domingo, 8 de fevereiro de 2015

Quantas Dorothys ainda virão?


Heliomárzio Rodrigues Moreira*

Ao menor sinal de perigo, a floresta se cala. Os animais ficam a ouvir, como que esperando o inimigo que se aproxima. Algo está errado: um silêncio fúnebre pressagia a desgraça iminente. Subitamente um forte estampido segue essa pausa lúgubre. O ribombar repete-se seis vezes – “número de homem”, assinatura do mandante. Dessa vez os animais fogem em um barulho ensurdecedor, avisando aos outros que a harmonia da floresta fora quebrada. O mal se manifestou.


O cheiro mortal da pólvora ainda está no ar. No chão, um corpo cuja veste branca traz a mensagem da paz deu seu derradeiro suspiro. Repousa serena no solo da floresta que defendia irrigando-o com seu sangue, sinal da vida que se esvaiu.  O assassino-carrasco fugiu, levando consigo a mácula de ter ouvido de sua vítima o perdão, através da Palavra de Deus, que ecoará em sua mente até o final de sua existência. Os mandantes vivem da covardia e da falsa ilusão de que seus deuses do ter, poder e prazer são a palavra final. Pobres e desprezíveis vítimas de si mesmos. Filhos da corrupção, do egoísmo e da hipocrisia.

Um martírio aconteceu. Tentaram silenciar a profecia de irmã Dorothy que anunciou a Palavra de Deus aos moradores da Floresta, que mostrou o Cristo a todos, sem discriminação. Aquela que trouxe com o seu sorriso a esperança. A doçura do olhar e as palavras de seu discipulado contagiavam os corações de quem conhecia a Floresta. Seguiu o exemplo maior do Mestre: deu a vida por quem amava. “O sangue dos mártires é a semente da Igreja”, já dizia Tertuliano. Irmã Dorothy ainda vive. E suas palavras proféticas ainda ecoarão enquanto a floresta estiver em perigo.

Verdadeira discípula e missionária, sua única arma era a Bíblia que a acompanhou até o extremo momento. Como uma oração suas últimas palavras foram as do Evangelho. Antes de tombar inerte, a Boa Nova sobre o Reino de Deus prevaleceu como o seu último gesto. Seu algoz preferiu as trinta moedas. Mas Deus impera sobre Mamon ou qualquer outro ídolo. Quantas Dorothys ainda virão? Pergunte à floresta. Provavelmente você ouvirá que isso depende do seu e do meu coração.
Esta é uma mensagem da Pastoral da Comunicação da Paróquia de Santo Afonso.

 Professor de Física e Astronomia e coordenador da Pastoral da Comunicação da Paróquia de Santo Afonso em Fortaleza.

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