terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

PT faz 35 anos sob a desconfiança


Partido faz aniversário como principal força política do País, mas em meio a denúncias de corrupção.
Há 12 anos à frente do governo federal, o Partido dos Trabalhadores (PT) completa 35 anos com a difícil missão de se reinventar e reaproximar-se da sociedade, assustada diante dos sucessivos escândalos de corrupção e de um iminente colapso econômico, energético e ambiental. Em meio a inegáveis conquistas sociais, o PT também é acusado de ter cedido às velhas estruturas de poder que tanto criticou, em sua trajetória.

Diante da importância histórica da data, o DomTotal.com pediu a seus colunistas que dissertassem sobre o tema. Carlos Eduardo Leão, David de Paiva, Fernando Fabbrini, Marcelo Barros, Marco Lacerda, que também é editor especial do site, Marli Gonçalves, Max Velati e Reinaldo Lobo dissecaram o maior partido brasileiro da atualidade, mostrando suas virtudes, fraquezas e tecendo críticas em especial ao momento pelo qual passa a legenda hoje.  

Os textos serão publicados ao longo do dia e você internauta poderá conferir todo o material exclusivo em primeira mão. 

Fundação

Fundado em 10 de fevereiro de 1980, o partido nasceu em meio ao idealismo dos movimentos sociais que estavam alijados das estruturas de poder – trabalhadores, acadêmicos, políticos de esquerda, minorias –, durante os anos de ditadura militar no Brasil, sendo o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva seu principal representante e porta-voz.  O registro oficial junto ao TSE, no entanto, só veio em 1982, quando a legenda já contava com mais de 400 mil militantes.

Naquele ano, Lula disputou o governo de São Paulo, ficando em quarto lugar com 1.144.648 votos. Na mesma eleição, a legenda conseguiu eleger oito deputados federais, 12 estaduais e 78 vereadores.

Anos depois, em 1986, Lula foi eleito o deputado federal mais votado do país para a Assembleia Nacional Constituinte, com 650.134 votos, enquanto o PT elegia 16 deputados federais no Congresso.  Em 1988, o partido obteve um desempenho histórico nas eleições municipais, elegendo 36 prefeitos e mil vereadores em todo o Brasil.

Ao longo dos anos, o partido foi construindo sua trajetória de conquistas políticas, elegendo nomes importantes que fizeram a história do PT no Congresso Nacional, em governos de Estado e prefeituras. Elegeu a primeira prefeita mulher de uma capital brasileira – Maria Luíza Fontenele, em Fortaleza, em 1986. Em 1988, no entanto, veio a emblemática eleição de Luiza Erundina como prefeita de São Paulo, a maior cidade do País. Anos mais tarde, Erundina deixaria a legenda para se filiar ao PSB.

Outros petistas também fizeram história, como Olívio Dutra e Tarso Genro, no Rio Grande do Sul; Patrus Ananias e Célio de Castro, em Minas Gerais; Marta Suplicy e Eduardo Suplicy, em São Paulo; além de Heloísa Helena e da ambientalista Marina Silva, um dos símbolos do movimento ambiental brasileiro. Ambas também já deixaram o partido.

Governo Lula

No entanto, a grande vitória do partido e também de Lula veio em 2002, quando, com quase 53 milhões de votos, ele foi eleito Presidente da República, com a promessa de que manteria os fundamentos da política econômica de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Após um período de críticas das correntes mais radicais do PT, que o acusaram de continuísmo, inclusive em função da polêmica aliança com o PMDB, Lula conseguiu levar adiante programas econômicos e sociais, como o Fome Zero, o Bolsa-Família, o ProUni, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.

Além de impulsionar a economia do País, os programas contribuíram para alterar o perfil socioeconômico da população brasileira, com a ascensão de uma nova classe média.  Além disso, o perfil conciliador de Lula atraiu diversos setores da sociedade, como empresários, sindicatos, partidos de centro-direita e profissionais liberais, garantindo assim uma ampla base de apoio para seu governo. Em 2006, ele foi reeleito com mais de 58 milhões de votos.

Governo Dilma

Graças à grande popularidade, Lula conseguiu fazer sua sucessora, a ex-ministra das Minas e Energia e ex-ministra da Casa Civil Dilma Roussef. Eleita com a promessa de continuidade dos programas sociais, Dilma chegou ao poder em 2010 com mais de 55 milhões de votos. Ao mesmo tempo em que mantinha conquistas sociais, também imprimiu um estilo próprio de governar, mais centralizador e autoritário, segundo fontes do próprio governo. Tais características fizeram com que, ao longo dos anos, a presidente fosse colecionando críticas e desafetos.

Dilma enfrentou seu primeiro grande desafio nas manifestações de julho de 2013. O que começou como um protesto pelo aumento das passagens de ônibus em São Paulo espalhou-se pelo País, transformando-se em um grande manifesto popular contra a corrupção, o desperdício de dinheiro público, a impunidade e o descaso com a saúde e a educação. Uma grande pauta de reivindicações que revelava a descrença da população brasileira na classe política como um todo.

Em 2014, Dilma conseguiu seu segundo mandato, vencendo o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) com uma margem pequena de votos (51,64% contra 48,36%). Apesar da vitória, a presidente chegou a 2015 com uma base fragmentada de apoio no Congresso e em meio a sinais de estagnação econômica, cenário que a obrigou a adotar uma política econômica de perfil mais conservador.

Escândalos de corrupção

O período em que o Partido dos Trabalhadores esteve à frente da Presidência da República também foi marcado por denúncias de irregularidades envolvendo membros e aliados do PT.

Em 2005, o partido foi denunciado por envolvimento no esquema de compra de apoio político conhecido como “mensalão”. Denúncias do ex-deputado federal e ex-presidente do PTB Roberto Jefferson davam conta de que o PT, para angariar apoio no Congresso, mantinha um esquema de pagamento de propina a parlamentares. As acusações tomaram as manchetes dos jornais e sites e culminaram na cassação de diversos políticos, entre eles nomes que ajudaram a construir a história do PT, como José Dirceu, José Genoíno e João Paulo Cunha.

Em 2014, um novo escândalo atingiu membros do partido, por meio da Operação Lava Jato. Segundo a denúncia, membros do PT e de partidos aliados e até da oposição como o PSDB, empreiteiras e executivos da Petrobras mantinham um esquema de propina, desvio e lavagem de dinheiro dentro da estatal.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), baseando-se na operação Lava Jato, houve desvios de R$ 2,1 bilhões da Petrobras. O valor se refere aos crimes já denunciados, mas pode mudar se novos fatos surgirem. 

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Redação Dom Total

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