fácil, mas não é cristão? Não é comportamento de filhos de Deus. O Filho de
Deus vai ao limite, dá a vida pelo outros, como fez Jesus. Não pode ficar
tranquilo, protegendo si mesmo: a sua comodidade, a sua fama, a sua
tranquilidade. Lembrem-se disso: que jamais existam pastores e cristãos que
ficam no meio do caminho!” (06.11.2014).
Nossa vocação
cristã, decorrente do nosso batismo tem por base a cruz, colocando-a diante dos
olhos, na mente e no coração como sagrada, como misteriosa e indizível, mas são
necessárias também a renúncia e a doação. O Papa Francisco, falando aos bispos
amigos dos Focolares, no dia 07.11.2014, disse assim: “Se, de fato, quisermos,
como cristãos, responder de modo decisivo às tantas problemáticas e dramas do
nosso tempo, devemos falar e agir como irmãos, de maneira que todos nos possam
reconhecer como tais. Talvez, este seja um meio de responder também à
globalização da indiferença com uma globalização da solidariedade e da
fraternidade”.
São João XXIII,
extraordinária figura humana, iniciou o Concílio Vaticano II com o coração
repleto de otimismo, fé e esperança. Que esta santa criatura nos ajude e convença em perseguir o mesmo ideal,
para que diante das exigências e desafios do terceiro milênio, possamos ver um
mundo menos insensível à dor e ao sofrimento, mais solidário e fraterno. É
triste, disse ainda Francisco, “Quando se vê um homem que busca este cargo para
chegar ‘lá’; e quando conquista o que quer, vive somente para a sua vaidade”.
De fato, é através do Bispo, auxiliado pelos Presbíteros e os Diáconos, que a
Igreja exerce a sua maternidade. Por outro lado, do mesmo modo que Jesus chamou
os Apóstolos para que vivessem unidos como uma só família, assim também os bispos
do mundo inteiro formam um único colégio, reunido em torno do Papa, que é o que
garante esta comunhão profunda. “Como é belo, então, quando os bispos, com o
Papa, expressam essa colegialidade, e buscam ser cada vez mais servidores dos
fiéis! Foi o que vivemos recentemente na Assembleia do Sínodo sobre a família”,
recordou o Pontífice.
Por isso mesmo é
tarefa nossa caminhar na direção do projeto do Salvador da humanidade,
encarnado e manifestado ao mundo como luz a iluminar as pessoas que alimentam
na mente e no coração o sonho da justiça e da paz. O Augusto Pontífice, na
catequese da quarta feira, 05.11.2014, faz-nos lembrar do legado do referido
Vaticano II, de modo particular, na inspiração de um grupo de bispos em firmar
o Pacto das Catacumbas, quando falou com veemência: "Ser bispo é
serviço, e não uma honra". E disse mais: “Compreendemos, portanto, que não
se trata de uma posição de prestígio, de um cargo honorífico. O bispado não é
uma honorificência, é um serviço. Jesus quis que fosse assim. Não deve haver
lugar na Igreja para a mentalidade mundana, para a `carreira eclesiástica`”. Os
santos bispos, prosseguiu o Papa, “nos mostram que este ministério não se
busca, não se pede, não se compra, mas se acolhe em obediência, não para
elevar-se, mas para abaixar-se, como Jesus, que `humilhou a si mesmo,
fazendo-se obediente até a morte`”. Assim seja!
Padre da Arquidiocese de Fortaleza,
escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de
Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e
Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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