quarta-feira, 25 de março de 2015

Lula: Buscando a saída

Lula pode ser a grande saída, se as fraturas provocadas pela arrogância de Dilma forem curáveis.

Lula conversa com todos e procura atrai-los, sem agressões.

A pesquisa da CNT-MDA mostra em números a queda do prestígio do Governo Federal (e lembremos:El Supremo da Confederação Nacional dos Transportes, Clésio Andrade, PMDB, é ligadíssimo ao PT, vice do governador petista de Minas, Fernando Pimentel). Dilma tem 10,8% de aprovação, 65% de rejeição - Collor, ao cair, tinha 68%. O desempenho pessoal de Dilma, que em setembro era positivo para 52,5%, caiu para 19% - contra 78% que o desaprovaram.

Não são só as pesquisas. Dilma tem problemas com os aliados, incluindo o maior de todos, o PMDB; é contestada no seu PT. E ainda o tesoureiro do partido virou réu no processo do Petrolão. É difícil, mas se a campanha do PT recebeu dinheiro ilegal, Dilma pode perder o mandato sem impeachment. Qual a saída?

Dilma acaba de recorrer à sua maior arma: Lula, o político de maior prestígio, popularidade e habilidade do PT, foi chamado a Brasília. Ao contrário de Dilma, Lula conversa com todos e procura atrai-los, sem agressões. Pode ser a grande saída (Lula sabe como buscar de volta apoios como o do PMDB), se as fraturas provocadas pela arrogância de Dilma forem curáveis. Mas o problema maior não são os aliados, que com esses Lula conversa: é a própria Dilma, que se afastou dos políticos mais ligados a Lula e fez que não ouviu as sugestões de seu criador. Por exemplo, Dilma escolheu Joaquim Levy, com quem não tem qualquer afinidade, só para rejeitar Henrique Meirelles, o preferido de Lula.

Mas a bola está com ela: ou ouve Lula ou mantém sua popularidade em curva descendenta.

Sem diploma

A entrada de mais um tesoureiro do PT no mundo dos réus levanta a hipótese de financiamento ilegal de campanha (quem o dirá é a Justiça). No caso, haveria a cassação automática do diploma de Dilma e do vice Michel Temer, eleitos em conjunto. A decisão não é tão automática assim, há fatores políticos a ser levados em conta, a hipótese é remota.

Mas existe e é outro problema a ser encarado.

O fundo do poço

Lembra daqueles ótimos fundos de pensão de estatais, que garantiriam a seus funcionários uma aposentadoria decente? Pois é: o Postalis, fundo de pensão do Correio, apresenta déficit de R$ 5,6 bilhões. E o buraco será tapado como de costume: aposentados e pensionistas terão os salários reduzidos em 26% pelos próximos 15 anos. O Correio deve R$ 1,15 bilhão ao Fundo.

Um dia pagará.

Por falar em Governo

O Tribunal de Contas da União ordenou ao BNDES que explicasse o grande investimento no grupo JBS Friboi. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, negou-se a obedecer, alegando sigilo bancário. Só que o TCU nada pediu sobre movimentação bancária: apenas valor do investimento e seu resultado. O TCU multou Luciano Coutinho em R$ 10 mil e reiterou a ordem. Caso Coutinho continue resistindo, a multa passa a R$ 30 mil. E, numa terceira recusa, Coutinho pode ser inabilitado para o exercício de função pública - inclusive no BNDES.

Luciano Coutinho alega que não foi avisado da multa. Mas, se até este colunista e o caro leitor sabem da multa, como é que ele, o interessado, ainda não sabe?

E vai rolando a festa

Três senadores ocupam ilegalmente apartamentos funcionais destinados a deputados federais: Romário (PSB, Rio), Rose de Freiras (PMDB, Espírito Santo) e Wellington Fagundes (PR, Mato Grosso). A Câmara reformou seus apartamentos funcionais, ao custo de R$ 280 milhões, para que os deputados não se sintam desconfortáveis. Senador em apartamento funcional de deputado é uma irregularidade. Mas o mais estranho é a existência desses imóveis, onde moram de graça parlamentares com salários bem superiores à média dos que, com seus impostos, sustentam a mordomia. Nos EUA não há imóveis funcionais: cada parlamentar decide se quer alugar, comprar, morar na casa de amigos, tudo com seu próprio dinheiro.

No Brasil isso também não existia: surgiu em 1960, quando a capital foi do Rio para Brasília e lá não havia imóveis para todos. Hoje, 55 anos depois, em Brasília há imóveis à vontade. Mas e a vontade de desfrutar a mordomia?

Uma história

Existe uma história (falsa, claro) sobre a reunião de um ministro estrangeiro e um brasileiro. O brasileiro visitou o estrangeiro e foi recebido em sua casa, um palacete magnífico. Perguntou ao hospedeiro como ele, com salário de ministro, tinha tão suntuosa mansão. O estrangeiro foi à janela, mostrou-lhe uma estrada e perguntou: "Vê aquela rodovia? Então, custou cem e cobrei 200". O brasileiro, algum tempo depois, recebeu o ministro estrangeiro num palacete luxuosíssimo. O estrangeiro perguntou-lhe como, com salário de ministro, tinha uma casa tão maravilhosa. O brasileiro levou-o à janela, mostrou-lhe a paisagem e perguntou: "Vê aquela estrada?" O estrangeiro olhou, procurou, e disse: "Não, não vejo estrada nenhuma".

O brasileiro completou: "Então"...

Outra história

Pasadena é para os fracos. Em Bacabeiras, Maranhão, a Petrobras investiu R$ 1,6 bilhão numa refinaria Premium, que seria a maior do Brasil. E no local, após o investimento, não há refinaria, nem obras, nem nada: só o terreno baldio.

Carlos Brickmanné jornalista e diretor do escritório Brickmann&Associados Comunicação, especializado em gerenciamento de crises. Desde 1963, quando se iniciou na profissão, passou por todos os grandes veículos de comunicação do país. Participou das reportagens que deram quatro Prêmios Esso de Equipe ao Jornal da Tarde, de São Paulo. Tem reportagens assinadas nas edições especiais de primeiras páginas da Folha de S.Paulo e do Jornal da Tarde. 

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