Padre Geovane Saraiva*
No dia 1º de dezembro de 2015
será a abertura do centenário do martírio do bem-aventurado Charles de
Foucauld, assassinado no Deserto do Saara em 1º de dezembro de 1916. Aqui no
Brasil, a celebração principal se dará na Basílica Nacional de Aparecida-SP, mas o
mundo inteiro, nos irmãos e irmãs que se alimentam da espiritualidade do
querido irmão universal, que pela vida de oração e contemplação, que pelo seu
exemplo, procura encontrar o absoluto de Deus. Temos como condição sine qua
non: a conversão permanente, a Eucaristia como o eixo central, a oração do
abandono, a busca do último lugar e o Evangelho da Cruz. Toda a família de
Charles de Foucauld, reunida ao redor da Mesa Sagrada em ação de graças pelo
dom da sua vida, quer “proclamar bem
alto o Evangelho com a própria vida”. Foi a partir da incredulidade,
indiferença, egoísmo e impiedade que caiu nas mãos de Deus. Foi arrebatado e
seduzido por Jesus de Nazaré, tornando-se único e maior tesouro de sua vida.
“Se alguém está em Cristo é uma nova criatura. Passaram-se as coisas antigas”
(2 Cr 5, 17).

Charles de Foucauld nasceu na
França (1858-1916). No dia 30 de outubro de 1886, submeteu-se à vontade de
Deus. Em Paris, encontrando Padre
Huvelin, vigário da Igreja de Santo Agostinho, em uma conversa com ele,
confidenciou-lhe: “Padre, não tenho fé, peço-te que me instrua”. O padre foi
ríspido: “Te ajoelha e confesse teus pecados! Então, crerá!”. Obediente,
experimentou uma alegria indizível, a alegria do filho pródigo.
Charles de Foucauld traçou um
caminho para os seus seguidores, propondo-lhes o caminho da cruz e do
Evangelho. Portanto, ao ouvir algo do irmão querido, com sua vida e seus
escritos, é impossível permanecer na indiferença. Ele nos conduz e nos arrasta
ao seguimento de Jesus de Nazaré, seu “bem-amado no Senhor”. Cristo precisa de
nós, não como admiradores, cheios de sentimentos, mas como seguidores. Que a
voz profética deste irmão muito querido não cale jamais, e que as pessoas de
boa vontade sempre mais possam se inspirar e ser inspiradoras na graça do nosso
bom Deus, ao vivermos o ano do centenário de seu martírio.
Ele foi beatificado pelo Papa
Bento XVI (13/11/2005). Seu testemunho e sua mística fascinaram e encantaram e
continuam a fascinar muita gente de fé, os seus seguidores espalhados pelo
mundo inteiro, concretizados no amor e na solidariedade para com os que estão
longe do convívio social, os empobrecidos e excluídos do convívio social.
Charles de Foucauld, ao levar a Eucaristia para os irmãos no Deserto do Saara,
ofereceu-lhes a mesma ternura e compaixão do Filho de Deus, com uma enorme
vontade de ser amigo de todos, bons e maus, de amar a todos indistintamente.
Quis ser, de verdade, o irmão universal, assemelhando-se a Jesus de Nazaré em
tudo, sobretudo na sua paixão e calvário.
Que o centenário do seu martírio
seja consequente e sensibilize nosso mundo, no sentido de se abraçar o grande
sonho do Papa Francisco, o de um mundo solidário, de filhos de Deus e irmãos
uns dos outros. Guardemos, no mais íntimo do íntimo, as seguintes palavras de
Charles de Foucauld: “Tão logo que acreditei existir um Deus, compreendi que só
podia fazer uma única coisa: viver só para Ele”. Assim seja!
Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da
Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE
–geovanesaraiva@gmail.com
Gostei muito do seu artigo. Parabéns.
ResponderExcluirObrigado!
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