Agência Ecclesia 22 de Abril de 2016, às 11:51
Acordo de Paris é assinado hoje e deve entrar em vigor em 2020
Lisboa, 22 abr 2016 (Ecclesia) – O professor universitário Pedro Aguiar Pinto afirmou que o Dia da Terra é um convite à redução pessoal da “pegada ecológica” e disse que o Papa Francisco aborda o tema de forma “inovadora” na encíclica ‘Laudato Si’
Em declarações à Agência ECCLESIA, o professor do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa o primeiro Dia da Terra que se assinala após a publicação da encíclica do Papa Francisco dedicada ao ambiente tem de ter o parecer do Papa, mesmo que seja do âmbito da “prova científica”
“Muita coisa que existe na encíclica, que é referido, não sendo afirmado taxativamente, está em discussão. Não levou a prova científica até ao fim, muitas coisas estão a nível da hipótese, nalgumas o Papa é um mais cauteloso, noutras vai mais à frente, é mais uma palavra que não deve interferir com o debate científico, tem o seu método próprio”, comenta o investigador.
O professor universitário considera que o Papa entrou “numa área que é um bocadinho arriscada”, mesmo fazendo referências a artigos científicos, painéis de cientistas, e considera que Francisco “gosta de pisar terrenos ainda não pisados” mas que já foram referência de outros Papas e está “condensado” na ‘Laudato Sí’.
“Não em documentos que tem o peso da uma encíclica mas Bento XVI, João Paulo II, Paulo VI e mesmo o Papa João XIII começaram a falar destes problemas, em pequenas cartas, em mensagens todos os anos no discurso à FAO (Organização das Nações para a Alimentação e a Agricultura), no Dia Mundial da Alimentação” em dias apropriados”, exemplificou.
O Dia Mundial da Terra foi criado pelo senador norte-americano Gaylord Nelson com o objetivo de criar uma consciência comum os problemas ambientais, em 1970.
Para Pedro Aguiar Pinto, investigador na área da agricultura, celebrar este dia sugere que cada pessoa reduza a sua pegada ecológica, ou seja, cada um “olhe para o seu dia e perceba o lixo que faz, o desperdício que provoca, o mau uso das coisas que recebe e deve estar grato”.
“É sobretudo mudança pessoal”, acrescenta, referindo que está em causa “uma atitude perante a vida” que o Papa refere no seu documento dedicado à “ecologia integral”.
Segundo o entrevistado, o Papa fala em palavras que “perderam o seu significado”, como, por exemplo, numa vida austera que “passou a ter um significado negativo”, tem um significado de “vida regrada”, onde o desperdício não tem presença.
“De facto, olhando para esta preocupação, o problema mais grave é a nossa sociedade de consumo que desperdiça tremendamente a todos os níveis”, alerta, considerando que o dia da Terra não pode ser apenas uma vez por ano, “há um caminho muito longo a percorrer”.
Também no âmbito do Dia Mundial da Terra, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), realiza-se hoje a cerimónia da assinatura do acordo obtido na COP21, a 12 de dezembro de 2015, após as negociações entre 195 países e União Europeia.
O ministro do Ambiente português está em Nova Iorque para assinar o Acordo de Paris contra as alterações climáticas com representantes de cerca de 160 países e o objetivo é que o acordo entre em vigor em 2020; Este concretiza-se apenas quando 55 Estados responsáveis por, pelo menos, 55% das emissões de gases com efeito de estufa o ratificarem.
A assinatura decorre até final de Abril de 2017, seguindo-se a ratificação nacional, consoante as regras de cada país.
PR/CB
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