Onze missas são realizadas em Salvador nesta sexta (26), última de 2014. Devotos oram, agradecem por graças alcançadas e fazem novos pedidos.
Já virou tradição milhares de fiéis, de religiões diversas, se vestirem de branco para subir a Colina Sagrada, na Cidade Baixa, em Salvador, na última sexta-feira de cada ano. A ida dos devotos até a Igreja Basílica de Nosso Senhor do Bonfim, nesse período, é para agradecer pelas graças alcançadas no ano que termina e/ou fazer novos pedidos para o ciclo que se inicia. E, para manter o costume, nesta sexta-feira (26), a última de 2014, tem uma programação extensa com 11 missas no templo da capital baiana. Confira a programação aqui.
"Há sempre um desejo de paz, e por isso se vestem de branco. As pessoas buscam isso para si e para suas famílias indo até a basílica às vésperas de ano novo. A igreja é um porto seguro, um lugar onde os fiéis encontram o conforto e esperança, onde agradecem e pedem novas bênçãos ao Senhor do Bonfim", destaca o padre Edson da Silva Menezes, reitor da basílica.
O padre não sabe informar quando exatamente surgiu essa tradição dos fiéis de se dirigir ao Bonfim na última sexta do ano, hábito classificado por ele como "costume sagrado". O religioso diz que se trata de uma manifestação espontânea. "Não sabemos como isso começou e nem por quê. As pessoas, de modo simples e natural, vão expressando a fé e criando novos hábitos em busca de paz. Isso é interessante", destaca Menezes.
Segundo ele, entre 30 e 40 mil pessoas costumam visitar a igreja na última sexta-feira de cada ano. São fiéis de diversas religiões, como devotos do Candomblé, que reverenciam Oxalá, representado por Senhor do Bonfim no sincretismo religioso.
"A basílica congrega e favorece o diálogo e a comunicação entre as pessoas que têm visões diversas. A igreja tem essa vocação especial para unir os diferentes", afirma Menezes. O pároco da igreja pede aos devotos que levem, nesta sexta-feira, símbolos das graças alcançadas para serem benzidas durante as celebrações.
Devoção
O professor e historiador Jaime Nascimento destaca que a tradição de devoção ao Senhor do Bonfim veio de Portugal, lá pelos anos de 1750. "A crença foi trazida por Teodoro de Farias, que era capitão de um navio que estava a caminho da Bahia. Mas o mar estava agitado e a embarcação corria o risco de afundar. Ele, então, fez uma promessa: se todos do navio chegassem bem, traria a imagem do Senhor do Bonfim e a devoçao para cá", conta.
O professor e historiador Jaime Nascimento destaca que a tradição de devoção ao Senhor do Bonfim veio de Portugal, lá pelos anos de 1750. "A crença foi trazida por Teodoro de Farias, que era capitão de um navio que estava a caminho da Bahia. Mas o mar estava agitado e a embarcação corria o risco de afundar. Ele, então, fez uma promessa: se todos do navio chegassem bem, traria a imagem do Senhor do Bonfim e a devoçao para cá", conta.
Conforme Nascimento, a crença só evouliu durante os anos, englobando também adeptos de outras religiões. Segundo ele, o fato de hoje muitas pessoas usarem branco na sexta-feira que antecede o ano novo para agradecer ou pedir bênçãos tem a ver com o sincretismo com o Candomblé.
"Senhor do Bonfim é sincretizado por Oxalá, cuja cor é o branco e o dia é a sexta. Isso explica o uso de roupas brancas nesse período. Houve essa sincretização porque os adeptos do cambomblé entenderam que havia uma aproximação entre Senhor do Bonfim, que usa uma túnica branca, e Oxalá. E as pessoas acabam herdando essa tradição. Tanto é que mesmo os católicos vestem branco na última sexta", destaca.Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador.
Basílica
Fundada em 1772, a Igreja Basílica de Nosso Senhor do Bonfim é a mais popular da Bahia. Instalada no local conhecido como Colina Sagrada, no bairro do Bonfim, o templo tem fachada parcialmente coberta por azulejos. O interior da igreja foi construída em estilo neoclássico.
Fundada em 1772, a Igreja Basílica de Nosso Senhor do Bonfim é a mais popular da Bahia. Instalada no local conhecido como Colina Sagrada, no bairro do Bonfim, o templo tem fachada parcialmente coberta por azulejos. O interior da igreja foi construída em estilo neoclássico.
Os portões que circundam o espaço são revestidos por milhares de fitinhas do Senhor do Bonfim, símbolos da fé baiana, colocados por fiéis de todo o mundo que visitam o templo e fazem pedidos ao santo.
A tradicional lavagem das escadarias da igreja atrai milhares de peregrinos, fiéis e turistas no início de cada ano, após o Dia de Reis. Em 2015, a lavagem contecerá no dia 15 de janeiro, dentro da programação da Festa do Senhor do Bonfim, que terá o como tema "Jesus, o Senhor do Bonfim, é o caminho que nos leva ao pai". O evento ocorre de 8 a 18 de janeiro. Confira aqui a programação.
Para que a Festa do Senhor do Bonfim tenha maior visibilidade, as festas católicas em homenagem a São Gonçalo e Nossa Senhora da Guia, que acontecem tradicionalmente há dois séculos no mês de janeiro, foram transferidas para os meses de outubro e novembro. A mudançafoi feita pela Arquidiocese de Salvador.
Outra alteração promovida pela Arquidiocese de Salvador foi a prorrogação do horário de abertura da Basílica do Senhor do Bonfim até o mês de fevereiro, que fica disponível para os fiés todos os dias, das 9h às 21h
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