Notícia alvissareira: a Canonização de Charles de Foucauld |
Padre Geovane Saraiva*
A humanidade vive novos tempos
envolvida em desconcertantes crises. Como filhos da Igreja, repletos de
confiança, somos convidados a reavivar o dom da fé e a reaprender com Jesus de Nazaré,
numa postura lúcida e responsável identificada com o seu Evangelho, a seguir os
passos do nosso Mestre e Senhor, no sonho de dias melhores. Não temos dúvida
das carências e necessidades do mundo, que a todo custo precisa sempre mais se
convencer da urgência de bons e generosos passos, no sentido de não só ser
ouvido, mas atendido em seus clamores.
Devemos aprender a pedir o que
mais nos convém, o essencial à nossa vida de cristãos, a partir do nosso Deus,
na sua terna misericórdia e constante acolhida. Todo o nosso viver, bem
associado a Jesus, seria gritar, com toda a força, o Evangelho com a própria
vida, unido ao sonho de Deus-Pai, na busca da imitação de seu filho: “Quem ama
quer imitar; é o segredo de minha vida. Apaixonei-me por esse Jesus de Nazaré
crucificado, e passo a vida tentando imitá-lo” (Charles de Foucauld –
1858-1916). Que as palavras do Papa Francisco, perante milhares de pessoas
reunidas na Praça de São Pedro (23/07/2016), para a recitação da Oração do
Ângelus, ajude-nos no íntimo diálogo, ao dizer que devemos insistir com Deus,
não para convencê-lo, mas para fortalecer a nossa fé, nossa capacidade de lutar
com Deus pelas coisas realmente importantes.
Nós, da Fraternidade Sacerdotal
Jesus+Caritas do Nordeste, de 25 a 27 de julho, estamos reunidos em João
Pessoa-PB, dentro do contexto do centenário do martírio do bem-aventurado
Charles de Foucauld, em 1º de dezembro de 1916, que, segundo a espiritualidade
do Irmão Universal, nossa súplica seja de uma confiança envolvente e inabalável
no caminho da entrega e despojamento: “Dai-me, meu Deus, o que vos resta.
Aquilo que ninguém vos pede. Não vos peço repouso nem tranquilidade, nem da
alma nem do corpo. (...) Dai-me, Senhor, a certeza de que essa será a minha
parte para sempre”.
Como é imprescindível para o
nosso mundo o legado deixado por Charles de Foucauld, que nasceu na França. No
dia 30 de outubro de 1886, submeteu-se à vontade de Deus: em Paris, encontrando
o Padre Huvelin, vigário da Igreja de Santo Agostinho, em uma conversa com ele,
confidenciou-lhe: “Padre, não tenho fé, peço-te que me instrua”. O padre foi
ríspido: “Te ajoelha e confesse teus pecados! Então, crerá!”. Obediente,
experimentou uma alegria indizível, a alegria do filho pródigo.
Que o centenário de seu martírio
seja consequente e sensibilize nosso mundo, no sentido de se abraçar o grande
sonho do Papa Francisco, o de um mundo solidário, de filhos de Deus e irmãos uns
dos outros. Guardemos, no mais íntimo do íntimo, a célebre expressão de
Charles de Foucauld: “Tão logo que acreditei existir um Deus, compreendi que só
podia fazer uma única coisa: viver só para Ele”.
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da
Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras
de Fortaleza - geovanesaraiva@gmail.com
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