segunda-feira, 6 de abril de 2015

Irmãs Paulinas: missão no Brasil, iniciada na cidade de São Paulo, em 1931

Presente hoje em 50 países, a ponta de lança da missão das Irmãs Paulinas no mundo começou em 1931 por São Paulo, no Brasil. E por onde mais haveria de ser?

Em 1931, diante de um mapa-múndi, o padre Tiago Alberione, fundador da Família Paulina, escolheu uma cidade do Novo Mundo para ser, fora da Itália, a ponta de lança da sua missão de evangelizar os diferentes povos através dos meios de comunicação. Como o inspirador das congregações então criadas por ele – a dos Padres e das Irmãs Paulinas – era São Paulo, a escolha recaiu, naturalmente, sobre uma cidade homônima localizada no Brasil. Então com 800 mil habitantes, aquela distante capital fundada por Jesuítas em um 25 de janeiro de 1554, dia dedicado pela Igreja ao Apóstolo dos Gentios, parecia ser um convite de Deus para Alberione, ao qual foi atendido. E o tempo mostraria que o fundador, conhecido por sua infalível intuição, acertaria ao enviar para o Brasil, em 1931, as duas primeiras Paulinas, as irmãs Dolores Baldi, em 21 de outubro, e Stefanina Cillario, em 28 de dezembro.
O começo foi difícil. Dolores, com 21 anos, e Stefanina, com 19, mal dominavam o idioma local. As duas começaram o trabalho como tipógrafas no setor de acabamento da gráfica dos Padres Paulinos, que as antecederam. Com o tempo, mudaram-se para uma residência maior onde instalaram a primeira gráfica própria, embora com equipamentos obsoletos, onde, em dezembro de 1934, publicaram a primeira edição em português da Revista Família Cristã. “Recolhíamos retalhos de papel para produzir os primeiros números”, recordou irmã Stefanina.
Centros de difusão – A edição inaugural da publicação teve uma tiragem de 600 exemplares, em 16 páginas impressas em preto e branco e em papel-jornal. A capa mostrava a família de Nazaré, com São José trabalhando e ao seu lado um Jesus adolescente sob os olhares de Maria. Apesar das dificuldades, a comunidade das irmãs conquistava as primeiras vocações nativas, e o entusiasmo das jovens irmãs ajudava a superar as limitações. “Como a revista era classificada como boletim, era difícil importar o papel. Foi preciso que eu fosse até o Rio de Janeiro, a fim de falar com alguém do governo para reclassificar Família Cristã como revista. A partir daí ficou mais fácil”, recordou a irmã Estefanina, primeira editora da publicação.

Primeiro grupo de Irmãs Paulinas no Brasil, novembro de 1933, São Paulo (SP)
A revista cresceu graças ao trabalho das irmãs e ao incentivo do fundador Tiago Alberione e da cofundadora irmã Tecla Merlo, que visitava o Brasil sempre que podia. A primeira visita foi em 1936, quando irmã Tecla também esteve nas comunidades da Argentina e Estados Unidos. Outro grande incentivo se deu em 1953, quando a Santa Sé emitiu o decreto de aprovação pontifícia da Congregação das Filhas de São Paulo e aprovou sua Constituição. Com reconhecimento oficial e mais vocações brasileiras, as Irmãs Paulinas puderam expandir o apostolado para outros setores da comunicação, produzindo livros, discos – com a gravadora Paulinas-Comep, fundada em 1960 –, programas de rádio que hoje chegam a centenas de emissoras não só do País e a outros países de língua portuguesa, shows de televisão, DVDs e em outras mídias. Tal presença, claro, não substitui o contato direto com o povo. A Rede Paulinas de Livraria conta hoje com 32 pontos, que, mais do que lojas, são centros de difusão da cultura e do Evangelho.

Parceria antevista pelo padre Alberione: a colaboração dos leigos na realização da missão ao lado das irmãs Paulinas
Inculturação – Hoje, ao lado das 221 Irmãs Paulinas que exercem sua missão evangelizadora no País – no mundo, elas chegam a 2.267 religiosas presentes em 50 países –, há a colaboração de 579 leigos, consolidando uma parceria antevista há mais de 100 anos pelo fundador Tiago Alberione. “É necessário que tenhamos colaboradores e colaboradoras que se dediquem de bom grado ao apostolado. Assim, vocês poderiam se multiplicar”, apontou o sacerdote, que, como nenhum outro homem, entendeu o tempo que vivia. “Os leigos nos ajudam a perceber os desafios e as urgências do mundo de hoje. Com profissionalismo, eles nos ensinam a crescer para realizar um trabalho sempre mais qualificado e competente e nos auxiliam a viver o testemunho da nossa vocação”, confirma a irmã Marlene Konzen, responsável pelo Departamento de Recursos Humanos de Paulinas.

Outra chave para entender a multiplicação da missão paulina pelo mundo é a vocação da congregação para a inculturação e seu respeito à cultura dos diferentes povos. “Sem se misturar ao povo e conhecer seus hábitos, é impossível evangelizar. O missionário, antes de tudo, precisa aprender a língua local, saber ouvir para depois apresentar, e não impor, a Palavra de Cristo”, aponta a irmã Maria Ema Tomasi, que já trabalhou como missionária oito anos em Madagáscar e Moçambique (África). “Quando a gente vai por terras estranhas, o segredo é deixar as pessoas entrar em nossos corações e ver no outro o coração de Cristo”, completou a irmã Maria Pedrina Camargo Pires, hoje já falecida, que viveu 42 anos na Venezuela e Porto Rico, aonde chegou para fundar uma comunidade de irmãs com apenas 5 dólares no bolso. “Atualmente, a missão está consolidada. É um verdadeiro milagre que nos remete à parábola do grão de mostarda”, recordou a pioneira.

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