sexta-feira, 4 de março de 2016

“Nunca mais abusos nem suicidios”. O card. Pell encontras as vítimas

O cardeal reuniu-se esta manhã no Hotel Quirinale com os sobreviventes vindos da Austrália para ouvir os seus depoimentos. Na manhã de hoje uma delegação recebida por Pe. Zollner na Gregoriana. Amanhã, talvez, audiência com o Papa
Pell, audiência
Chega ao fim a conturbada viagem das 14 vítimas de abusos de Ballarat vindas de Roma para ouvir os depoimentos do cardeal George Pell à Comissão Real de inquérito sobre casos de pedofilia na Austrália. O ato final será um eventual encontro amanhã pela manhã com o Papa Francisco, ao qual dizem ter enviado uma carta escrita a mão (carta que, porém – revelam fontes vaticanas – o Pontífice não tem sequer conhecimento).
Hoje, no entanto, o Ballarat Survivors Group encontrou cara a cara o prefeito da Secretaria para a Economia, no Hotel Quirinale de Roma, onde aconteceram as quatro vídeo conferências a partir do domingo passado. Quiseram encontra-se com ele a todo custo: talvez para pedir-lhe justiça, para tentar trazer algum outro lampejo de verdade, talvez para esclarecer ou reprovar-lhe na cara a sua irresponsabilidade durante aqueles anos terríveis em que vários crimes aconteciam nas paróquias e escolas cristãs.
O resultado do encontro foi uma declaração que o prelado leu publicamente aos vários jornalistas que lotavam o lado de fora do hotel romano, na qual o ministro das finanças vaticanas confirma: “Encontrei-me com uma dezena dos sobreviventes de Ballarat, as pessoas que os apoiam e os funcionários e ouvi cada uma das suas histórias e dos seus sofrimentos”.
“Foi difícil”, admitiu o cardeal, mas, ao mesmo tempo, “um encontro honesto e emocionante”. Portanto, prometeu comprometer-se “a trabalhar com estas pessoas provenientes de Ballarat e das regiões adjacentes. Eu conheço muitas das suas famílias e conheço a bondade de tantas pessoas na comunidade católica de Ballarat: uma bondade que não se extingue com o mal que foi feito “.
“Todos – acrescentou Pell – queremos garantir que as coisas melhorem efetivamente e sobre o terreno, especialmente para os sobreviventes e as suas famílias e quero continuar a trabalhar com eficácia com o grupo de sobreviventes, graças às agências e às estruturas que temos aqui como Igreja de Roma e em particular na Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores”.
Recebendo, portanto, a sua plena disponibilidade para uma cooperação, o cardeal Pell acrescentou: “Até mesmo um só suicídio é muito, e de trágicos suicídios existem muitos. Me comprometo a trabalhar com o grupo de sobreviventes para colocar um ponto final em tudo isso, de forma que o suicídio não seja mais uma opção para aqueles que sofrem”.
“Apesar da distância – continuou – eu gostaria de trabalhar para que Ballarat possa se tornar um modelo e um lugar melhor para a cura e para a paz. Agora – disse o prelado – não deveria prometer o que é impossível de manter, todos sabemos o quão difícil seja realizar as coisas, mas quero que saibam que apoio o trabalho de instrução para avaliar a criação de um centro de pesquisa que incentive a cura e melhore a proteção dos menores”.
Finalmente, o cardeal fez um apelo aos fieis da diocese de Ballarat, “conhecidos pela sua lealdade e caridade”, para que “continuem a cooperar com os sobreviventes para continuar a melhorar a situação. Tomo nota com profunda gratidão”. Seria “maravilhoso”, acrescentou Pell, se a cidade de Ballarat, centro de onde houve casos de pedofilia, mais do que em qualquer outro lugar do mundo, se tornasse “um exemplo de apoio àqueles que foram atingidos pelo flagelo dos abusos”.
Satisfação pelas palavras do Cardeal foi expressa pelas vítimas, que nos últimos dias não deixaram de expressar sua própria frustração ou de responder com vaias a algumas declarações suas, chegado até a pedir a sua demissão. “Recemos mil vezes mais do que esperávamos”, declarou à imprensa David Ridsdale, porta-voz do grupo e sobrinho, bem como vítima, do pe. Gerard Ridsdale, o pedófilo em série mais notório na Austrália, com mais de 54 casos de abuso nas costas, muitas vezes citado nos depoimentos de Pell.
Pouco antes da saída do Prefeito das finanças do Vaticano, Ridsdale agradeceu o apoio da imprensa e disse “tivemos um encontro maravilhoso com o card. Pell. Estamos representando as pessoas de Ballarat. Pell aceitou fazer uma breve declaração pública. Agora vamos descansar… Outra coisa: estamos ainda esperando, mas está sendo estudado, uma eventual visita ao Papa. Ficaríamos felizes se acontecesse”.
O próprio Ridsdale, juntamente com duas outras vítimas, Peter Blenkiron e Andrew Collins, foi convidado esta manhã à Pontifícia Universidade Gregoriana pelo jesuíta alemão Hans Zollner, um proeminente membro da Comissão anti-abuso liderada pelo Card. Sean O’Malley e ex-diretor do “Centro para a Protecção da Criança” (Centre for Child Protection) criado pelo Ateneu dos Jesuítas para a prevenção da pedofilia.
O encontro durou das 9 às 11, também naquela ocasião “tivemos um diálogo muito positivo”, disse David, “as nossas posições foram recebidas muito bem, recebemos informações sobre progressos” realizados pela Comissão para a guarda dos menores. O encontro deveria acontecer novamente amanhã, às 10h. A menos que não seja o próprio papa a querer recebê-los, antes que subam no avião que os levará de volta para a Austrália, certamente mais leves do que quando chegaram. Zenit

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