Corregedor diz que ela foi apresentada como parte do time de advogados.
Empresa que representa Jardel nega que ela tenha trabalhado no caso.
O corregedor da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Marlon Santos, disse, nesta terça-feira (15) que uma advogada que integra o time de defensores do deputado Mário Jardel foi nomeada como chefe de gabinete da liderança do PSD.
“Na reunião da Corregedoria, realizada no dia 10, ela me foi apresentada pelo (Amadeu) Wiemann - advogado do Jardel - como defensora auxiliar dele”, disse Marlon Santos. Vitória Lacerda Winck postou em uma rede social uma foto da nomeação na qual consta o cargo de “chefe gabinete de líder” na coordenadoria da bancada do PSD, conforme publicado na segunda-feira (14) no Diário Oficial da Assembleia Legislativa.
“E para minha surpresa, hoje (dia 15) ela veio acompanhar a varredura feita pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) no gabinete do deputado, na condição de advogada”, afirmou Marlon.
A varredura foi realizada para buscar escutas que teriam sido instaladas no gabinete do deputado, conforme denúncia feita pelos seus advogados. Um aparelho foi encontrado, mas, de acordo com Marlon, se tratava de um transmissor e não de um aparelho de gravação de escutas.
O deputado disse ainda que, na audiência sigilosa realizada dentro da Corregedoria para avaliar as denúncias contra Jardel, Vitória autuou como defensora do deputado. O pai dela teria ainda gravado um trecho da audiência e publicado nas redes sociais.
“Outra surpresa foi no dia 10, durante uma audiência sigilosa da corregedoria, o pai dela acompanhou a sessão e gravou um vídeo, orgulhoso que a filha representava Jardel, e publicou no Facebook”, disse Marlon.
Já o advogado Amadeu Wiemann, que representa Jardel, nega as acusações, dizendo que Vitória nunca trabalhou com ele. Disse, no entanto, que pode ter atuado em seu escritório na condição de estudante, mas negou que ela fizesse parte do time de advogados que atua na defesa de Jardel.
“Não tenho nada a ver com o gabinete, sou advogado do deputado, sou advogado judicial, não tenho qualquer ingerência… ela foi assistir à audiência (na Corregedoria) da mesma forma que a jornalista do gabinete”, disse o advogado reforçando que Vitória “nunca trabalhou” em seu escritório.
O G1 tentou contato com gabinete do deputado Mario Jardel para falar sobre o assunto, mas ninguém foi encontrado.
Varredura no gabinete
Na manhã desta terça, técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) realizaram uma varredura no gabinete do deputado Mário Jardel com o objetivo é averiguar se foram instaladas escutas, grampos ou aparelhos de gravação no local.
Na manhã desta terça, técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) realizaram uma varredura no gabinete do deputado Mário Jardel com o objetivo é averiguar se foram instaladas escutas, grampos ou aparelhos de gravação no local.
Os técnicos receberam o aparelho encontrado pela defesa do parlamentar dentro do gabinete. De acordo com o corregedor da Assembleia, o aparelho não tinha escutas guardadas. Era um transmissor. A defesa de Jardel entregou o equipamento pedindo que fosse feita uma transcrição do áudio supostamente registrado pelo aparelho.
saiba mais
Corregedor manda fechar gabinete
Na quinta-feira (10) passada o corregedor da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Marlon Santos (PDT), determinou o fechamento do gabinetedo deputado Mário Jardel (PSD) para a realização de uma perícia.
Na quinta-feira (10) passada o corregedor da Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Marlon Santos (PDT), determinou o fechamento do gabinetedo deputado Mário Jardel (PSD) para a realização de uma perícia.
Além das denúncias acerca do gabinete de Jardel, Marlon quer saber também se escutas podem ter sido instaladas em outros gabinetes. "A Assembleia tem sido ultrajada", disse o corregedor.
Gol Contra
O deputado é investigado pelo Ministério Público por suspeita de desviar verbas do parlamento, exigir parte dos salários de funcionários fantasmas e envolvimento com traficantes. Na última segunda-feira (30), policiais cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete do político e em sua casa durante a Operação Gol Contra.
O deputado é investigado pelo Ministério Público por suspeita de desviar verbas do parlamento, exigir parte dos salários de funcionários fantasmas e envolvimento com traficantes. Na última segunda-feira (30), policiais cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete do político e em sua casa durante a Operação Gol Contra.
Além do fechamento do gabinete, Marlon pede que cada pessoa que entrar na Assembleia seja identificada e submetida a detector de metais. O deputado afirma que há "farto material" indicando que houve "muita armação" no caso de Jardel.
Durante a reunião, foram ouvidas a portas fechadas as testemunhas Cristian Lima, Francisco Demétrio Tafras e Natasha Romero. Além dos dois deputados, participaram do encontro Enio Bacci (PDT), Pedro Ruas (PSOL), Sérgio Turra (PP), Stela Farias (PT) e Gilberto Capoani (PMDB). Marlon tem prazo até 22 de dezembro para apresentar um parecer pelo andamento do processo ou pelo arquivamento das denúncias.
Durante a reunião, foram ouvidas a portas fechadas as testemunhas Cristian Lima, Francisco Demétrio Tafras e Natasha Romero. Além dos dois deputados, participaram do encontro Enio Bacci (PDT), Pedro Ruas (PSOL), Sérgio Turra (PP), Stela Farias (PT) e Gilberto Capoani (PMDB). Marlon tem prazo até 22 de dezembro para apresentar um parecer pelo andamento do processo ou pelo arquivamento das denúncias.
Jardel se cala em depoimento
Jardel se apresentou nesta segunda-feira (7) à Corregedoria da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS), em Porto Alegre, mas optou por permanecer em silêncio durante depoimento. O advogado do político, Amadeu Weinmann, chegou a encaminhar um pedido para tentar adiar o depoimento, argumentando que era preciso conhecer as acusações e ter acesso a denúncia do Ministério Público. Entretanto, a solicitação foi negada pelo corregedor da Casa.
Jardel se apresentou nesta segunda-feira (7) à Corregedoria da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS), em Porto Alegre, mas optou por permanecer em silêncio durante depoimento. O advogado do político, Amadeu Weinmann, chegou a encaminhar um pedido para tentar adiar o depoimento, argumentando que era preciso conhecer as acusações e ter acesso a denúncia do Ministério Público. Entretanto, a solicitação foi negada pelo corregedor da Casa.
Áudios e vídeos mostram repasse de dinheiro
Em gravações de vídeos e áudios analisados pelo Ministério Público, o deputado aparece falando sobre dinheiro que seria oriundo de desvios da Assembleia Legislativa e também de parte dos salários que o ex-jogador exigia de funcionários, conforme aponta a investigação.
Em gravações de vídeos e áudios analisados pelo Ministério Público, o deputado aparece falando sobre dinheiro que seria oriundo de desvios da Assembleia Legislativa e também de parte dos salários que o ex-jogador exigia de funcionários, conforme aponta a investigação.
Em uma das gravações, o delator tenta entregar a Jardel R$ 3 mil, que corresponde à metade de seu salário. Mas o deputado, que recebe os servidores em seu gabinete, diz que o repasse teria de ser feito a outro assessor, encarregado de recolher o dinheiro.
Para disfarçar, Jardel usa um código. Ele diz que o valor é para o pagamento de camisas. Abaixo, confira a transcrição:
Jardel: Esse dinheiro aí é do [nome preservado], entrega pro [nome preservado] esse dinheiro aí.
Assessor 1 [delator]: Tá. Tranquilo.
Jardel: É das camisa, pra ele… [pra ele] pagar. Entendeu?
Assessor 1 [delator]: Ah, entendi. Entendi. Tá bom.
Jardel: É os três mil da camisa, né?
Assessor 1 [delator]: É.
Jardel: Entrega pra ele, que ele foi… ele saiu ali com… com o [nome preservado].
Assessor 1 [delator]: Tá. Tranquilo.
Jardel: É das camisa, pra ele… [pra ele] pagar. Entendeu?
Assessor 1 [delator]: Ah, entendi. Entendi. Tá bom.
Jardel: É os três mil da camisa, né?
Assessor 1 [delator]: É.
Jardel: Entrega pra ele, que ele foi… ele saiu ali com… com o [nome preservado].
Mais tarde, o delator encontra o colega que receberia o dinheiro, com outro funcionário do gabinete, e faz a entrega.
Assessor 1 [delator]: Eu fui dar o dinheiro pra ele, ele mandou eu dar pra ti.
Assessor 2 [Roger, que recebe o dinheiro]: Não, [ele mandou dar] pro [funcionário], que é pra dar pra ele.
Assessor 2 [Roger, que recebe o dinheiro]: Ele mandou o [funcionário] pegar de todos nós. Então tu dá pra mim, eu dou pra ele.
Assessor 1 [delator]: Então tá.
Assessor 1 [delator]: Oito, nove, dez, onze, doze… quinze, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte, vinte e um… três, quatro, vinte e cinco.
Assessor 2 [Roger, que recebe o dinheiro]: Não, [ele mandou dar] pro [funcionário], que é pra dar pra ele.
Assessor 2 [Roger, que recebe o dinheiro]: Ele mandou o [funcionário] pegar de todos nós. Então tu dá pra mim, eu dou pra ele.
Assessor 1 [delator]: Então tá.
Assessor 1 [delator]: Oito, nove, dez, onze, doze… quinze, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte, vinte e um… três, quatro, vinte e cinco.
De acordo com a investigação, o dinheiro extorquido dos assessores bancava despesas pessoais de Jardel e servia até para pagar o aluguel do apartamento onde mora um irmão e a mãe dele.
Uma das escutas telefônicas autorizada pela Justiça mostra que Jardel liga para um de seus assessores e diz que o pagamento do aluguel não foi realizado.
Jardel: Amanhã é dia dez, né, [assessor]? Esqueceu de... de fazer o negócio da minha mãe, [do] apartamento, e eu quero o negócio amanhã, o negócio do... o negócio do... da...
Assessor 3 [Ricardo]: Não, eu não, Jardel!
Jardel: [fala sobreposta] o dinheiro pro... O que é que vocês fazem, cara? Eu dou o dinheiro, dou a nota pra vocês pagarem, vocês esquecem de pagar as coisas?
Assessor 3 [Ricardo]: Não, eu vou... vou fazer o seguinte, ó: eu vou ver amanhã.
Jardel: [...] minha mãe, não, né, cara! O cara ligando pra minha mãe, minha mãe já é doente...
Assessor 3 [Ricardo]: Não, eu não, Jardel!
Jardel: [fala sobreposta] o dinheiro pro... O que é que vocês fazem, cara? Eu dou o dinheiro, dou a nota pra vocês pagarem, vocês esquecem de pagar as coisas?
Assessor 3 [Ricardo]: Não, eu vou... vou fazer o seguinte, ó: eu vou ver amanhã.
Jardel: [...] minha mãe, não, né, cara! O cara ligando pra minha mãe, minha mãe já é doente...
Quando Jardel fala que entregou notas para o assessor, seriam notas frias de hotel para receber diárias por viagens não realizadas. Em outra ligação, um dos assessores ligou para o colega e pediu o número da imobiliária para avisar que faria o pagamento com dinheiro das diárias.
Assessor 3 [Ricardo]: Tem o número dessa p$*&% dessa imobiliária?
Assessor 3 [Ricardo]: Eu vou dar um cheque pré-datado até eu fazer essas diária aí e entrar as diária pra mim. Mesmo que eu pague o juro, aí o dinheiro fica pra mim.
Assessor 2 [Roger]: Tá. Eu vou chegar ali em cima e já te ligo.
Assessor 3 [Ricardo]: Eu vou dar um cheque pré-datado até eu fazer essas diária aí e entrar as diária pra mim. Mesmo que eu pague o juro, aí o dinheiro fica pra mim.
Assessor 2 [Roger]: Tá. Eu vou chegar ali em cima e já te ligo.
Segundo a investigação, até a fatura do cartão de crédito da mulher de Jardel era paga com dinheiro desviado do gabinete.
Além disso, a investigação também descobriu a ligação de Jardel com um traficante de drogas. E a compra das drogas também seria feita com dinheiro desviado.
O relatório do Ministério Público diz ainda que a droga entregue pelo traficante era consumida por Jardel durante programas com uma prostituta, também contratada como funcionária fantasma do gabinete
.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário