A felicidade virá como consequência de uma vida feita de serviço e amor aos outros.
Por Dom Adelar Baruffi*
É belo pensar a vida humana como um caminho. Do nascer à passagem para a vida eterna, somos caminhantes. E vamos aprendendo a caminhar. É uma construção pessoal e coletiva. Um dos exercícios mais difíceis para cada um de nós é o caminho de sair de nós mesmos para os outros. É o êxodo de uma vida enclausurada no interesse próprio para uma vida que se deixa afetar pelo outro, seja na alegria ou na dor. Chamamos a esta capacidade de compaixão.
Superar a indiferença
Uma das grandes dificuldades humanas de nosso tempo é a indiferença e aquilo que o Papa Francisco chamou de “autorreferencialidade” ou “consciência isolada”. Olhar o mundo e a vida a partir de si mesmo. Ignorar o que se passa ao redor. É o império do individualismo e subjetivismo. Minha vida, meus valores, meu projeto, minhas preocupações. Esta é uma vida triste! Disse-nos o Papa Francisco: “Quando a vida interior fecha-se nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem.” (EG 2).
Mas o que me move a sair e ir ao encontro do outro? A Filosofia diria que é o “rosto do outro” (E. Levinas) que me interpela, questiona, inquieta e move a agir. A Psicologia nos ensina que aprendemos a amar à medida que somos acolhidos e amados. A Teologia nos apresenta Deus, que sai de si e vem constantemente ao encontro do ser humano, nos visita, nos ama. Acreditamos que a acolhida de Deus que nos visita nos move a sair de nos mesmos e irmos ao encontro do outro e oferecer este amor. Diz S. Paulo, “o amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14). Isto porque fazemos a experiência da gratuidade. “Se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?” (EG 8), nos diz o Papa.
Jesus Cristo compassivo
Olhemos a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo e veremos que sua vida foi descentrada: voltada para o Pai e o Reino de Deus. Por causa deles, pela paixão que teve pelo Reino, compadeceu-se dos sofredores, amou os excluídos, curou os doentes, mostrou a exemplaridade do Bom Samaritano, resumiu todo seu ensinamento no serviço, no lava-pés. Exemplificou com o símbolo do grão de trigo, que ao cair na terra morre para poder dar fruto (cf. Jo 12, 24), falando de si mesmo, de sua morte na cruz. Jesus, que nos revela o verdadeiro rosto do ser humano, mostrou-nos que nas relações humanas o outro tem precedência sobre o eu.
Assim, o ser humano alcança a tão almejada felicidade. Nunca buscando-a em primeiro lugar. Ela virá como consequência de uma vida feita serviço, amor aos outros. Ainda as palavras de Jesus: “quem perder a sua vida por mim, a encontrará” (Mc 8,35).
É belo pensar a vida humana como um caminho. Do nascer à passagem para a vida eterna, somos caminhantes. E vamos aprendendo a caminhar. É uma construção pessoal e coletiva. Um dos exercícios mais difíceis para cada um de nós é o caminho de sair de nós mesmos para os outros. É o êxodo de uma vida enclausurada no interesse próprio para uma vida que se deixa afetar pelo outro, seja na alegria ou na dor. Chamamos a esta capacidade de compaixão.
Superar a indiferença
Uma das grandes dificuldades humanas de nosso tempo é a indiferença e aquilo que o Papa Francisco chamou de “autorreferencialidade” ou “consciência isolada”. Olhar o mundo e a vida a partir de si mesmo. Ignorar o que se passa ao redor. É o império do individualismo e subjetivismo. Minha vida, meus valores, meu projeto, minhas preocupações. Esta é uma vida triste! Disse-nos o Papa Francisco: “Quando a vida interior fecha-se nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se ouve a voz de Deus, já não se goza da doce alegria do seu amor, nem fervilha o entusiasmo de fazer o bem.” (EG 2).
Mas o que me move a sair e ir ao encontro do outro? A Filosofia diria que é o “rosto do outro” (E. Levinas) que me interpela, questiona, inquieta e move a agir. A Psicologia nos ensina que aprendemos a amar à medida que somos acolhidos e amados. A Teologia nos apresenta Deus, que sai de si e vem constantemente ao encontro do ser humano, nos visita, nos ama. Acreditamos que a acolhida de Deus que nos visita nos move a sair de nos mesmos e irmos ao encontro do outro e oferecer este amor. Diz S. Paulo, “o amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14). Isto porque fazemos a experiência da gratuidade. “Se alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?” (EG 8), nos diz o Papa.
Jesus Cristo compassivo
Olhemos a vida e os ensinamentos de Jesus Cristo e veremos que sua vida foi descentrada: voltada para o Pai e o Reino de Deus. Por causa deles, pela paixão que teve pelo Reino, compadeceu-se dos sofredores, amou os excluídos, curou os doentes, mostrou a exemplaridade do Bom Samaritano, resumiu todo seu ensinamento no serviço, no lava-pés. Exemplificou com o símbolo do grão de trigo, que ao cair na terra morre para poder dar fruto (cf. Jo 12, 24), falando de si mesmo, de sua morte na cruz. Jesus, que nos revela o verdadeiro rosto do ser humano, mostrou-nos que nas relações humanas o outro tem precedência sobre o eu.
Assim, o ser humano alcança a tão almejada felicidade. Nunca buscando-a em primeiro lugar. Ela virá como consequência de uma vida feita serviço, amor aos outros. Ainda as palavras de Jesus: “quem perder a sua vida por mim, a encontrará” (Mc 8,35).
CNBB 25-09-2015.
*Dom Adelar Baruffi é bispo de Cruz Alta
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