Reflexão de Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo Metropolitano de Belém do Pará
A belíssima tradição que consagra a Nossa Senhora o mês de maio ilumina a devoção popular e põe em nosso coração e em nossa boca a oração:
“Ave, Maria, cheia de graça!” Alegra-te, cheia de graça! (Cf. Lc 1, 28). A alegria desceu do Céu e entrou em tua casa, tu que és causa de nossa alegria! Nós te saudamos, Virgem Maria, porque és o vaso precioso escolhido por Deus, para que a graça manifestasse toda a sua força, quando o Filho Eterno do Pai se encarnou em teu seio puríssimo. Obrigado porque teu exemplo provoca em nós o abandono de todo o rastro deixado pelo pecado em nossas intenções e desejos. Cheia de graça, intercede junto de Deus por nós, para que exista em nosso coração o horror ao pecado e à maldade. Faze-nos apaixonados pelo bem e pela virtude!
“O Senhor está contigo!” (Cf. Lc 1, 28). Ressoe em teu coração, para que digas “e com teu espírito”, a saudação do Anjo. A força de Deus, Gabriel, manifestou-se a ti, no silêncio potente da Casa de Nazaré. De fato, Deus não é rumoroso, age na serenidade e na calma. De fato, “na serenidade está a salvação, na calma e na confiança, está a nossa força” (Cf. Is 30, 15). No meio do reboliço de nossa vida tão agitada, queremos estar contigo. Acolhe-nos, Mãe querida, em teu regaço de amor, que recebe a Palavra Eterna do Pai, que quer fazer-se carne em teu ventre, para a salvação do mundo.
“Bendita és tu entre as mulheres!” (Cf. Lc 1, 42). Nosso mundo clama por mulheres benditas! Benditas na escolha que Deus fez delas, para serem sinal da ternura, tão esquecida em nosso tempo. Bendita, Maria, porque trazes em ti e contigo todas as grandes figuras do Antigo Testamento e estás na frente de uma imensa multidão, mulheres santas, mártires, viúvas, virgens, mulheres preservadas da maldade e outras muitas convertidas admiravelmente. Bendita és tu por seres feminina sem ser partidária de qualquer grupo ideológico! Tu és simplesmente Maria! Maria bendita, bem-aventurada, feliz! Com todas as gerações de cristãos, também nós te proclamamos bendita!
“Bendito é o fruto do teu ventre!” (Cf. Lc 1, 43). Tu que és mãe abençoada nos conduzes ao teu Filho Jesus. Bendita a maternidade do corpo e a maternidade espiritual, com a qual te enriqueceste e nos envolves a todos, para experimentarmos a alegria de sermos também teus filhos, como teu Filho Amado assim desejou, do alto do trono da Cruz. Tu nos recebeste com amor: “Mulher, eis o teu filho!” Depois…: “Eis a tua mãe!” (Cf. Jo 19, 27). A partir daquela hora, todos os discípulos de teu Filho te acolhemos naquilo que é nosso, e nos alegramos porque disseste corajosamente teu segundo sim, aos pés da Cruz, quando as dores do Crucificado partejaram a Igreja, da qual te fizeste mãe e mestra. Desde a Anunciação, tu nos fazes encontrar Jesus. Por isso este nome bendito se torna a palavra mais forte que pronunciamos, levados pelo Anjo e por Isabel, a dizer “Jesus”, pois fora dele não há salvação!
“Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar?” (Lc 1, 43). Infinito abismo e infinita proximidade! O Filho eterno chegou à casa de Isabel e Zacarias. na mais bela de todas as procissões, iniciada em Nazaré para chegar às alturas das montanhas de Judá! Queremos estar perto de ti e te agradecemos! Mais do Isabel, sabemos ser indignos de receber a Mãe do nosso Senhor e aquele que ela traz em seu ventre. No entanto, sabemos ser altamente consolador estar aqui em tua presença, ó Mãe do Senhor
“Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores”! Fazemos pública a nossa confissão, Mãe admirável e amável. A ti suspiramos, gemendo e chorando, pois muitas vezes são mesmo de lágrimas os vales da vida que percorremos. Queremos trazer ao teu colo de amor todas as necessidades de nosso tempo. Cuida das mães, seja qual for a situação em que se encontrem, Pede ao Senhor por elas, para que se alegrem na geração e da educação de seus filhos. Confia-lhes, Mãe da Igreja, muitas responsabilidades na Igreja doméstica que é o lar. Que por tua intercessão e oração fervorosa, elas sejam mulheres alegres e não abatidas, mães felizes com os filhos, “quais rebentos de oliveira” (Cf. Sl 127)
“Agora e na hora de nossa morte”. Maria, Mãe de Deus, a oração da Igreja, que ecoa as palavras da Escritura tomadas na primeira parte da oração, falam de tua missão. Sabemos que estarás sempre perto, que não te escandalizas por sermos pecadores. Antes, sabemos que tuas mãos de Mãe da Misericórdia nos acompanham hoje e nos conduzirão, temos certeza, à casa do Pai. Não precisamos de mais nada, pois isso nos basta para percorrermos juntos as casas de nossos irmãos e irmãs, tantas vezes machucados na alma pelas enfermidades e fraquezas! Conduze-nos todos a teu Filho Jesus!
E vai à Sagrada Família, Jesus, Maria e José, a súplica a ser rezada em família neste domingo dedicado às mães: “Jesus, Maria e José, em vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor, confiantes, a Vós nos consagramos. Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém”. (Papa Francisco, Exortação Apostólica Amoris Laetitia).
Zenit
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