A supremacia de Rembrandt van Rijn, nascido na cidade de Leiden, ainda prevalece
Por Lev Chaim*
Holanda e França quase tiveram um desentendimento diplomático por causa de dois retratos, o noivo e noiva, pintados por Rembrandt, pertencentes a família Rothschild, do ramo francês. O museu de Paris, o Louvre, não se mostrou interessado em adquiri-los até que o museu nacional da Holanda (Rijksmuseum), com sede em Amsterdã, entrou em cena e, em princípio, disse ter acertado o pagamento da fabulosa soma de 160 milhões de euros pelos dois quadros: metade pagaria o museu e metade o governo holandês.
A venda foi barrada pelo ministério da Cultura da França. Resultado final: tanto o Rijksmuseum como o Louvre tornaram-se os novos proprietários desses dois retratos, que serão expostos, alternadamente, tanto em Amsterdã como em Paris. A família Rothschild vai receber a quantia que pediu e, segundo os ministérios da Cultura da França e da Holanda, quem ganhou foi o povo europeu, que vai poder admirar essas obras de arte tanto em Amsterdã como em Paris.
A supremacia do velho mestre holandês da pintura (século 17), Rembrandt van Rijn, nascido na cidade de Leiden, ainda prevalece. Não é por nada que ele se tornou um dos mais caros e celebrados pintores do mundo. A serenidade das emoções em seus quadros, com clarões profundos em tons dourados, fez dele o mestre entre os mestres, até mesmo para o grande Vincent van Gogh, que ia ao museu apenas para admirá-lo.
Uma vez ali, van Gogh ficava horas à frente de uma das mais belas obras de Rembrandt, ‘A Noiva Judia’, e admirava o entrelaçar das cores vermelha e dourada na textura das roupas dos retratados, dando uma luminosidade especial ao gesto de ternura do homem, com a mão sobre o ventre da noiva. Um gênio, alardeava van Gogh e muitos outros que por ali passaram.
A pressa em fechar o negócio teria sido para impedir que estas duas obras de Rembrandt fossem parar em alguma coleção privada de algum Xeique da Arábia ou de um bilionário asiático. Mas, a seguir, alguns peritos começaram a questionar o negócio e a duvidar que houvesse mesmo uma fila de outros potenciais compradores. A primeira pergunta: quem avaliou os quadros?
Uma das vozes que se levantaram contra o negócio, alegando uma pressa desnecessária, sem deixar qualquer tempo para melhores negociações em relação ao preço final, foi a do historiador holandês e comerciante de arte, Jan Six, cuja família também é proprietária de um Rembrandt, onde um dos ancestrais desta família foi retratado pelo mestre, em 1654.
Ele afirmou que as vendas no mercado da arte em 2015 foram dominadas por pintores impressionistas e não pelos velhos mestres, já que os museus, em sua maioria, não têm verba para pagá-los. E Jan Six não deixou por menos e catalogou a compra como uma grande irresponsabilidade por parte do museu e do governo holandês. “Se o museu de Amsterdã decidiu comprar os quadros, o governo teria que ter ficado de fora e ter dado a chance ao museu de arrumar seus próprios patrocinadores”, afirmou o historiador.
E dois outros pontos foram mapeados como problemáticos nesta compra conjunta pelos museus da França e da Holanda. Em primeiro lugar, a viagem dos quadros entre Paris e Amsterdã, cada fez que eles forem expostos. Esta frequência poderá danificar as pinturas, pois essas viagens não serão poucas. E Jan Six acrescentou ainda que a política de restauração de pinturas do Louvre é diametralmente oposta à política do museu de Amsterdã.
No Louvre, até mesmo a Mona Lisa é mostrada empoeirada e apagada. O quadro necessita de uma limpeza e de uma restauração urgentes, como também muitos outros ali expostos. Já no museu holandês, as obras são restauradas e limpas regularmente e o público tem a sensação de estar apreciando o quadro como ele realmente foi pintado, com todo o esplendor de suas cores originais. No final, Jan Six fez um apelo à família Rothschild para que garanta todos esses detalhes antes de colocar a sua assinatura no contrato de compra e venda.
Não sei o que pensar disso tudo, mas com esta fortuna no bolso, não acredito que a família irá se perturbar mais com o futuro das obras, já que foi ela própria que decidiu colocá-las a venda, não é mesmo?
Holanda e França quase tiveram um desentendimento diplomático por causa de dois retratos, o noivo e noiva, pintados por Rembrandt, pertencentes a família Rothschild, do ramo francês. O museu de Paris, o Louvre, não se mostrou interessado em adquiri-los até que o museu nacional da Holanda (Rijksmuseum), com sede em Amsterdã, entrou em cena e, em princípio, disse ter acertado o pagamento da fabulosa soma de 160 milhões de euros pelos dois quadros: metade pagaria o museu e metade o governo holandês.
A venda foi barrada pelo ministério da Cultura da França. Resultado final: tanto o Rijksmuseum como o Louvre tornaram-se os novos proprietários desses dois retratos, que serão expostos, alternadamente, tanto em Amsterdã como em Paris. A família Rothschild vai receber a quantia que pediu e, segundo os ministérios da Cultura da França e da Holanda, quem ganhou foi o povo europeu, que vai poder admirar essas obras de arte tanto em Amsterdã como em Paris.
A supremacia do velho mestre holandês da pintura (século 17), Rembrandt van Rijn, nascido na cidade de Leiden, ainda prevalece. Não é por nada que ele se tornou um dos mais caros e celebrados pintores do mundo. A serenidade das emoções em seus quadros, com clarões profundos em tons dourados, fez dele o mestre entre os mestres, até mesmo para o grande Vincent van Gogh, que ia ao museu apenas para admirá-lo.
Uma vez ali, van Gogh ficava horas à frente de uma das mais belas obras de Rembrandt, ‘A Noiva Judia’, e admirava o entrelaçar das cores vermelha e dourada na textura das roupas dos retratados, dando uma luminosidade especial ao gesto de ternura do homem, com a mão sobre o ventre da noiva. Um gênio, alardeava van Gogh e muitos outros que por ali passaram.
A pressa em fechar o negócio teria sido para impedir que estas duas obras de Rembrandt fossem parar em alguma coleção privada de algum Xeique da Arábia ou de um bilionário asiático. Mas, a seguir, alguns peritos começaram a questionar o negócio e a duvidar que houvesse mesmo uma fila de outros potenciais compradores. A primeira pergunta: quem avaliou os quadros?
Uma das vozes que se levantaram contra o negócio, alegando uma pressa desnecessária, sem deixar qualquer tempo para melhores negociações em relação ao preço final, foi a do historiador holandês e comerciante de arte, Jan Six, cuja família também é proprietária de um Rembrandt, onde um dos ancestrais desta família foi retratado pelo mestre, em 1654.
Ele afirmou que as vendas no mercado da arte em 2015 foram dominadas por pintores impressionistas e não pelos velhos mestres, já que os museus, em sua maioria, não têm verba para pagá-los. E Jan Six não deixou por menos e catalogou a compra como uma grande irresponsabilidade por parte do museu e do governo holandês. “Se o museu de Amsterdã decidiu comprar os quadros, o governo teria que ter ficado de fora e ter dado a chance ao museu de arrumar seus próprios patrocinadores”, afirmou o historiador.
E dois outros pontos foram mapeados como problemáticos nesta compra conjunta pelos museus da França e da Holanda. Em primeiro lugar, a viagem dos quadros entre Paris e Amsterdã, cada fez que eles forem expostos. Esta frequência poderá danificar as pinturas, pois essas viagens não serão poucas. E Jan Six acrescentou ainda que a política de restauração de pinturas do Louvre é diametralmente oposta à política do museu de Amsterdã.
No Louvre, até mesmo a Mona Lisa é mostrada empoeirada e apagada. O quadro necessita de uma limpeza e de uma restauração urgentes, como também muitos outros ali expostos. Já no museu holandês, as obras são restauradas e limpas regularmente e o público tem a sensação de estar apreciando o quadro como ele realmente foi pintado, com todo o esplendor de suas cores originais. No final, Jan Six fez um apelo à família Rothschild para que garanta todos esses detalhes antes de colocar a sua assinatura no contrato de compra e venda.
Não sei o que pensar disso tudo, mas com esta fortuna no bolso, não acredito que a família irá se perturbar mais com o futuro das obras, já que foi ela própria que decidiu colocá-las a venda, não é mesmo?
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o DomTotal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário