sexta-feira, 1 de maio de 2015

Death Cab For Cutie expõe em disco 'dor' de divórcio de Zooey Deschanel

Álbum reflete processo 'doloroso' de superar separação, diz Ben Gibbard.
'Kintsugi' também marca saída de guitarrista; Ben diz estar 'triste e aliviado'.

Rodrigo OrtegaDo G1, em São Paulo

Death Cab For Cutie: (da esquerda) Jason McGerr (bateria), Ben Gibbard (vocal e guitarra) e Nick Harmer (baixo) (Foto: Divulgação)Death Cab For Cutie. Da esquerda: Jason McGerr (bateria), Ben Gibbard (vocal e guitarra) e Nick Harmer (baixo) (Foto: Divulgação)
Foram 773 dias com ela. O líder do Death Cab For Cutie, Ben Gibbard, terminou no fim de 2011 um casamento de dois anos com a atriz Zooey Deschanel. Como se uma separação só não fosse o bastante, o guitarrista Chris Walla deixou a banda. Com ele, foram 6.070 dias, entre o primeiro disco da banda de indie rock, “Something about airplanes”, de 1998, e o último do qual ele participa, “Kintsugi”, recém-lançado.
Os rompimentos com a atriz de “500 dias com ela” e “New girl” e com o músico que produziu quase todos os álbuns da banda são parte inevitável das novas músicas. “Como compositor, tendo a escrever sobre minha vida muito abertamente”, diz Gibbard ao G1. Ele se abre também na entrevista, ao comentar as separações e o futuro do Death Cab For Cutie.
G1 - Como foi ter pela primeira vez um produtor de fora da banda [Rich Costley]?
Ben Gibbard - 
Foi muito bom, acho que era algo do que precisávamos havia muito tempo. Ele trouxe muitas ideias novas, outra perspectiva. Acho que ter Rich no álbum o fez muito melhor do que se estivéssemos sozinhos.
G1 - Com outro produtor, dava para esperar uma ruptura, algo diferente. Mas o disco é talvez mais parecido com o Death Cab antigo que ‘Codes and Keys’ (2011).
Ben Gibbard - 
Em geral as músicas que eu escrevi para este disco são mais baseadas em guitarra, similares ao estilo dos primeiros discos. Acho que essa é a maior razão. Mas também porque, após o último disco, buscamos algo que fosse mais familiar para a gente.
  •  
Death Cab For Cutie (Foto: Divulgação)
G1 - Em que ponto da produção do disco você descobriu que o Chris ia sair?
Ben Gibbard - 
Estávamos trabalhando havia cerca de um mês no disco. Mas havia muitos anos que eu sabia que ele ia sair da banda. O processo de fazer o disco foi muito amigável. A gente meio que sabia que ia acontecer, então tiramos o máximo proveito disso.
G1 - Qual foi sua reação quando ele disse que sairia?
Ben Gibbard -
 Não fiquei muito surpreso. Fiquei triste. Mas foi também foi um sentimento de alívio. Não foi um grande choque.
G1 - Mas o que te fazia esperar isso?
Ben Gibbard - 
Sabe, há pessoas na sua vida que você sabe que vão te deixar em algum momento. E acho que ele sempre quis produzir discos. De qualquer forma, sei que ele sempre teve muito orgulho desses anos na banda.
G1 - Como vai ser o futuro da banda sem ele?
Ben Gibbard - 
A banda não vai ser a mesma sem ele, mas não acho que isso seja uma coisa ruim. Acho que toda banda cresce, muda, evolui. Às vezes membros saem. A gente vai continuar fazendo bons discos desde que escreva boas músicas. Essa sempre foi a questão. A contribuição dele para o som banda foi imensa nesse tempo, mas acho que tudo sempre dependeu das músicas. Na verdade, não estou muito preocupado com o futuro.
G1 - Quando você descobriu a arte japonesa do kintsugi, de juntar pedaços quebrados, e por que decidiu que seria o título?
Ben Gibbard - 
Foi nosso baixista Nick que veio com isso. Eu me identifiquei de verdade, porque como compositor é isso o que sempre tentei fazer [colar pedaços]. Acho que foi um grande título para o disco. Soube imediatamente que ia ser o nome.
Death Cab For Cutie (Foto: Divulgação)
G1 - Quase todas as resenhas do disco ligam as músicas à ‘dupla separação’ – do Chris e o fim do seu casamento. Seu divórcio inspirou este disco de alguma maneira?
Ben Gibbard -
 Sim, é claro. Você não passa por algo que muda sua vida completamente sem se afetar. E, como compositor, tendo a escrever sobre minha vida muito abertamente. Então, naturalmente, isso tornou parte das músicas.
G1 - Há momentos mais sombrios, mas também parece haver algum otimismo. Como você conseguiu ver esses dois lados da separação?
Ben Gibbard -
 Acho que você tem que fazer isso para seguir em frente. Divórcios são dolorosos e mudam sua vida. O único jeito de superar é ver além, enxergar a luz no fim do túnel. Tem que ir adiante. Não é algo que eu vou permitir que me afete mais que deveria.
Zooey Deschanel e Ben Gibbard (Foto: Kevin Winter/AFP)Zooey Deschanel e Ben Gibbard
(Foto: Kevin Winter/AFP)
G1 - Em 2009 vocês fizeram no Grammy um protesto contra o Auto-Tune e a favor da música ‘autêntica’. Seis anos depois, o Auto-Tune venceu?
Ben Gibbard - 
Não sei. Eu sinto que, mesmo que haja muita música por aí que é superproduzida, sempre haverá pessoas fazendo música humana. Acho que ainda há pessoas interessadas em canções bem trabalhadas, em produção interessante, e há um elemento humano que sempre vai sobressair nas rádios pop.
G1 - Em 2011, vocês falaram com o G1 sobre um momento bom para bandas de indie rock, como vocês e o Vampire Weekend. Acha que hoje está mais difícil?
Ben Gibbard -
 Acho que é mais difícil para quem está começando. Há mais bandas do que nunca. Não tem tantas casas de show, tantas horas do dia para as pessoas escutarem música. É muito difícil para quem quer ser notado agora, no meio de tantos outros. Então fico feliz que pudemos começar e ficar conhecidos quando havia menos bandas.
G1 - Houve muitos boatos nos últimos anos sobre show do Death Cab no Brasil, mas nunca aconteceu. Podemos esperá-los aqui um dia?
Ben Gibbard - 
Eu amaria tocar no Brasil e espero realmente que seja na turnê deste disco. Não posso dizer o que aconteceu antes, mas vamos ficar na estrada agora por um bom tempo. Não sei se nesse ano poderemos ir ao Brasil – no próximo, talvez
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário