segunda-feira, 16 de maio de 2016

Crismar é alcunhar, mudar o nome

TEXTO DE ENCERRAMENTO – CRISMA 2015/2016
Prof. Victor Calabria*
No dia 07 de março de 2015, iniciava-se, em nossa Paróquia de Santo Afonso, mais uma turma de Crisma. Neste espaço, recepcionamos jovens que forçados ou por vontade própria, com convicções ou, parcialmente, sem elas decidiram fazerem-se presentes e, quem sabe, dar início a um processo formativo que contribuiria não apenas para a sua vida enquanto cristãos, mas para sua formação e desenvolvimento humano. Por outro lado, catequistas, também jovens, estudantes, trabalhadores, compromissados, atarefados, doavam suas tardes de sábado, e outras mais que conviessem, para esse serviço tão caro, fulcral para nossa Igreja: a Catequese.
 A partir de suas origens, o verbo “crismar” significa – receber pelas mãos do Bispo o óleo do Santo Crisma, é confirmar o seu batismo – por extensão: crismar é alcunhar, mudar o nome. Nesse sentido, a celebração da qual ora participamos conferiu a mais de 80 jovens o sinal do Espírito Santo, o dom de Deus, pois é o próprio Jesus quem diz: “Tu és meu, e não te deixo nunca!”. Conforme nos aponta o Catecismo da Igreja Católica, juntamente ao Batismo e à Eucaristia, o sacramento da Confirmação constitui o conjunto dos “Sacramentos da Iniciação Cristã”, com efeito, recebê-lo na idade em que o fazem é necessário para a consumação da graça batismal. Foram vocês, jovens, que hoje disseram SIM a Jesus, disseram sim à Igreja e, consequentemente, vocês estão mais vinculados a esta instituição e, conforme o Catecismo, são enriquecidos pela força especial do Espírito Santo, dessarte, mais obrigados à fé. Obrigados, em tom não pejorativo, a serem testemunhas do Cristo Ressuscitado, não apenas por meio de palavras, mas através de obras. Lembremo-nos de Francisco: “Evangelize, se necessário, use as palavras!”
Passamos por um processo que correspondeu a quase um ano e meio de formação, dois Encontrões, dois Retiros, muitos sábados de espiritualidade, muitas amizades, brincadeiras, chateações, queixas, dúvidas, dentre outras. Então, assim como o fez Fernando Pessoa, colocamo-nos no seguinte questionamento: “Valeu à pena?” E antes que pudéssemos arriscar qualquer resposta, olhamos ao nosso redor, arrepiamo-nos, sentimos a presença do Espírito de Deus aqui no meio de nós, e essa Igreja lotada responde o que nem mesmo as palavras podem expressar. É realmente difícil buscar a concretização das coisas em uma sociedade de relações líquidas, conforme assevera o magnífico sociólogo Zygmunt Bauman. Voltar à atenção para Deus em um mundo caótico, frenético como esse em que vivemos é um exercício de pura anulação de si e aceitação do outro – um exercício de alteridade. No entanto, agarrados em Cristo, tornamo-nos mais fortes, bem como fortes se tornam nossas relações, caracterizadas não pela liquidez, mas pela concreta estrutura erigida pelo próprio Cristo Jesus.
Nesta turma de Crisma, em especial, as salas não receberam uma mera numeração, mas foram alcunhadas com o nome de um Santo de nossa Igreja. Tais personagens não existem com o fito de usurpar a santidade de Cristo, mas para apontarem-No como finalidade maior de nossa vivência terrena, em busca da Vida Eterna! Foram sete as salas, assim como o foram os santos. Que o testemunho de cada um deles possa ser fértil e duradouro em nossos corações, que eles possam ter apontado Jesus como caminho, verdade e vida, e que possamos nos esvaziar de nós mesmos para que o Cristo esteja forte em nós. E, por falar nesses santos, enriqueçamo-nos de cada um neste momento de Ação de Graças.
Que São Miguel Arcanjo possa nos defender no combate, sobretudo das tribulações diárias que insistem em nos derrubar.
Que, como apregoou São Francisco de Assis, sejamos instrumentos de paz nesse mundo marcado pela discórdia, pela inveja, pela barbárie e pela ganância.
Que, como São Domingos Sávio, aprendamos a reconhecer a importância de Deus em nossa vida e, como ele, vivamos os sacramentos de forma autêntica, serena e feliz.
Que como São Felipe Neri, tenhamos uma experiência magistral, extraordinária de Deus em nossas vidas e que, como ele, possamos fazer nosso coração palpitar a ponto de ser escutado pelos que nos rodeiam, ao falarmos de nossa experiência de Deus. Façamos de nosso sacramento, hoje, algo significativo e não meramente ritualístico.
Como Santa Terezinha, não esperemos na terra qualquer retribuição, façamos tudo por Deus, pela nossa fé, pelo que acreditamos e que hoje confirmamos. Assevera ainda: Tudo é graça.
Que assim como fez São Pedro, possamos assumir, a cada dia, que Jesus Cristo é o Senhor! Além disso, seguir, como ele, a missão que nos foi imputada a partir da Confirmação: Anunciar o Evangelho a toda criatura! Ser exemplos de homens e mulheres comprometidos com o Reino de Deus.
Por fim, a Igreja precisa de Santos! Que os sejamos então, sem perder a nossa identidade jovem. Façamos como o disse São João Paulo II, “Santos que bebam Coca-Cola e comam Hot-dog, que usem jeans, que sejam internautas...” Mas, além disso, santos que se preocupam com os pobres e com as necessárias mudanças sociais.
Com isso, atentemo-nos: são sete os sacramentos de nossa Igreja; sete são os Dons do Espírito Santo; sete foi o dia em que iniciamos nossa Crisma 2015/2016; sete são as salas que a compuseram e como o numeral sete representa, nos textos bíblicos, a perfeição, eis a nossa meta!
Queridos jovens Crismados, lembremo-nos de Paulo e reconheçamos: “quando somos fracos, aí é que somos fortes, pois é na fraqueza que Cristo se manifesta em nós!”
Deus nos abençoe e: “Ai de nós se não pregarmos o Evangelho! A Igreja te chama: VEM!

*Catequista da pastoral da Crisma da Paróquia Santo Afonso
Licenciado em Letras c/ hab. em Português e em Italiano (Reg. N° 108889 - UFC)
Mestrando em Linguística (PPGL/UFC)
Grupo de Estudos e Pesquisas em Linguística Aplicada - GEPLA/UFC

Nenhum comentário:

Postar um comentário