quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A missão de guardião da criação

Hoje somos chamados a proteger e cuidar de toda forma de vida existente no planeta onde habitamos.
Por Pe. Josafá Carlos de Siqueira*
Que alegria podermos celebrar o mês missionário de outubro, inspirado na mensagem da Encíclica Laudato Si do Papa Francisco que nos mostra o grande desafio hoje de ser missionário, diante da crise ambiental em que vivemos. Tendo diante dos olhos o que está acontecendo em nossa casa comum, poluições, mudanças climáticas, cultura do descarte e do desperdício, escassez dos recursos hídricos, perda da biodiversidade, deterioração da qualidade de vida humana, desigualdade planetária etc, cresce o nosso compromisso e a missão de sermos guardiões da criação. Assim como São Francisco de Assis que percebeu que a grande missão de sua época era reconhecer a paternidade comum que permitem a todos, humanos e não humanos, serem chamados de irmãos e irmãs, pois temos o mesmo Pai Criador, como também o amor em acolher e cuidar dos pobres e vulneráveis, nós hoje somos chamados a proteger e cuidar de toda forma de vida existente no planeta onde habitamos, optando preferencialmente pelas existências mais vulneráveis e ameaçadas, procurando pessoal e socialmente mudar estilo de vida, diminuir o ritmo de consumo, desperdício e alteração do meio ambiente,  optando, segundo o Papa Francisco, por caminhos mais sustentáveis que permitem viver com simplicidade para saborear as coisas pequenas da vida, sabendo limitar algumas necessidades que nos entorpecem, e não nos entristecermos por aquilo que não possuímos.
Ser hoje um cristão missionário é uma tarefa desafiadora, pois temos que atuar diante dos vários desafios atuais, mudando mentes, convertendo corações e realizando gestos significativos em prol de toda a obra da criação. A dimensão humana e ambiental deve fazer parte de nossa missão, pois ambas realidades estão profundamente unidas naquilo que a Encíclica chama de Ecologia integral. O missionário deve saber cuidar do humano e do meio ambiente, pois todas as criaturas estão interligadas e precisamos uns dos outros para viver e exercer com responsabilidade aquilo que o Pai Criador colocou em nossas mãos, não para excluir e extinguir, mas para cuidar, respeitar e reconhecer o valor de cada ser existente, independente de sua utilidade. Como aparece em Laudato Si: “viver a vocação de guardiões da obra de Deus, não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial de uma existência virtuosa”.
Como Jesus Cristo que vivia em plena harmonia com a criação, nós hoje somos chamados a viver a nossa vocação missionária numa Igreja em saída, preocupada com a justiça social e ambiental, lutando para superar tudo aquilo que compromete a dignidade do ser humano e toda a criação, preservando o meio ambiente que é um bem coletivo e patrimônio de toda a humanidade, buscando permanentemente a conversão ecológica, e procurando fazer no dia a dia de nossa casa, família e comunidade, gestos que nos humanizam e que ajudam a cuidar do planeta Terra, nossa casa comum. Dentre estes gestos e ações diárias que reeducam os nossos hábitos e comportamentos, o Papa Francisco nos indica algumas coisas práticas como: evitar o uso de plástico e o consumo exagerado de papel, reduzir o consumo de água, reciclar o lixo, cuidar dos pobres e dos outros seres vivos, fazer uso dos transportes públicos, ou compartilhar o mesmo veículo com outras pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias, evitar o desperdício, pois sabemos que estas pequenas coisas que estão ao alcance de nossas mãos, são importantes para a sustentabilidade do planeta, deixando para as gerações futuras uma casa comum com mais dignidade social e ambiental.
A12 05-10-2015.
*Pe. Josafá Carlos de Siqueira é reitor da PUC-Rio.

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