Quero hoje falar-vos da família como dum grande ginásio, onde se treina para o dom e o perdão recíproco. Não se pode viver sem nos perdoarmos, ou pelo menos não se pode viver bem, especialmente em família. No dia-a-dia, não faltam ocasiões em que nos portamos mal e somos injustos com os outros. Então o que temos de fazer é procurar imediatamente curar as feridas que causamos. Porque, se adiarmos demasiado, tudo se torna mais difícil. Se, pelo contrário, aprendermos a pedir logo desculpa e a perdoar-nos mutuamente, curam-se a feridas, revigora-se o matrimônio e a família torna-se uma casa cada vez mais sólida que resiste aos abalos das nossas pequenas e grandes maldades. Muitos pensam e dizem que o dom e o perdão são palavras bonitas, mas impossíveis de pôr em prática. Graças a Deus, não é assim! Na verdade, é recebendo o perdão de Deus que somos capazes de, por nossa vez, perdoar aos outros. Por isso, Jesus nos faz repetir estas palavras todos os dias, quando rezamos o Pai-Nosso. E é indispensável que, na nossa sociedade por vezes desalmada, haja lugares, como a família, onde seja possível aprender a perdoar-nos uns aos outros. Verdadeiramente as famílias cristãs podem ajudar muito a sociedade atual e a própria Igreja. Por isso desejo que, no Jubileu da Misericórdia, as famílias descubram, de maneira nova e mais profunda, o tesouro do perdão recíproco.
Com cordial afeto, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, em especial o grupo brasileiro de Mogi das Cruzes. O Senhor vos abençoe, para serdes em toda a parte farol de luz do Evangelho para todos. Possa esta peregrinação fortalecer nos vossos corações o sentir e o viver com a Igreja. Nossa Senhora acompanhe e proteja a vós todos e aos vossos entes queridos.
SIR
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