Padre Geovane Saraiva*
A Igreja é na sua natureza a
essência divina, usando a comum linguagem de povo de Deus, na rica e inefável
alegoria do bom pastor, ao afirmar: “Eu sou o bom pastor, eu conheço minhas
ovelhas e elas me conhecem” (Jo 10, 14). No bom pastor temos os pressupostos
indispensáveis para sermos felizes e realizados, nos sinais por ele mesmo
apresentados. Depende de nós percebermos suas características, a partir de sua
incomensurável ternura, a não se cansar de amar e perdoar as pessoas, ovelhas
do rebanho santo.

Jesus ressuscitado vive para sempre junto a seu povo, querendo fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5). A
partir de suas santas chagas, suas chagas gloriosas, o Cristo Senhor nos
proteja e nos guarde, como expressa tão bem a celebração da luz, na noite de
Páscoa. Aqui convencemo-nos de que Jesus, na sua passagem da morte para a vida,
nunca mais se afastará de seu povo, oferecendo-nos a misericórdia e o perdão,
entendido como a “assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração”
(Papa Francisco).
A ternura do bom pastor encarnada
no Santo Padre, o Papa Francisco, depois de voltar da visita ao campo de
refugiados, na Ilha de Lesbos, Grécia (16/04/2016), sensibilizou o mundo:
“Senti vontade de chorar”, explicando o gesto concreto de convidar três
famílias sírias, no total de 12 pessoas, para irem com ele ao Vaticano. E falou
mais: “Depois daquilo que vi, daquilo que vistes, naquele campo de refugiados,
dava vontade de chorar”, na conversa aos jornalistas, durante o voo de regresso
a Roma. “Trago isso no coração; hoje havia mesmo que chorar”, assumindo se
tratar de um “pequeno gesto”, gesto esse também encarnado por Madre Teresa de
Calcutá, citando-a: “É uma gota de água no mar, mas, depois dessa gota, o mar
já não será o mesmo”.
Pensemos, agradecidos, no pastor
que está à frente da Igreja, exímio místico e talhado para as coisas mais
elevadas, indicando-nos o sentido da mística cristã: “O cristão do futuro, ou
será um místico ou não será nada” (Karl Rahner), compreendido como o apego à oração, à meditação e à
contemplação do mistério da cruz, configurado com o bom pastor, que, em seu
sofrimento, vemos personificado nos refugiados. Assim seja!
*Pároco de
Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a
Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com
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