quinta-feira, 17 de março de 2016

Mudança de sexo para crianças: “perigosa experiência de engenharia social”

“Não é ciência, mas sim uma superestrutura ideológica voltada a criar uma sociedade unissex desde a infância”
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Pixabay
A Grã-Bretanha está na vanguarda da “engenharia social” às custas de crianças de 8 anos de idade, denuncia a Dra. Chiara Atzori, do hospital Sacco, de Milão, autora do livro “Gendercrazia nuova utopia – Uomo e donna al bivio tra relazione o disintegrazione” (“Generocracia, nova utopia: homem e mulher na encuzilhada entre relação e desintegração”, de 2015). Ela se refere ao fato de os serviços de saúde pública britânicos terem empregado em apenas nove meses de 2015 a cifra de 2,6 milhões de libras na administração, a mais de mil crianças, de drogas que bloqueiam a puberdade.
Com base em diagnósticos psicológicos, médicos britânicos alegam detectar em crianças um “transtorno de identidade sexual” e tratá-lo interrompendo o desenvolvimento das características físicas de identidade sexual. “Com um ato de congelamento químico do natural desenvolvimento da puberdade – disse ela a ZENIT –, pretende-se enfrentar a complexa questão da identidade de cada ser vivente, que, como nos lembra o prêmio Nobel de medicina Eric Kandel, é o resultado de intrincadas interações entre o que é biológico e a relação com o ambiente externo”.
De resto, recorda a Dra. Chiara Atzori, “o processo de progressiva consciência de pertencer ao próprio sexo é exposto à vulnerabilidade tanto biológica quando psíquica e cultural, e isto antes mesmo do nascimento”. Essa vulnerabilidade se deve a vários fatores: desde o estresse materno durante a gravidez até as experiências relacionais nos primeiros três anos de vida, em que a criança, “seja menino ou menina”, lida com “uma dinâmica de identificação e desidentificação com uma figura primária feminina (a mãe) e masculina (o pai)”. A Dra. Chiara observa que “a atual fragilidade dos laços familiares deveria ser motivo de preocupação no que diz respeito aos efeitos sobre a identidade em formação das crianças”. À luz desta “complexa rede de fatores”, a médica considera “francamente controversa” a iniciativa britânica.
Aliás, o projeto britânico tem raízes em um fracasso verificado nos Estados Unidos. “Infelizmente, é pouco conhecido pelo público que a famosa ‘Gender Clinic’ americana, pioneira nessa área e ligada à Universidade John Hopkins de Baltimore, foi fechada após uma revisão cuidadosa dos casos de sujeitos adultos com ‘disforia de gênero’ ali tratados, por causa da evidência de um alto percentual de transtornos mentais, suicídios e insatisfação ligada ao inicial desejo de ‘mudar de sexo'”. Perturbadora, a experiência sugere pelo menos um “princípio de precaução” quando a questão é agora aplicada a crianças.
A Dra. Chiara considera que o bom senso é atropelado pelo avanço galopante da ideologia de gênero, que “está levando a uma ‘renegociação’ não científica, mas filosófica e política dos distúrbios de identidade sexual”. Esta posição sustenta que a não conformidade de gênero não é em si uma patologia, mas uma variante normal da subjetividade humana em amadurecimento. “Nesta perspectiva, o uso de hormônios é puramente instrumental”, observa a doutora, explicando, em seguida, que aqui se encaixa “a proposta de ‘congelar’ a natureza (o desenvolvimento da puberdade) em sujeitos pediátricos (crianças), a fim de promover o desejo, como se o desejo habitasse um recipiente abstrato e neutro e não emanasse, de fato, de um sujeito imerso numa realidade relacional familiar e educativa”.
Ela acrescenta: “Considero esta postura antinatural, objetivamente perigosa, quase um experimento de engenharia social de matriz biomédica”. A este respeito, ela destaca que “a clínica Tavistock tem uma notória inclinação, há décadas, a realizar esse tipo de experimentação camuflada de ‘ciência'”.
Os riscos também envolvem o lado estritamente médico. Afirma a Dra. Chiara: “Os efeitos da administração desses fármacos podem ser a alteração da densidade óssea, a sensação de fraqueza, o déficit da força muscular, sensações súbitas de calor, irritabilidade, depressão. Além disso, trata-se de injeções aplicadas por via intramuscular”.
O aumento dos casos diagnosticados, de acordo com a médica, também é “pelo menos suspeito” e “parece sinalizar o desejo de agradar a uma moda, a da autodeterminação da identidade sexual, estendendo-a a sujeitos pediátricos como para validar as pretensões de alguns poderosos lobbies pró-ideologia de gênero”.
Os especialistas em disforia de gênero infantil “nos lembram, na literatura científica, que problemas semelhantes podem resolver-se espontaneamente com o amadurecimento dos caracteres sexuais, suavizando a atenção exasperada às manifestações de ‘não-conformidade de gênero’ dos pequenos pacientes, ou com adequada psicoterapia sistêmica”.
A Dra. Chiara Atzori lança então o alarme: “Precisamos urgentemente de séria autocrítica e responsabilidade do mundo clínico, médico e biológico para encarar com realismo a questão fundante da identidade sexual e de gênero, deixando de lado as pressões políticas e do ativismo militante” – e sem fazer as crianças pagarem o preço “das nossas superestruturas ideológicas de caráter unissex ou pansexual escorado em teses de gênero”.
Zenit

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